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Na COP30, ABDI destaca papel estratégico da economia circular na transformação ecológica

Durante a COP30, em Belém (PA), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) reforçou o papel da economia circular como eixo central da transformação ecológica no Brasil. No painel “Economia Circular para Transformação Ecológica: instrumentos financeiros e regulatórios”, realizado nesta segunda-feira (10) no auditório Uruçu do Pavilhão Brasil (Zona Verde), o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli (foto, ao centro), apresentou o Recircula Brasil, plataforma desenvolvida em parceria com a ABIPLAST para rastrear o ciclo de vida do plástico e fortalecer a economia circular no país.

O debate, promovido pelo Ministério da Fazenda, reuniu representantes do governo e do setor produtivo para discutir os instrumentos financeiros, regulatórios e de governança que sustentam a transição para um modelo de desenvolvimento regenerativo e inclusivo. Entre os mecanismos destacados estiveram o Fundo Clima, os créditos verdes do BNDES e da CAIXA, o Plano de Transformação Ecológica – Novo Brasil (PTE) e a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC).

Recircula Brasil: rastreabilidade e transparência na cadeia produtiva

Durante sua participação, Cappelli apresentou o Recircula Brasil, inovação brasileira reconhecida internacionalmente como modelo de excelência no combate à poluição plástica. Desenvolvida pela ABDI e pela ABIPLAST, em parceria com a Central de Custódia — verificadora independente —, a ferramenta permite rastrear o plástico desde o descarte até sua reinserção na cadeia produtiva, com base na nota fiscal eletrônica.

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“A partir da nota fiscal eletrônica, conseguimos certificar volume, massa e origem do material que entra na indústria. A plataforma não só certifica, mas também fornece dados que permite ao ministério aperfeiçoar e inovar nas políticas públicas, já que identifica toda a cadeia do material, desde o catador e a cooperativa até a grande indústria”, explicou Cappelli.

O presidente da ABDI destacou ainda que o Recircula Brasil contribui para a segurança e a eficiência na implementação de políticas assertivas.

“É uma plataforma que certifica e dá segurança para a aplicação da política pública, especialmente quando se estabelece a obrigatoriedade de mínimos de material reciclado na indústria. Além disso, fornece muitos dados para a formulação de políticas públicas”, afirmou.

Reconhecida em documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ONU), a ferramenta está em expansão para outros setores, como vidro, alumínio e têxtil.

Inclusão e qualificação dos catadores

Cappelli também destacou a importância de qualificar os catadores, que estão na base da cadeia da reciclagem, em prol da justiça social e da sustentabilidade. Ele mencionou a atuação da ABDI com o projeto Coopera+, que apoia a industrialização da cadeia da reciclagem no Distrito Federal, com foco nas cooperativas de catadores. Desenhado para se tornar modelo replicável em outras regiões do Brasil, a iniciativa já entregou equipamentos, veículos e consultorias a cooperativas, com a meta de aumentar em até 30% a produtividade da coleta seletiva, triagem e tratamento de resíduos recicláveis da região, além de elevar em 20% a renda dos catadores, reforçando o papel essencial das cooperativas na economia circular.

Convergência de esforços

Além de Cappelli, participaram do painel Julia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); Eduardo Rocha, diretor de Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente (MMA); e Luisa Santiago, diretora-executiva para a América Latina da Fundação Ellen MacArthur. A moderação ficou a cargo de Carolina Grottera, subsecretária de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda.

A realização do painel durante a COP30, a primeira conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas sediada no Brasil, reforça o protagonismo do país na busca por soluções inovadoras e sustentáveis. A Economia Circular desponta como eixo estruturante da agenda climática global ao propor um novo paradigma de desenvolvimento baseado na regeneração dos recursos e na dissociação entre crescimento econômico e impacto ambiental.

“O Plano de Transição Ecológica e a Nova Indústria Brasil, na sua missão 5, partem do pressuposto de tornar a transição verde uma oportunidade de desenvolvimento para o país. E é um Brasil que é verde porque é inclusivo”, destacou Julia Cruz.

“A economia circular é uma nova lente para enxergar como geramos valor, emprego e renda. O Brasil tem uma abundância de recursos naturais e precisa pensar de forma não linear. A transição para a economia circular é a forma de desenvolver indústria e campo de maneira inclusiva por definição”, afirmou Luisa Santiago.

Já Eduardo Rocha, do MMA, ressaltou a importância da reciclagem como instrumento de descarbonização.

“Cada tonelada de resíduo reciclado importa. Uma tonelada reciclada evita a emissão de duas toneladas de CO₂, gera emprego, renda e reduz a poluição”, destacou.

Rocha mencionou ainda a Lei de Incentivo à Reciclagem, que entrou em vigor em 2024 e já movimentou, em seu primeiro ciclo, mais de R$ 2 bilhões em projetos, possibilitando deduções no Imposto de Renda de empresas e pessoas físicas.

“Em 2025 concluímos o primeiro ciclo da lei, que representa um importante mecanismo financeiro e tributário. A desoneração permite que tanto pessoas jurídicas quanto físicas possam deduzir do Imposto de Renda os investimentos em projetos de reciclagem. Hoje, o Ministério do Meio Ambiente conta com cerca de mil projetos cadastrados na carteira da Lei de Incentivo à Reciclagem, que já alcançou mais de R$ 2 bilhões. Muitos desses projetos têm foco em ações de descarbonização e reciclagem nas cidades”, completou.

ABDI na COP30

No pavilhão de 70m² montado na Zona Verde (Green Zone), a Agência promove discussões sobre economia circular, bioeconomia, eficiência energética e instrumentos de financiamento para a transição produtiva em 42 painéis temáticos ao longo da programação da Cúpula, de 10 a 21 de novembro. O espaço conta com infraestrutura para recepção de delegações e realização de atividades técnicas, incluindo conexão de alta velocidade via satélite de média órbita disponibilizada pela Telebras.

Além da atuação no pavilhão próprio, a ABDI integra debates no Pavilhão Brasil e na Zona Azul (Blue Zone), área onde ocorrem as negociações oficiais e a Cúpula de Líderes Mundiais, reforçando a colaboração institucional com ministérios, entidades empresariais, universidades e organizações dedicadas ao desenvolvimento sustentável.

Sobre a ABDI

A ABDI é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC)/Governo Federal e atua para fortalecer a indústria nacional, impulsionando a competitividade, inovação e sustentabilidade do setor produtivo.

A Agência formula e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Sua missão é promover a transformação digital dos negócios, por meio do estímulo à adoção e à difusão de tecnologias, a novos modelos de negócios e à política de neoindustrialização, com atenção especial à economia sustentável e à indústria verde.

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-destaca-papel-estrategico-da-economia-circular-na-transformacao-ecologica-durante-a-cop30/

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