A indústria de transformação brasileira não repetirá, este ano, os bons resultados de 2024 e permanecerá longe do seu melhor momento, registrado em 2012. A projeção integra a edição de dezembro do Boletim Índice ABDI de Sustentabilidade da Expansão Industrial (ISEI), publicação trimestral produzida pela Unidade de Monitoramento e Avaliação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Segundo o estudo, a indústria de transformação mostrou sinais de estresse já no final de 2024, um desempenho que se repetiu em 2025 e que se tornou especialmente preocupante a partir de março, quando, por questões sazonais, o setor fabril costuma alcançar seu melhor desempenho por meio do crescimento de sua produção até outubro, fato que não ocorreu.
Os números da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF/IBGE) para a série sem ajuste sazonal indicam que o pico de produção em 2025 foi alcançado em julho e se manteve estável desde então. A série com ajuste sazonal, por sua vez, registrou uma desaceleração da atividade desde abril. “Ou seja, muito cedo, no ano, a produção industrial brasileira parou de crescer”, aponta o boletim.
Ao lado da reconfiguração da distribuição internacional do trabalho, cujo maior expoente é a China, a desaceleração da indústria de transformação em 2025 teve entre suas principais causas um fator também conhecido por outros segmentos industriais: a elevada taxa básica de juros, de 15% ao ano, índice que gerou uma taxa de juros real acima de 10% ao ano e consumiu, apenas em 2024, 31,9% de toda receita do Governo Central.
Demanda e emprego
Enquanto os juros inviabilizam um grande volume dos investimentos privados e públicos necessários ao país, a demanda, por outro lado, se apresenta em 2025 como o indicador mais positivo para a expansão industrial, ainda que com sinais de enfraquecimento.
O boletim chama a atenção para um dado ainda mais diferenciado: a mesma indústria de transformação gerou 288,9 mil postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2025. O número representa um novo recorde histórico de estoque de emprego na atividade: 8,4 milhões de trabalhadores.
“Isso pode significar que setores intensivos em mão de obra estão crescendo mais rápido do que setores intensivos em capital, com consequências sobre a produtividade da economia”, prossegue o estudo.
Entre os subíndices do estudo, que também incluem o Índice de Crescimento Esperado da Demanda (ICED) e o Índice de Qualidade do Crescimento Industrial (IQCI), o pior resultado ficou, a exemplo de levantamento anterior, com o Índice de Comércio Exterior (ICE). O baixo desempenho decorre de variáveis que não estão sob controle dos agentes privados ou do governo brasileiro e que também refletem um mundo que se transforma e se redesenha, não apenas na tecnologia, mas também na divisão internacional do trabalho.
“Por tudo isso, os subíndices do ISEI sinalizam, hoje, que os estímulos à expansão da produção industrial nacional fluem somente a partir do consumo das famílias, dos estímulos creditícios dos bancos públicos e da política fiscal do governo. Pelo lado do capital, diferentemente, as finanças ganham espaço cada vez maiores à produção. Internacionalmente, por fim, o mundo se transforma rápido, gerando projeções instáveis para o futuro.” Para conhecer a íntegra do Boletim ISEI, clique aqui.
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/boletim-isei-industria-de-transformacao-patina-no-segundo-semestre/