A presença da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), consolidou o papel da instituição como protagonista da transformação produtiva sustentável no país. Em um momento histórico, marcado pela primeira edição da COP sediada na Amazônia, a ABDI levou ao maior palco climático do mundo uma programação robusta, técnica e estratégica, articulando inovação, política industrial, tecnologias emergentes e compromissos de descarbonização para o desenvolvimento nacional.
Com um pavilhão instalado na Green Zone, a Agência ofereceu 12 dias de intensa programação, com 42 debates, painéis temáticos, encontros bilaterais, demonstrações tecnológicas, lançamentos e assinaturas de acordos de cooperação. O espaço se tornou ponto de encontro para governos, empresas, especialistas, startups, cooperativas, organizações internacionais e representantes de países interessados nas soluções brasileiras de economia circular, bioeconomia, conectividade e eficiência energética.
O conjunto das ações destacou a ABDI como uma das instituições brasileiras que mais apresentaram projetos, tecnologias e instrumentos capazes de apoiar a transição ecológica global a partir da indústria. O pavilhão também reforçou o alinhamento da Agência com a nova política industrial, o Plano de Transição Ecológica e a estratégia nacional de desenvolvimento sustentável.
Conectividade para Desenvolvimento
No dia de abertura do pavilhão, a ABDI, em parceria com a Telebras, inaugurou a primeira demonstração pública no país de conexão via satélite de média órbita (MEO), com internet de alta velocidade disponibilizada gratuitamente ao público da Green Zone.
A operação da tecnologia MEO demonstrada no espaço da ABDI – a primeira a ser realizada no Brasil – é fruto da cooperação entre a Telebras e a empresa luxemburguesa SES. O sistema de conexão satelital de média órbita apresenta performance superior e benefícios ambientais relevantes, como menor necessidade de lançamentos espaciais, redução das emissões e do risco de lixo orbital, além de maior vida útil dos satélites.
A operação foi comemorada por Cappelli por se somar a serviços já oferecidos na região Norte. “É importante termos alternativas de conectividade segura”, disse, dirigindo-se ao ministro das Comunicações, Frederico Filho, também presente à cerimônia. “Quanto mais alternativas, melhor, para que o Brasil não fique dependente de empresa A, B, C ou D.”
O presidente da Telebras, André Leandro Magalhães, destacou na inauguração do pavilhão as vantagens da tecnologia, que também exige menor consumo de combustível e recursos. “Ela tem uma capacidade mais ampla – de até 1,5 GB – e uma baixíssima latência, o que permite que serviços públicos cheguem ao cidadão brasileiro, possibilitando inclusão social por meio da inclusão digital”, explicou, antes de citar, como exemplos, telemedicina, teleserviços e previdência.
“É uma oportunidade de fazer um Brasil melhor, com sustentabilidade, que também essa tecnologia permite. Menos satélites, menos lançamentos, menos sujeira espacial e um mundo mais sustentável.”
Ao longo da COP30, o Pavilhão ABDI disponibilizou o acesso aberto à internet via satélite fornecido pelo sistema, ação que reafirmou o compromisso da Agência em apoiar conectividade sustentável e inclusão digital em regiões remotas.
Rastreabilidade da cadeia de reciclagem
A economia circular foi um dos eixos centrais da presença da ABDI na COP30. A Agência levou ao pavilhão o Recircula Brasil, uma plataforma desenvolvida em parceria com a Abiplast que revolucionou a forma como o país registra, certifica e rastreia materiais recicláveis.
A ferramenta utiliza dados da nota fiscal eletrônica para acompanhar todo o ciclo de vida do plástico, do descarte à reinserção na cadeia produtiva, garantindo rastreabilidade, transparência e confiabilidade. Trata-se de um avanço fundamental para atender às novas exigências ambientais, regulatórias e de mercado.
Um dos destaques da agenda foi a ampliação do Recircula Brasil, anunciada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e pelo presidente da ABDI, Ricardo Cappelli. Além da adesão da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) à plataforma por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) assinado com a ABDI, o Recircula Brasil passará a contemplar outras cadeias industriais, como vidro, papel e têxtil.
A medida fortalece a logística reversa e a economia circular no Brasil com impactos positivos não apenas no meio ambiente, mas também na economia e no comércio internacional. Benefícios que, segundo Alckmin, se aplicam igualmente à redução do consumo de energia pela indústria, como exemplificou na cadeia do alumínio.
“No caso do alumínio, pode ser reciclada em infinitas vezes. Ela não perde o material do produto. Você pode fazer essa reciclagem n vezes, gerando emprego em toda a cadeia, economizando energia, tornando o produto mais barato e ajudando o meio ambiente, com menor emissão”, acrescentou o vice-presidente e ministro, na COP 30.
Para Cappelli, a ampliação do Recircula Brasil para o alumínio e outros segmentos consolida a plataforma, que já permitiu o rastreamento e a certificação de cerca de 50 mil toneladas de plástico reciclado com base em notas fiscais eletrônicas. “Esse é um momento muito importante porque a gente dá mais um passo na consolidação de uma plataforma que é referência, hoje, nacional.”
A ABDI também discutiu, na conferência, os impactos sociais da reciclagem com foco em catadores, cooperativas, inclusão produtiva e tecnologia para aumento de renda. O tema apareceu em múltiplos painéis do pavilhão, destacando como rastreabilidade, precificação justa e transparência podem transformar a realidade de quem vive da reciclagem.
Mapeamento de resíduos têxteis
A aproximação com a indústria têxtil também marcou a agenda da Agência, em Belém. A ABDI assinou um ACT com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) para desenvolver o primeiro grande mapeamento nacional dos resíduos têxteis – industriais e pós-consumo – e avançar na logística reversa do setor.
O setor têxtil é um dos maiores geradores de resíduos sólidos urbanos com grande potencial de reutilização e reciclagem.
O ACT prevê:
- levantamento de volumes, tipos e localização dos resíduos têxteis no país;
- análise de rotas de coleta, triagem e reinserção;
- recomendações para políticas públicas;
- proposição de modelos de logística reversa para moda circular,
- aproximação entre indústria, startups, ONGs e catadores.
A iniciativa foi anunciada em dois momentos da COP30, confirmando a prioridade dada ao tema e a centralidade da economia circular na política industrial brasileira.
Bioindústria e inovação
A ABDI levou igualmente para a COP30 uma visão de bioeconomia que integra biodiversidade, inovação tecnológica, agregação de valor, industrialização descentralizada e desenvolvimento regional.
Outro importante anúncio foi a assinatura do ACT entre a Agência e a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) para promover a bioindústria e a inovação sustentável.
O acordo fortalece:
- rotas tecnológicas baseadas em recursos renováveis;
- cadeias produtivas da sociobiodiversidade;
- pesquisa e desenvolvimento para bioinsumos, biomateriais e bioprodutos;
- financiamento verde e instrumentos financeiros para bioeconomia;
- expansão da bioindústria amazônica e nordestina.
Dia da Eficiência Energética
Com uma programação que reuniu Governo Federal, empresas, indústrias, especialistas internacionais e instituições de pesquisa, a ABDI fez história ao organizar o Dia Temático de Eficiência Energética, o primeiro a ser promovido dentro de uma COP.
A cerimônia trouxe uma ampla articulação institucional conduzida pela analista de Produtividade e Inovação da Agência, Márcia Oleskovicz. As autoridades presentes destacaram a necessidade de alinhar inovação, inclusão e competitividade com as pessoas no centro das políticas de sustentabilidade.
“As discussões na COP30 precisam perpassar a questão da eficiência energética. A transição energética não vai acontecer se a gente ignorar a questão da eficiência energética. Nós temos mais de 90% da nossa matriz elétrica limpa, mas ela tem custo. Ela tem um custo financeiro, social e ambiental”, alertou Marcia.
Eficiência energética é, de forma geral, a utilização racional e eficaz da energia com o objetivo de atender às necessidades humanas sem afetar o meio ambiente. Isso compreende medidas em prol da redução do consumo de energia, melhorias da eficiência de equipamentos e processos e o aumento do uso de fontes de energia renováveis em favor da sustentabilidade e da redução de custos.
A Agência enfatizou que eficiência energética é o ponto zero da descarbonização, etapa essencial para reduzir consumo, emissões, custos e desigualdades.
Os debates trataram dos seguintes temas:
- modernização industrial e equipamentos eficientes;
- digitalização do consumo e automação;
- refrigeração e climatização com menor impacto ambiental;
- normas, padrões e incentivos para eficiência;
- benefícios econômicos e sociais da energia eficiente;
- instrumentos financeiros e políticas públicas.
As discussões mostraram que reduzir desperdícios e aumentar eficiência é uma das formas mais rápidas e baratas de cortar emissões, melhorar produtividade e gerar emprego. A ABDI reforçou o papel da inovação tecnológica e da política industrial nesse processo.
Acordos Estratégicos Assinados
Durante os dias de evento, a ABDI formalizou parcerias essenciais para ampliar a escala da transição produtiva sustentável no Brasil. Entre elas:
ACT com a Abal (alumínio): para expandir o Recircula Brasil à cadeia do alumínio e estruturar a rastreabilidade de resíduos metálicos.
ACT com a Abit (têxtil): para mapear resíduos, estruturar logística reversa e impulsionar a moda circular no país.
ACT com a ABDE (bioindústria): para desenvolver instrumentos financeiros e rotas tecnológicas que fortaleçam a bioeconomia brasileira.
Além desses acordos, foram promovidos encontros bilaterais com delegações internacionais, investidores, organismos multilaterais e representantes de governos estaduais, ampliando o diálogo global sobre economia circular, bioeconomia e inovação industrial.
Uma nova indústria
A participação da ABDI na COP30 consolidou o papel da Agência como protagonista da transição ecológica brasileira. A combinação de circularidade, bioeconomia, eficiência energética, conectividade e industrialização sustentável forma um conjunto de ações integradas que aponta para o futuro da economia nacional.
Com sua presença ativa em lançamentos, debates, parcerias e demonstrações tecnológicas, a ABDI mostrou que:
- o Brasil possui capacidade industrial e tecnológica para liderar a transição verde;
- inovação e política industrial são peças centrais do combate à crise climática;
- desenvolvimento sustentável é caminho para inclusão social e geração de renda;
- a transformação ecológica não é obstáculo, mas oportunidade econômica.
A COP30 revelou ao mundo um Brasil que pensa a indústria como vetor de sustentabilidade, competitividade e justiça social e a ABDI desempenha papel decisivo para que essa visão se traduza em ações concretas, projetos reais e resultados mensuráveis.
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-na-cop30-industria-inovacao-e-o-brasil-rumo-a-economia-circular-e-bioindustrial/