Criada em meados de 2016 no quarto de uma casa no Litoral gaúcho, em Osório, a Concrédito é uma fintech de soluções financeiras acessíveis, e atualmente conta com uma estrutura de mais de 1000 metros quadrados em sua sede na cidade litorânea, além de uma filial, em Caxias do Sul. No início, a empresa contava apenas com Willian Conzatti – sócio-fundador da Concrédito – mas com o passar do tempo, ele convocou amigos e parceiros comerciais a se juntarem. Neste momento possuem mais de 300 colaboradores, aproximadamente 200 desses só em Osório.
Com o objetivo de construir coisas grandes sendo de fora da metrópole, a empresa atende cerca de 100 mil pessoas por mês e já distribuiu por volta de 1.5 bilhão em crédito, em mais de 1 milhão de operações. Conhecida por dar oportunidades de primeiro emprego aos moradores de Osório, a Concrédito fornece aos seus colaboradores alguns programas de desenvolvimento e trilha de carreiras.
A empresa tem como propósito, ajudar os brasileiros a superar os desafios e poder seguir em frente, utilizando tecnologia, trabalhando com eficiência e responsabilidade.
Mais recentemente, a empresa entrou para o ranking de negócios em expansão da Exame como uma das 19 empresas gaúchas, ocupando a 32ª posição na categoria de R$5 a R$30 milhões. Segundo Willian Conzatti, a forma como o cliente é tratado, e o forte uso de tecnologia foram fundamentais para ter conquistado tal reconhecimento.
No Com a Palavra desta semana, o Empresas & Negócios conversou com o Willian Conzatti, sócio-fundador da Concrédito, sobre o mercado de crédito e projeções futuras.
Empresas & Negócios – Como foi sua trajetória na Concrédito até hoje?
Willian Conzatti – Sem dinheiro, sem condição nenhuma, em 2016 decidi montar um negócio na minha casa, convenci alguns parceiros comerciais (bancos) a me deixar ser um correspondente bancário de home office, quando o home office não tinha a força que tem hoje. Sozinho, comecei a captar clientes, e quando vi que o negócio estava rodando, chamei meus amigos para trabalhar comigo. Esse era o modelo no começo, na minha casa com vários amigos trabalhando. Já na pandemia, que todo mundo teve que ir para casa, eu já estava adaptado, então nosso negócio decolou, começamos a vender muito mais porque não tinha concorrência nesse meio, então, decidimos ir para as ruas. Hoje em Osório, nossa estrutura conta com mais de 1000 metros quadrados e cerca de 200 colaboradores só em Osório. Além disso, há pouco tempo, no ano passado, colocamos dois FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), um com mais 100 milhões, outro de 125 milhões.
E&N – Qual foi o objetivo do negócio com estes FIDCs, e qual o era resultado esperado?
Conzatti – O objetivo dos FIDCs realizados no ano passado foi viabilizar a antecipação do saque-aniversário do FGTS. Essas captações nos deram fôlego para atender mais clientes e, ao mesmo tempo, fortalecer nossa tecnologia e capacidade operacional.
E&N – Quais são as principais ofertas da Concrédito hoje?
Conzatti – Temos crédito desde R$30,00 até a capacidade máxima de pagamento do cliente, além disso oferecemos financiamento do FGTS, empréstimo para o INSS, empréstimos federais, consórcios e várias outras demandas e produtos de crédito. A Concrédito tem como foco atender o trabalhador, desde quem está no mercado, até os aposentados, nos posicionamos como parceiros do trabalhador. E para nossos funcionários são oferecidos vários programas de desenvolvimento, trilhas de carreira e trainee (profissional que participa de programas, com o objetivo de receber treinamentos e assumir cargos de liderança no futuro).
E&N – O que faz o cliente procurar esses serviços?
Conzatti – Hoje estamos tratando, em maior parte, a classe mais baixa da população brasileira, nosso público é o D e E (com renda mensal domiciliar até R$3.300 aproximadamente, onde grande parte dos brasileiros estão). Os clientes nos procuram para conseguir comer, comprar um leite, comprar gás, pagar a luz, até realizar o sonho de comprar um carro ou dar entrada em uma casa, mas 90% das procuras é para contas básicas.
E&N – Recentemente a companhia entrou para o ranking de negócios em expansão da revista Exame, ocupando a 32ª posição na categoria R$5 a R$30 milhões, qual aspecto você destaca para ter conquistado tal reconhecimento?
Conzatti – Acredito que um dos aspectos é a forma como tratamos nossos clientes, não importando o grau de condição financeira dele. Penso que temos que tratar todos como se fossem clientes premium, desde quem faz grandes operações, até quem faz para as contas básicas, fazendo com que o cliente fidelize dentro da nossa base. Outro motivo, é que nosso time escala muito com tecnologia, atualmente 30% das nossas operações já são oriundas de Inteligência Artificial, e isso reflete muito bem nas nossas operações.
E&N – Como utilizar das IA ‘s no dia a dia para auxiliar os processos?
Conzatti – Como nossa tecnologia é toda proprietária, temos um time interno que desenvolve isso. Tudo que a gente percebe que pode ser feito de forma automatizada, nós investimos tempo e energia. Então com os processos quase todos automatizados, ganhamos tempo para ser mais ágeis para pagar a operação do cliente – que hoje é paga em menos de um minuto. Nos preocupamos em ter os melhores parceiros do mundo em relação a tecnologia.
E&N – Como é a concorrência de mercado da ConCrédito?
Conzatti – A concorrência é bem grande, o Itaú é uma concorrente, Nubank é uma concorrente, então a gente tenta estar em lugares que grandes bancos não estão e conseguir entregar um serviço mais premium, com mais qualidade e com o mesmo preço, ou com o preço mais justo. Temos grandes concorrentes, o diferencial é na forma de lidar com os clientes.
E&N – Quais são os maiores problemas enfrentados no mercado?
Conzatti – No segmento existe muita gente que não trabalha de forma coerente com o cliente, então muitas vezes quem busca os serviços têm muitas preocupações, principalmente se está entrando em um negócio idôneo. A taxa selic hoje também impede de conseguirmos fazer muitos negócios, poderíamos estar trazendo melhores soluções ao mercado, mas nossos juros não permitem.
E&N – De que maneira a nova reforma tributária pode impactar o mercado de crédito?
Conzatti – A reforma tributária deve, sim, aumentar a carga para o setor financeiro, o que pode pressionar o custo do crédito no curto prazo. Porém, ao mesmo tempo, a simplificação do sistema tende a trazer mais clareza e previsibilidade, reduzindo as distorções que hoje pesam para quem empresta e para quem toma crédito. O grande desafio será equilibrar esse impacto inicial sem perder o acesso das pessoas ao crédito, principalmente aquelas que mais precisam dele.
E&N – No mercado de crédito quais as estratégias para se destacar?
Conzatti – Trabalhar com muita tecnologia, ser um dos pioneiros na utilização e investimentos de Inteligências Artificiais, ter um relacionamento próximo com o cliente, e ter vontade de fazer diferente dos demais. Esse espírito que a empresa tem de fazer melhor, de fazer diferente, de se preocupar com as pessoas faz com que o nosso time tenha uma performance melhor e enxergue o cliente.
E&N – Qual a projeção que você tem para os próximos 5 a 10 anos?
Conzatti – A nossa projeção é atender pelo menos 5 milhões de pessoas ao longo dos próximos 5 anos, e atender isso de CPFs únicos. Hoje temos 500 mil clientes dentro da base, que já contrataram com a gente em determinado período. Esse número de clientes hoje, nos contratam em média sete vezes por ano.