Uma tecnologia desenvolvida pela startup gaúcha Raks e premiada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) está ajudando produtores do Distrito Federal a economizar água e energia, além de aumentar a produtividade no campo. Com sensores inteligentes instalados no solo, o sistema identifica em tempo real o momento e a quantidade exata de irrigação necessária, reduzindo em até 40% os gastos com água e energia e aumentando a produtividade no campo.
A inovação é uma das vencedoras do edital Agro 4.0, lançado pela ABDI em parceria com a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) para impulsionar a transformação digital e a sustentabilidade no agronegócio da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF). A empresa recebeu R$ 150 mil na categoria Irrigação e Gestão Hídrica, parte dos R$ 900 mil destinados às soluções premiadas.
O impacto prático da tecnologia fica evidente na propriedade do agricultor Marcos Almeida, conhecido como Marcão, em Brazlândia (DF). Em uma área de 2 mil m² de cultivo de morangos, ele conseguiu reduzir o consumo de água, fertilizantes e defensivos, como agrotóxicos e pesticidas, mantendo a qualidade da produção. “Estamos praticamente em novembro e já tenho uma nova safra de morangos saudável e com baixo uso de defensivos”, comemora. No DF, a safra de morangos normalmente vai de julho a setembro, mas a tecnologia, segundo ele, vai permitir estender a colheita até janeiro e aumentar a produção em quase 40%.
Fabiane Kuhn, cofundadora da Raks, explica que os sensores são alimentados por energia solar, permanecem fixos no solo e enviam dados sobre a umidade e as necessidades hídricas da plantação via aplicativo de celular. No caso do Marcão, apenas um sensor é suficiente para monitorar toda a área utilizada por ele. “A tomada de decisão no campo é complexa, e quando a tecnologia entra para ajudar, faz toda a diferença. No DF, temos resultados positivos em plantações. Além do morango, temos sensores em plantações de café, pastagens, grãos, banana, flores e até uvas para vinho”, afirma.
Fundada em 2015, a Raks nasceu de um trabalho de conclusão de curso e hoje atua em 11 estados brasileiros. Além do prêmio da ABDI, a tecnologia também já recebeu reconhecimento internacional.
Visita de campo
Nesta sexta-feira (31), a ABDI, a Coopa-DF e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) reuniram cerca de 80 produtores na propriedade do Marcão para apresentar os resultados da tecnologia.
Durante a visita, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, destacou a importância do investimento em inovação: “Você vê a potência do agro brasileiro e como investir em tecnologia gera resultados grandiosos. O edital da Agência é um pequeno empurrão que mostra que é possível produzir com mais economia e qualidade”. Ele parabenizou os resultados alcançados pela startup e lembrou que a iniciativa, nascida no ambiente acadêmico, é um exemplo da força da inovação brasileira.
José Guilherme Brenner, presidente da Coopa-DF, destacou que a integração entre diferentes setores fortalece o campo. “Essa tecnologia aumenta produtividade e qualidade de vida, beneficiando toda a sociedade. A nossa parceria com a ABDI impulsiona o desenvolvimento tecnológico, apoia pequenas empresas e incentiva jovens a inovar no agronegócio”.
Para o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, a inovação é essencial para garantir a permanência de agricultores familiares e pequenos produtores. “Produzir com menor custo, gastando menos água, energia e adubo, melhora a qualidade de vida. O trabalho da Emater-DF complementa essa iniciativa, com visitas técnicas, orientação e ajustes nos sistemas de irrigação, para que a tecnologia funcione com máxima eficiência”.
Modelo de inspiração
Bons exemplos devem servir de modelo para outros negócios e cadeias. Para a gerente de Difusão de Tecnologias da ABDI, Isabela Gaya, o edital Agro 4.0 sempre teve o objetivo de tornar essas soluções um modelo de inspiração. “Nossa missão é fomentar a adoção e a difusão de tecnologias no agronegócio, mostrando como elas auxiliam os produtores no dia a dia. E acho que esse trabalho foi alcançado com este exemplo”.
Entre os produtores presentes, Noilde Maria de Jesus, que cultiva morangos e hortaliças, demonstrou interesse na tecnologia. “A economia do Marcão foi quase metade do que ele gastava antes. Ver morangos dessa qualidade e nesta época do ano me deixou animada”.
Roberta Sara, produtora de café da região, tem um sensor instalado em sua propriedade há mesmo de um mês. “Ainda não deu tempo de verificar os resultados, mas quando deixamos de irrigar aleatoriamente e passamos a ter mais certezas, a chance de alcançar resultados positivos é muito maior”.
Os sensores serão utilizados pelos produtores até dezembro e os resultados serão apresentados ano que vem na AgroBrasília, uma das maiores feiras agropecuárias do Distrito Federal.
Fotos: Michele Nóbrega
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/tecnologia-premiada-pela-abdi-aumenta-produtividade-e-reduz-custos-no-agronegocio-do-df/