Minha paixão pela tecnologia nunca foi um segredo e eu sempre acreditei no potencial que ela tem de mudar a nossa sociedade para algo melhor do que vivemos hoje. Porém, a inovação só se transforma em impacto de verdade quando entendemos como as pessoas estão usando as ferramentas no seu dia a dia.
Outro dia estava lendo um estudo recente divulgado pela OpenAI sobre o uso do ChatGPT e notei como esses números são mais do que o sucesso da solução. Na verdade, eles oferecem um mapa bastante interessante sobre o comportamento das pessoas, assim como seus interesses, nos âmbitos pessoal e profissional.
O primeiro grande dado que salta aos olhos é a nossa posição nesse cenário. O Brasil está entre os três países que mais utilizam o ChatGPT no mundo, enviando cerca de 140 milhões de mensagens por dia.
Vale destacar que essa adoção é muito mais visível nas capitais e grandes cidades. Fora desses grandes polos, o uso ainda é inicial, e ainda existe um grande potencial de crescimento pela frente. Ainda assim, são dados que demonstram como a IA deixou de ser uma inovação longe da nossa realidade e tornou-se uma ferramenta integrada à nossa rotina. Você sabe o que as pessoas estão pedindo à Inteligência Artificial?
A análise das interações revela algo interessante sobre nosso comportamento. As pessoas estão usando a IA, majoritariamente, para três objetivos centrais:
Orientação Prática (Asking): pedidos de conselhos, auxílio na tomada de decisão e coaching sob demanda. A IA atua como uma consultora acessível.
Redação e Comunicação (Doing): assistência em tarefas de escrita, revisão e tradução, sendo um motor de produtividade, especialmente em tarefas profissionais.
Busca de Informação: usam a IA além da busca convencional, resumindo e sintetizando conhecimento complexo.
Grande parte dessas conversas, cerca de 70% em alguns estudos, está ligada a usos não laborais, ou seja, para melhorar o bem-estar pessoal e a vida cotidiana. Isso sugere que o impacto da IA vai além do aumento de produtividade e chega a aprimorar a nossa qualidade de vida, benefícios que não são tão mensuráveis assim.
A rápida adoção do ChatGPT nos trouxe para um desafio geracional que define o futuro do trabalho. O estudo mostra que o uso da plataforma no Brasil é impulsionado por jovens, já que 60% dos usuários têm até 34 anos. E, em paralelo, surgem também os “Nativos da IA”.
Essa nova geração, que usa a ferramenta para aprender e criar desde cedo, chegará ao mercado com uma fluidez em IA que os tornará incomparáveis em eficiência. O desafio, para eles, será transformar essa proficiência em prompt em pensamento crítico e visão estratégica.Em outras palavras, as habilidades humanas que a máquina ainda não alcança.
Do outro lado, as gerações mais experientes enfrentam o desafio do upskilling. Não se trata de competir com a máquina, mas de aprender a usar tudo o que ela pode oferecer, enquanto não há mais espaço para a resistência em adotar a IA, pois o mercado evolui em tempo real.
Nesse contexto, a liderança tem a responsabilidade de incentivar essa curva de aprendizado contínuo, garantindo que o conhecimento acumulado ao longo dos anos seja potencializado e não substituído pela ferramenta. Como sempre digo, e ainda acredito, a IA não vai substituir o trabalho humano, mas mudar a maneira como nos capacitamos para usá-la. A tecnologia funciona como um veículo, mas ela precisa de alguém para pilotá-la.
O ChatGPT se tornou uma ferramenta poderosa, mas não pode decidir qual é a mensagem mais empática ou qual o tom mais estratégico para a negociação. Ele pode sugerir um plano de negócios, mas não tem a intuição, a experiência de mercado ou a responsabilidade ética para validar a decisão.
O Brasil se destaca não apenas no volume de uso. Também é um dos principais países em número de desenvolvedores que utilizam a API da OpenAI. Isso demonstra nossa vocação em ir além do consumo e focar na construção.
Portanto, o verdadeiro diferencial nunca estará na máquina, mas na capacidade do ser humano de usar o julgamento, a ética e a empatia. A IA nos permite automatizar o previsível para que possamos nos dedicar ao que é complexo, estratégico e, essencialmente, humano.
O que você está fazendo para garantir que suas habilidades humanas continuem sendo o seu principal diferencial na era da IA? Conte nos comentários.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/como-pessoas-usando-ia-futuro-depois-dela/