Não existe job description para ser fundador de startup. Alguns founders sabem vender sua solução e fazer networking, outros são menos sociais mas dominam a tecnologia e os processos da empresa. Por vezes, pode ser difícil saber como equilibrar ou quais qualidades desenvolver. Durante o re:Invent 2025, executivos da AWS descreveram novos perfis de fundadores que vão ajudar startups a se destacarem no cenário de investimentos.
Urgência como diferencial competitivo
Para Jason Bennett, VP e Global Head de Startups e Venture Capital da AWS, o cenário atual exige características específicas que vão além das habilidades técnicas tradicionais. “Há algumas coisas que eu acho que importam excedentemente para o sucesso de startups hoje”, afirma. “O primeiro é ter um time que é incrivelmente apaixonado e que tem urgência, que tem uma verdadeira urgência na velocidade de execução.”
Essa urgência, segundo Bennet, não está restrita a perfis ou geografias específicas. O executivo observa um movimento global de descentralização do ecossistema de inovação, onde startups surgem não apenas nos tradicionais hubs americanos, mas em cidades como Singapura, Hong Kong e Mumbai. “Você está começando a ver um caminho muito mais rápido para a construção de produtos e para realmente começar a entender o que os clientes realmente querem”, destaca.
A estratégia da AWS reflete essa realidade globalizada. “Esta é uma equipe global de startups e investidores, e sempre foi, e a razão por isso é porque nós reconhecemos que as necessidades dos nossos clientes realmente existiram de uma forma localizada”, explica Bennet. A empresa mantém presença nas principais cidades do mundo, posicionando-se próxima a aceleradores e universidades. “Nosso objetivo direto é ganhar os corações e mentes de cada startup e garantir que a AWS seja vista como seu partner de escolha, seu partner de inovação de escolha.”
Aprendizado contínuo ou obsolescência
Se a urgência é o primeiro pilar, o aprendizado contínuo tornou-se questão de sobrevivência. Alvaro Echeverria, Diretor de América Latina para a AWS Startups, é enfático sobre a velocidade das mudanças tecnológicas. “Se adaptar para mudar e aprender rapidamente é uma habilidade que será necessária no mundo da Gen AI que estamos vivendo. Não só para os fundadores, mas para todos nós”, alerta.
O executivo vai além e estabelece um prazo dramático para quem não acompanhar o ritmo: “Se nós não ficarmos rápidos com isso, em seis meses todos vamos ser analfabetos na Gen AI, e não queremos estar lá. Então isso requer que vocês estudem, nós temos que estudar, os fundadores precisam estudar, precisamos nos manter para entender o que está acontecendo no mundo hoje.”
A aceleração tecnológica mudou completamente o ciclo de inovação. “A realidade é que as coisas estão mudando mais rápido do que nós já tínhamos visto. O que levou talvez um ano para encontrar a próxima versão ou a nova coisa, cinco anos atrás, está tomando semanas”, contextualiza Echeverria. “Algo vem hoje e é o novo, é o mais rápido, é o melhor. E na próxima semana, tem outro.”
O dilema entre estabilidade e competitividade
Echeverria reconhece o desafio que essa velocidade impõe aos fundadores, mas descarta a opção de desacelerar. Segundo o executivo, o que acontece muitas vezes – e por isso os fundadores precisam continuamente pensar em o que fazer toda semana – é porque toda semana há um melhoramento da performance, há uma funcionalidade que faz algo diferente.
A escolha entre estabilidade e inovação constante carrega riscos concretos. “Se você não muda nada por um mês, você está agora um mês atrás de outro fundador que tentou continuar. E essa diferença na tecnologia, na velocidade, talvez seja a redução no custo, pode ser a diferença de quem ganha o próximo grande cliente se esse é um competidor”, alerta o executivo.
Para Echeverria, a conta é simples: “Um mês hoje é equivalente a um ano antes e você vai ser deixado atrás, seus desenvolvedores vão ser deixados atrás.” A próxima atualização, a nova funcionalidade ou o modelo mais eficiente podem representar o diferencial que convence um grande cliente ou que coloca a startup à frente da concorrência.
O novo founder: adaptável, urgente e eternamente aprendiz
O perfil que emerge dessas conversas combina paixão com pragmatismo e urgência com aprendizado contínuo. São tempos que não perdoam quem hesita ou acomoda.
O fundador ideal para esta era não é necessariamente o mais técnico ou o mais carismático, mas aquele capaz de manter-se relevante em um cenário onde a obsolescência técnica pode acontecer em semanas. É alguém que entende que a única constante é a mudança, e que transformou o aprendizado contínuo em hábito diário.
“São tempos emocionantes para o mundo da tecnologia. A mudança é enorme”, resume Echeverria. E nessa mudança enorme, o perfil vencedor é de quem consegue navegar a incerteza com velocidade, sem perder a capacidade de aprender a cada nova onda tecnológica que surge.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/6-meses-analfabeto-ia-aws-perfil-founders/