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Festival Curicaca debate rotas do turismo sustentável e identidade local no DF

Transformar o Distrito Federal em destino turístico desejado passa por inovação com propósito. No segundo dia do Festival Curicaca no IFB Campus Riacho Fundo, especialistas discutiram como sustentabilidade, inclusão e identidade local podem guiar essa jornada. O painel “Rotas do turismo: fomentando o turismo local” reuniu Valéria Farias (LikeÜ Hotel), Fernando Mesquita (RuralTur) e o chef-pesquisador Vinícius Rossignoli, com mediação de Daiane Bastos.

A hotelaria abriu caminho com um exemplo concreto de transição ecológica. Valéria apresentou o LikeÜ como o primeiro hotel lixo zero do DF, certificado internacionalmente. A mudança começou dentro dos quartos, com a separação de resíduos em três frações (orgânico, recicláveis e rejeito), comunicação clara aos hóspedes e uma “Estação Elise” onde o material já chega triado. As cooperativas Recicle a Vida e Combustar, de Samambaia, recolhem os resíduos duas vezes por semana, garantindo renda e rastreabilidade. O hotel também aboliu contêineres, implantou cozinha de aproveitamento integral, horta adubada por compostagem, projeto de moda circular e reciclagem de bitucas. A próxima etapa é um “carbonômetro” para estimar as emissões da viagem e oferecer compensação acessível, em sintonia com projetos de agroflorestas e recomposição de áreas degradadas.

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Na perspectiva das rotas produtivas, Fernando Mesquita destacou como o turismo rural do DF se consolidou com experiências que unem paisagem, tradição e degustação. Entre elas estão a Rota da Uva e do Vinho, a Rota do Queijo (caprino, bubalino e bovino), a Rota da Cachaça — com rótulos premiados no Chile e em Bruxelas — e, em breve, um circuito do mel com a reativação do Palácio do Mel, na Granja do Torto. Também integram o portfólio cervejarias artesanais, cafés especiais, trilhas, cachoeiras e fazendas pedagógicas. A mensagem é clara: o DF vai além do cívico e da arquitetura modernista, revelando um interior vibrante que precisa ser valorizado primeiro pelos moradores e, depois, promovido nacional e internacionalmente.

Na linha da identidade e pertencimento, Vinícius Rossignoli defendeu o Cerrado como bioma extraordinário — berço de aquíferos e biodiversidade, com mais de 1.200 sabores catalogados. Citou exemplos como o mel de abelhas nativas, a lobeira, o buriti, os peixes regionais e até o camarão endêmico do Paranoá. Para ele, a gastronomia é ferramenta de transformação social quando valoriza ingredientes e histórias locais. O chef criticou o “turismo que tira e não devolve” e relatou iniciativas que levam cozinha para dentro das comunidades como alternativa ao turismo predatório, reforçando educação ambiental e orgulho do território. Também lembrou atrativos pouco explorados, como o mergulho na cidade submersa da antiga Vila Amauri e as rotas possíveis a partir do Jardim Botânico.

Ao final, o painel convergiu em três frentes: gestão responsável de resíduos e carbono como diferencial competitivo; fortalecimento das cadeias locais (vinho, queijo, cachaça, mel, café e cerveja) como eixo de rotas autorais; e narrativa do Cerrado que una conservação, educação e experiência. Mais que vender paisagens, trata-se de oferecer vivências com propósito, em que o visitante participa — separando o resíduo no quarto, plantando uma árvore, escolhendo um vinho local — e o morador ganha qualidade de vida. Uma agenda que a ABDI ajuda a catalisar ao colocar inovação, design de experiência e sustentabilidade na mesma mesa.

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/festival-curicaca-debate-rotas-do-turismo-sustentavel-e-identidade-local-no-df/

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