Gustavo Lyrio
Especialista em liderança, alta performance e palestrante
Liderar sempre é um assunto fascinante e ao mesmo tempo coberto de estereótipos que precisam ser desfeitos. Infelizmente, também muito foi distorcido do que é liderar, pois muito se perdeu na prática da liderança. Junte-se a essa dicotomia, dois fatores que sempre acompanharam o líder, mas que receberam um novo olhar nos últimos anos, sendo a pressão e a mudança. Some-se a isso um ambiente sem exemplos de liderança, ou pior, com exemplos do que não fazer.
Não se consegue falar de liderar sem falar de pressão. A posição de liderança vem com bônus a tomada de decisões. O gestor está a todo instante decidindo e orientando os caminhos. Ele é a referência da equipe diante dos desafios que irão enfrentar. E ser o exemplo, aliado às decisões cotidianas e extraordinárias, traz um nível de pressão que apenas os mais experientes conseguem suportar. Um líder com experiência é alguém capaz de gerir suas emoções e seus pensamentos, habilidade que se perdeu em muitos gestores. Vivemos em uma sociedade emocionalmente adoecida, o que explica porque tantos que estão à frente precisam se afastar para cuidar da saúde mental. A preparação de um líder começa em aprender a se auto liderar.
Outro fator que sempre acompanha o comando é a mudança. Mudar sempre será algo desafiador para qualquer pessoa, pois o ser humano geralmente não gosta de novos cenários. Ou aprendemos a lidar com eles ou seremos mudados por eles. Assim acontece com o gestor, que é a pessoa que mais deve estar atenta às transformações, seja para enfrentá-las e se adaptar, ou para provocá-las quando necessário. A mudança é amiga do líder, quando vista pelo ângulo correto, ou seja, novas oportunidades e experiências. Muitos deles se perdem por não quererem ver seus status quo alterados. Eles já se acostumaram a estar ali. A zona de conforto para ele é um prefácio da zona de morte da sua liderança. Cuidado! Alcançar o resultado nem sempre é um indicador de que a liderança está saudável ou não está estagnada.
Desenvolver uma pessoa para se tornar um gestor que suporte as pressões e as mudanças têm sido muito desafiadoras nos tempos modernos, pois nem todos os líderes têm a habilidade de formar o sucessor ou a próxima geração. E se temos um déficit de liderança saudável, o que falar daqueles que desenvolveram uma maneira de formar o futuro gestor? Mas a história nos mostra que os maiores líderes eram aqueles com visão de futuro, entendiam que o projeto era maior que eles, tornando imprescindível preparar um sucessor para ir mais longe.
Existem dois princípios para preparar futuros líderes. O primeiro, você deve lembrar que o futuro líder é um ser humano, que erra inclusive (se errar é porque tentou e está tudo bem) pode parecer engraçado, mas muitas vezes esquecemos disso. Quando for preparar uma pessoa para o cargo de chefia, lembre-se de que deve deixar espaço para as falhas, pois o novato cometerá equívocos típicos de sua fase inicial, muito anterior à sua. Logo, tenha paciência quando ele falhar. Muitos não erram, pois fazem apenas o que lhes é pedido. Aprenda a dar feedbacks produtivos, que ressaltem as qualidades, elogie a ousadia de fazer e corrija a ação, o fato. Nunca ataque a identidade da pessoa.
O segundo, a melhor maneira de se preparar alguém é pelo exemplo a ser seguido. Mostre como agir diante das mudanças: como avaliar o ambiente para antecipar tendências e como planejar as ações para capacitar a equipe. Leve seu pupilo a observar o mercado, identificar os gatilhos da mudança e organizar o time para a transição sem sobrecarregar a rotina.
O exemplo será sempre uma marca e um legado para a próxima geração de líderes. Se torne referência e o mestre no preparo dos líderes do futuro, ensinando-os a serem pacientes consigo mesmos e a se auto liderar. Dessa forma, seu negócio se perpetuará por gerações.