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A economia brasileira em 2026

À medida que 2026 se aproxima, o Brasil se prepara para um ano economicamente mais complexo. A taxa básica de juros (Selic) permanece elevada, e embora exista expectativa de redução, esse processo deve ocorrer de forma lenta e cautelosa. O Banco Central (BC) tende a evitar cortes acelerados para impedir uma nova rodada inflacionária. Na prática, mesmo com ajustes graduais, o custo do crédito seguirá alto, restringindo consumo e investimentos. E enquanto empresas estão adiando planos de expansão, famílias postergam decisões de maior valor. O resultado provável é um crescimento econômico mais contido.

Os sinais de desaceleração já são visíveis nos últimos meses deste ano. Após uma recuperação rápida no pós-pandemia — estimulada por gastos fiscais elevados —, a economia começa a pagar o preço desse impulso. O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer menos, ao passo que o mercado de trabalho, tradicionalmente mais lento para reagir, tende a sentir o impacto com atraso, resultando em menos vagas formais e uma renda que perde poder frente ao avanço dos preços.

No campo fiscal, as preocupações persistem. O espaço orçamentário está cada vez mais restrito. A proposta de orçamento para 2026 (LOA) revela que as contas públicas continuam pressionadas: despesas obrigatórias, como Previdência, Saúde e Educação, avançam de forma consistente, enquanto a arrecadação não acompanha o mesmo ritmo. Isso limita a capacidade de o governo incentivar a atividade por meio de gasto público. Caso tente forçar esse caminho, a reação do mercado pode ser rápida, com altas do dólar, dos juros futuros e das expectativas de inflação.

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Além disso, a credibilidade fiscal segue fragilizada. Sem reformas capazes de conter o crescimento das despesas e diante da dificuldade de ampliar receitas de forma sustentável, o risco permanece no radar de investidores. Qualquer sinal de descontrole tende a aumentar a volatilidade, afetando câmbio e preços internos. Em suma, o governo terá pouquíssimo espaço para erros.

No entanto, o cenário externo pode trazer algum fôlego. Com os juros nas economias avançadas ainda elevados e os brasileiros iniciando um ciclo de queda, o diferencial tende a atrair capital estrangeiro. Isso pode fortalecer o real, contribuindo para a desaceleração da inflação. Um câmbio mais apreciado barateia importados e reduz pressões sobre os preços domésticos, oferecendo um alívio, ainda que temporário, para consumidores e para o BC. 

Esse alívio, porém, é insuficiente para compensar todos os riscos. O comércio internacional segue enfraquecido, e os preços de commodities como soja, minério de ferro e petróleo podem recuar. Como esses produtos sustentam parte relevante das exportações brasileiras, uma eventual queda afeta diretamente a entrada de dólares no País. Além disso, a balança comercial, que tem funcionado como amortecedor macroeconômico, pode perder força. Com menos divisas entrando, a vulnerabilidade cambial aumenta, principalmente se o quadro fiscal doméstico não evoluir positivamente.

Frente a juros altos, baixo dinamismo econômico, contas públicas pressionadas e um ambiente externo incerto, é possível que o Brasil chegue às eleições em situação mais sensível do que a atual. Esse contexto deve influenciar o debate político, incentivando promessas de crescimento rápido num ambiente com pouco espaço para medidas impopulares, como reformas ou contenção de gastos. A tentação de políticas populistas pode crescer, mas a sua viabilidade será limitada.

Assim, 2026 tende a ser um ano de transição delicada. O País terá de equilibrar responsabilidade fiscal e estímulo à atividade em um quadro cheio de restrições. Manter a estabilidade exigirá coordenação fina entre governo e BC para evitar que desequilíbrios conjunturais se transformem em crises mais profundas.



Fonte Oficial: https://www.contabeis.com.br/artigos/74235/a-economia-brasileira-em-2026/

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