in

ABDI e UnB desenvolvem kit de bolso para identificar metanol em bebidas alcoólicas

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um dispositivo capaz de identificar, de forma rápida e de baixo custo, a presença de metanol em bebidas alcoólicas. Inédito no Brasil, o teste é o único que consegue detectar a substância também em bebidas açucaradas e coloridas, ampliando as possibilidades de fiscalização e de proteção ao consumidor.

Além do dispositivo, o acordo inclui estudos de formulação e otimização de reagentes, ensaios comparativos, produção de lote piloto, elaboração de manual simplificado, depósito de patente e ações de prospecção de mercado.

Durante a cerimônia, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, destacou a importância do apoio e investimento nas pesquisas, bem como na realização de boas parcerias. “No Brasil, nós, como sociedade brasileira, precisamos juntar esforços. Com desafios da sociedade real, aqui no caso, o desafio sanitário, mas também um desafio de proteção da indústria, pois problemas como esse, relacionado ao metanol em bebidas, impactam diretamente o setor produtivo”, disse. E aí, juntando essa inteligência e essa capacidade imensa que a universidade tem de produzir conhecimento, produzir pesquisa com um setor produtivo para solucionar problemas reais, a gente gera mais desenvolvimento e mais empregos no país.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

A tecnologia, lançada nesta quinta-feira (18) em evento na UnB, foi compactada em um kit de bolso pronto para uso tanto por consumidores quanto por estabelecimentos comerciais para a testagem de bebidas sob suspeita de adulteração. O laboratório também desenvolveu kits de testes para serem usados em grande escala.

Com investimento de R$ 382 mil da ABDI, o desenvolvimento do equipamento é resultado de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a Agência, a UnB e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).

Riscos

O metanol é um álcool tóxico que pode causar intoxicação grave, cegueira e até levar à morte.

Segundo o Diretor Presidente da FINATEC, Daniel Rosa, “essa é uma resposta direta a um problema real de saúde pública de segurança do consumidor e de compliance para o setor produtivo. Para termos a dimensão, cerca de 3 ml, ou seja, meia colher de chá de metanol se consumidos, já podem causar cegueira, e apenas 5 ml podem levar a óbito. Ou seja, uma pequena quantidade pode resultar em consequências trágicas”.

“É uma grande satisfação saber que a Universidade está conseguindo levar até a sociedade esse benefício que impacta positivamente na saúde dos brasileiros e na economia do país”, acrescentou o diretor do Instituto de Química da UnB, professor Marcos Juliano Praichner.

A reitora da UnB, Rozana Naves, também celebrou a parceria cocom ABDI. “A assinatura do convênio, para nós, é uma grande oportunidade de contribuir com esse ecossistema de produção industrial. A maioria dos projetos que fazemos são realizados com recursos públicos, e essa transparência, esses mecanismos que temos desenvolvido têm assegurado muita qualidade no investimento público e muito resultado”.

Método colorimétrico

A tecnologia utiliza um método colorimétrico de alta sensibilidade que permite a identificação visual do metanol a partir da mudança de cor do reagente. De fácil manuseio e com resposta em até 3 minutos, o dispositivo foi desenvolvido para apoiar ações de fiscalização e poderá ser utilizado por produtores e consumidores, contribuindo para a prevenção de intoxicações e o aumento da segurança no consumo de bebidas alcoólicas.

O kit é composto por um tubo coletor e três frascos de reagentes, aplicados de forma sequencial. O primeiro remove a coloração da bebida, caso ela seja originalmente colorida. O segundo provoca o escurecimento do líquido, que passa a apresentar tom marrom. Na etapa final, o terceiro reagente indica o resultado do teste: se houver metanol, o líquido adquire coloração roxa; se permanecer transparente ou amarelo-claro, a bebida é considerada segura para consumo, sem detecção da substância.

As pesquisas tiveram início em 2010, com foco na detecção de metanol em etanol combustível. Com o apoio da ABDI neste ano e diante do aumento de casos de adulteração de bebidas no país, a metodologia foi adaptada para um novo formato. “O que a gente fez foi trabalhar em cima da metodologia, adaptando-a para fazer um kit de bolso que a pessoa possa analisar a sua bebida no bar, onde ela estiver”, afirma.

Segundo a pesquisadora do Laboratório de Bioprocessos Materiais e Combustíveis da UnB, Sandy Chaves, o teste rápido detecta metanol nas bebidas a partir de 0,05%, o que equivale a 4 gotas de metanol em um litro de bebida. “Quanto maior a quantidade de metanol mais escura vai ficando a coloração do teste”.

Ainda não há previsão para a comercialização do kit em larga escala. No entanto, o serviço de análise de bebidas já pode ser solicitado ao Laboratório de Bioprocessos, Materiais e Combustíveis da UnB por qualquer pessoa ou instituição interessada. Quando chegar ao mercado, a expectativa é que cada unidade do dispositivo tenha custo inferior a R$ 10.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre 26/7 e 5/12 deste ano, foram registradas 890 notificações relacionadas à intoxicação por metanol no Brasil, com 73 casos confirmados, o que reforça a relevância da iniciativa para a proteção da saúde pública.

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-e-unb-desenvolvem-kit-de-bolso-para-identificar-metanol-em-bebidas-alcoolicas/

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Haddad: governo poderá promover reformas econômicas a partir de 2027

Novas regras de isenção e tributação de dividendos