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Expansão da Natural Extremo fortalece turismo e empregos no Sul

Com 11 recordes mundiais, dois títulos no Guinness Book e uma carreira que une esporte e empreendedorismo, Rafael Bridi é hoje um dos principais nomes do turismo de aventura no Brasil. Atleta de slackline e fundador da Natural Extremo, empresa especializada em experiências radicais, ele transformou a paixão pelo contato com a natureza em um negócio inovador, responsável por atrações icônicas como o Salto de Pêndulo e a Tirolesa de Bike, em Urubici (SC), além do primeiro Salto de Pêndulo Duplo do país, no Parque do Caracol, em Canela (RS). À frente de uma empresa que já recebeu mais de 30 mil visitantes e movimenta a economia local, Bridi fala nesta entrevista sobre o crescimento do turismo de aventura, os desafios de gestão e segurança, o impacto econômico do setor e os planos para o futuro.

Empresas & Negócios – O turismo de aventura vem crescendo no Brasil. Qual o tamanho desse mercado hoje e como a Natural Extremo se posiciona dentro dele?

Rafael Bridi – Não há dúvida de que o turismo de aventura está em ascensão. O Brasil tem paisagens naturais únicas e que representam muito da nossa cultura. As pessoas buscam cada vez mais experiências transformadoras e o turismo de aventura ocupa esse espaço. A Natural Extremo nasce com esse propósito: desenvolver regiões por meio de atividades de alto valor agregado, que conectem cultura local, natureza e emoção. Começamos com o Salto de Pêndulo® e expandimos com a Tirolesa de Bike® e outras atividades inovadoras. Somos reconhecidos por trazer inteligência, segurança e inovação para esse mercado.

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E&N – A empresa já ultrapassou 30 mil visitantes. O que esse número representa em termos de faturamento, geração de empregos e impacto econômico local?

Bridi – É um número expressivo e que reflete nosso crescimento exponencial. Ao longo dos sete anos, o faturamento acumulado está perto de R$ 20 milhões, sendo que metade disso está projetada só para 2025. Empregamos diretamente cerca de 40 pessoas, com impacto indireto em mais de 40 fornecedores. Estudos apontam que o impacto econômico local passa de R$ 150 milhões, principalmente na Serra Catarinense, nossa base mais consolidada. E esse valor se espalha: pousadas, restaurantes, mercados… o turismo distribui renda e movimenta toda a cadeia.

E&N – Quais são os principais perfis de público que procuram as atividades da Natural Extremo? Há espaço para atrair turistas internacionais?

Bridi – Realizamos anualmente estudos de perfil. Nosso público é majoritariamente jovem, até 50 anos, com grande presença feminina. Muitas buscam superação pessoal e enfrentamento de medos. Temos investido também em grupos corporativos, usando o turismo como ferramenta para fortalecer equipes, tomar decisões e lidar com desafios. Embora o foco seja o público brasileiro, já atendemos clientes dos 26 estados e DF, 4% dos nossos visitantes são internacionais, mesmo sem ações específicas para esse público. A tendência é crescer, acompanhando estratégias de expansão da malha aérea e dados recentes da Embratur sobre os novos interesses dos turistas estrangeiros.

E&N – Em termos de gestão, quais foram os maiores desafios para escalar o negócio sem abrir mão da segurança?

Bridi – Crescer mantendo uma mentalidade jovem, inovadora e fiel à cultura da empresa é o maior desafio. Estamos num tamanho que já exige muita gestão de processos, adaptação às regulações, diferenciação constante… sem perder a alma de startup. Outro ponto é o cuidado com as pessoas, é fundamental que a equipe perceba que tem espaço para crescer junto. E claro, manter padrões elevados de segurança, comunicação clara e empatia com o cliente exige um esforço contínuo.

E&N – Como funciona a escolha das cidades onde a empresa se instala? Que fatores pesaram na decisão por Urubici e Canela?

Bridi – A escolha passa pela geografia e também pela afetividade. Urubici foi um local importante para mim como atleta de highline. Os cânions exuberantes da Serra Catarinense são perfeitos para nossas operações. Já Canela é uma região muito estruturada, mas que havia se afastado da natureza. Nosso objetivo ali foi recolocar a natureza como protagonista. Mais que localizações turísticas, buscamos lugares com identidade, cultura e potencial de transformação.

E&N – Além da adrenalina, o turismo de aventura movimenta setores como hotelaria, gastronomia e transporte. Que tipo de parceria a Natural Extremo mantém com a cadeia turística regional?

Bridi – Acreditamos no turismo em rede. Indicamos restaurantes, hospedagens, passeios e guias locais, sempre com foco em segurança e qualidade. Estamos formalizando programas de afiliados e parcerias estratégicas, nos quais toda a cadeia se beneficia, seja com cortesia, seja com benefícios mútuos. Queremos que os destinos sintam orgulho de ter o turismo de aventura ali, e não o vejam como um problema.

E&N – O setor de turismo é altamente sensível a crises. Como a empresa se protege desses impactos?

Bridi – Nosso foco é a antecipação. Ter clareza dos ciclos econômicos nos permite crescer acima da média, mesmo em momentos difíceis. Planejamento, reservas financeiras, produtos versáteis, como a Tirolesa de Bike Virtual para eventos, ajudam a manter a operação resiliente.

E&N – O investimento em certificações internacionais e equipamentos de ponta é elevado. Como equilibrar custos operacionais e competitividade de preços no Brasil?

Bridi – A concorrência por preço, infelizmente, leva à degradação do mercado. Investimos em equipamentos certificados, equipe qualificada e processos rigorosos de segurança. O cliente nem sempre percebe isso de imediato, mas é nosso papel mostrar o valor. E o resultado aparece: em sete anos, nunca ouvi alguém dizer que nossa atividade foi cara. As pessoas entendem que entregamos algo único, com segurança e propósito.

E&N – A inovação é uma marca registrada da Natural Extremo. Qual a importância da diferenciação para manter a liderança no mercado?
Bridi – É essencial. A Tirolesa de Bike®, o Salto de Pêndulo®, a integração com realidade virtual… Tudo isso é fruto de um pensamento estratégico. Não se trata de lançar produtos por lançar, mas de entregar experiências com impacto real. Nossa origem em Florianópolis e a proximidade com o ecossistema de tecnologia nos impulsionam. A inovação é o que nos mantém relevantes e desejados.

E&N – O turismo de aventura ainda enfrenta barreiras de credibilidade no país. Como transformar segurança em valor percebido pelo cliente?

Bridi – O brasileiro, em geral, é imediatista. Segurança exige investimento de médio e longo prazo e nem sempre o cliente está preparado para entender isso. Por isso, é nosso dever comunicar bem, mostrar o diferencial com clareza e reforçar as boas práticas. Temos relações com engenheiros internacionais, fornecedores de tecnologia e benchmarks globais. Isso é o que nos mantém referência.

E&N – O que falta para o Brasil consolidar-se como um destino internacional de turismo de aventura?

Bridi – Faltam políticas públicas de incentivo ao crédito, infraestrutura urbana, qualificação da mão de obra e, principalmente, valorização das pessoas. O turismo pode ser uma ponte entre desigualdades, gerando renda, acesso e mobilidade social. Mas é preciso pensar regionalmente, entender as diferenças do país e dar autonomia para os agentes locais. Um destino bem estruturado para o turista também será melhor para o morador.

E&N – Quais são os planos da Natural Extremo para os próximos anos? Há previsão de novas unidades, produtos ou parcerias estratégicas?

Bridi – Queremos crescer, sim. Estamos conversando com investidores privados e iniciativas públicas para levar nossas operações a novos destinos. O foco é buscar parceiros que complementem nossa zona de potência: segurança, inovação e experiência. Talvez não criemos novos produtos do zero como fizemos com o Salto de Pêndulo, mas sim adaptemos experiências internacionais ao Brasil. O objetivo é manter a liderança e continuar entregando algo que transforme a vida de quem participa.

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2025/09/1219490-expansao-da-natural-extremo-fortalece-turismo-e-empregos-no-sul.html

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