Experiência da Rede Senac de Inovação apresentada no encontro possibilitou debate sobre a necessidade de avançar em iniciativas de inovação do Sistema Comércio.
A Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação e Inovação (CBTIN) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou nesta quarta-feira (17), na sede da entidade no Rio de Janeiro, sua segunda reunião do ano. O encontro foi conduzido por Antonio Florencio de Queiroz Junior, coordenador da CBTIN, vice-presidente Administrativo da CNC e presidente da Fecomércio-RJ, e mediado pela gerente da Assessoria das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços da CNC, Andrea Marins.
A pauta principal da reunião teve como temas as proposições em andamento pela Diretoria de Inovação e Tecnologia da Informação da CNC (DITI), a nova modalidade de pagamento instantâneo via crédito (PIX parcelado) apresentada pela Gerência Executiva de Análise, Desenvolvimento Econômico e Estatístico da CNC (GEADE) e a agenda legislativa acompanhada pela Diretoria de Relações Institucionais da CNC (DRI).
Na abertura do encontro, o coordenador-geral das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços, Luiz Carlos Bohn, destacou a importância do espaço de diálogo promovido pelas câmaras temáticas da CNC.
“Esse é um momento de escuta ativa e, através das câmaras, a CNC discute ações que trazem melhorias para as suas iniciativas e que visam fortalecer o setor”, destacou.
Queiroz também elogiou o trabalho da CNC vinculado ao trabalho das câmaras. “Nós estamos lutando para incluir a visão e as demandas do comércio nas políticas públicas e a Confederação está de parabéns ao estar capitaneando tudo isso.”
Inovação e Tecnologia da Informação
A Diretoria de Inovação e Tecnologia da Informação da CNC (DITI) apresentou o andamento das proposições acompanhadas pelo setor, como o apoio das Federações para elaboração de políticas públicas de CT&I; a proposta para a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação para Serviços e Comércio (Embrapisc); e o estudo de viabilidade implantação de processo de IA aplicada aos Sindicatos.
O diretor da DITI, Maurício Ogawa, explicou que a CNC entende que alguns processos de inovação precisam acontecer por iniciativas das Federações e que a confederação entraria no apoio. “É importante ter esse olhar para a pesquisa e inovação, que as federações se apropriem desse tema e avancem nas suas iniciativas. Inovação é investimento”, pontuou.
Foi destacado por alguns participantes do encontro o amadurecimento do Sistema Comércio no entendimento sobre a importância de implementar práticas de inovação e o funcionamento em rede. Assim como foi ressaltado que o avanço do acesso à inovação e tecnologia passa pelas políticas públicas.
Ainda nesse ponto, sobre as iniciativas em andamento, foi feita uma apresentação da Rede Senac de Inovação pelo assessor de Inovação do Departamento Nacional do Senac, Anderson Córdova, focada em “Desenvolver soluções inovadoras e Conectar o Senac com atores dos ecossistemas de inovação”, envolvendo as áreas de TI, Saúde, Turismo e Varejo.
Existem, atualmente, 74 Hubs nesta Rede, sendo:
ES (01) – Comércio, Serviços, Tecnologia da Informação e Turismo;
GO (01) – Tecnologia da Informação, Gestão, Comércio e Inovação;
MS (01) – Tecnologia da Informação, Saúde, Moda, Gestão e Comércio;
PE (01) – Tecnologia da Informação, Comércio e Gestão;
SC (05) – Tecnologia da Informação, Saúde, Gastronomia do Mar e Ensino Médio;
PR (01) – Comércio;
RJ (01) – Economia Criativa;
SP (63) – Todas as áreas profissionais.
Para 2026, há a intenção de incluir os seguintes estados: Amazonas, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal.
Quando aos Núcleos de Pesquisa em TI e outras áreas, existem atualmente 18, sendo:
SC (16) – Núcleos em Saúde, Tecnologia da Informação, Gastronomia e demais
áreas de negócio;
SP (01) – Núcleo em Educação Profissional;
PE (01) – Núcleo em Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Há a intenção de avançar, em 2026, no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.
Sobre os ICTs constituídos atualmente, são dois: em Pernambuco e Amazonas. E são seis com intenções para 2026 – Distrito Federal, São Paulo, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Andrea Marins encerrou o encontro reforçando a importância de que os integrantes da câmara não aguardem a próxima reunião para dar andamento às iniciativas de inovação. “Esse é um processo contínuo, e vocês podem e devem seguir dialogando com as entidades que já estão mais avançadas nessa jornada”, destacou.
PIX parcelado
A apresentação feita pelo representante da Gerência Executiva de Análise, Desenvolvimento Econômico e Estatístico da CNC (GEADE), João Marcelo Barreto da Costa, teve o objetivo principal de introduzir o tema sobre a regulamentação do PIX Parcelado pelo Banco Central, a qual permite ao pagador parcelar o valor de uma transação por meio de crédito, enquanto o recebedor (lojista ou prestador de serviços) recebe o valor total imediatamente.
No Brasil, o PIX é o meio de pagamento mais popular. De 2020 a junho de 2025, foram R$ 76,2 milhões movimentados e 176,4 bilhões de transações, ou seja, uma média de R$ 1.362 por transação. Atualmente, bancos podem oferecer uma linha de crédito que chamam de “PIX Parcelado”, que atua como um empréstimo pessoal ou valor no cartão de crédito. O Banco Central regulamentará tal atividade com o intuito de clarificar aos consumidores as condições em que acessam tal crédito.
A GEADE ainda não fechou um parecer do posicionamento da CNC sobre o tema, mas está com a expectativa de que seja uma medida positiva. Ela possibilitaria aos consumidores que não têm acesso a cartões de crédito a efetuarem compras parceladas. Isso aumentaria o mercado consumidor e, possivelmente, teria efeitos positivos no comércio, dado o maior volume de pessoas consumindo.
Acompanhamento legislativo
A assessora da Diretoria de Relações Institucionais (DRI) da CNC, Jenifer Freitas, atualizou o status das proposições em tramitação no Congresso Nacional de interesse do setor e sobre o parecer da entidade sobre os seguintes projetos de lei:
PL nº 10.762/2018 – O projeto prevê a criação do Serviço Social e Serviço de Aprendizagem da Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic) para a promoção social e aprendizagem de trabalhadores da categoria econômica, em âmbito nacional. A assessora da DRI pontuou que esse projeto, se aprovado, desmembraria e enfraqueceria instituições bem-sucedidas, como o Sesc e Senac, por exemplo, e criaria entidades extremamente limitadas.
Sobre essa matéria, a DRI trabalha atualmente na instituição de um Fórum de aproximação institucional com as empresas do setor de tecnologia, com vistas a apresentar as entregas dos braços sociais da CNC no setor e alinhar as demandas no âmbito do Poder Público.
PL nº 2.338/2023 – O projeto objetiva regular a tecnologia de inteligência artificial (IA), estabelecendo normas gerais de caráter nacional para a governança de sistemas de IA no Brasil.
Sobre esse projeto, a DRI trabalhou para inclusão da CNC no âmbito dos debates realizados pela Comissão Especial. Na ocasião, a representante da CNC enfatizou a necessidade de construir uma regulação que não impeça o desenvolvimento tecnológico, que não crie amarras na esfera trabalhista e que permita a competitividade. A DRI também vem trabalhando junto ao relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e a presidente da Comissão, deputada Luísa Canziani (PSD-PR) para que o relatório elaborado leve em consideração os pontos abordados pela CNC.
PL nº 2.768/2022 – Este projeto traz a proposta de regulação concorrencial de mercados digitais com inspiração no modelo da União Europeia (Digital Markets Act).
Jenifer lembrou que a DRI submeteu à CBTIN o inteiro projeto com vistas a construir um posicionamento diante da temática, que deve ser aquecida em breve com o envio de dois projetos sobre a regulamentação de conteúdo e concorrencial das plataformas digitais por parte do governo federal.
Fotos: Guarim de Lorena
Veja as fotos da reunião: