O Brasil deu um passo importante para estruturar sua resposta ao Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), mecanismo europeu que passará a taxar importações com base nas emissões de carbono a partir de 2026. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Ministério da Fazenda e com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), promoveu nessa terça-feira (9/9), em Brasília, o primeiro workshop nacional sobre o tema, reunindo autoridades, empresas e especialistas para debater riscos e oportunidades para a economia brasileira.
A abertura contou com a participação de Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI; Rafael Ramalho Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda; e Julia Cortez da Cunha Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC.
Perpétua destacou no encontro que o CBAM não é apenas uma medida ambiental, mas também um tema geopolítico e comercial que impactará diretamente setores estratégicos da indústria nacional, como o aço e o alumínio. Para ela, o Brasil precisa de uma resposta estratégica, baseada no diálogo com a indústria. “Mais do que reagir a uma imposição externa, este é o momento de acelerar a transformação da nossa indústria, unindo competitividade e sustentabilidade e construindo uma reindustrialização verde”, afirmou.
Segundo a diretora, o projeto conduzido pela ABDI em parceria com o Ministério da Fazenda e com apoio do MDIC busca fortalecer a posição do Brasil nas negociações internacionais, apoiar a descarbonização da indústria e transformar o CBAM, de uma ameaça, em um catalisador de inovação e competitividade.
Relatórios técnicos e debates
O workshop também contou com apresentações do Instituto E+ Transição Energética. Stefania Gomes Relva, diretora de transformação industrial da instituição, explicou que o objetivo central do projeto é sistematizar informações e apoiar a construção de um entendimento nacional sobre o tema de forma a permitir que o governo brasileiro defina um posicionamento unificado frente à implementação do CBAM.
Entre os pontos discutidos, destacou-se o impacto sobre setores estratégicos como aço, ferro e alumínio – pilares da indústria nacional – e o potencial do Brasil em utilizar sua matriz elétrica limpa como vantagem competitiva. Além dos riscos de perda de competitividade, os participantes ressaltaram que a medida pode abrir espaço para a reindustrialização verde e para o fortalecimento do protagonismo brasileiro em fóruns internacionais de sustentabilidade.
A programação incluiu painéis com ministérios, empresas e entidades representativas, além de dinâmicas de escuta e proposição de caminhos para um posicionamento nacional.
Talita Daher, gerente da Unidade de Nova Economia e Indústria Verde da ABDI, reforçou que o encontro marca o início de uma jornada coletiva. “A ABDI, em parceria com o Ministério da Fazenda e com apoio do MDIC, está comprometida em conduzir esse processo de forma participativa, com consultas públicas, evidências técnicas e muito diálogo entre governo, setor produtivo e sociedade civil”, destacou.
Segundo ela, a mobilização mostra que o CBAM não é apenas uma medida ambiental, mas um movimento geopolítico e comercial que redefine o comércio internacional e afeta diretamente setores estratégicos da indústria.
“O legado que queremos construir é triplo: fortalecer a posição do Brasil nas negociações internacionais, apoiar nossa indústria no caminho da descarbonização e transformar o CBAM, de uma ameaça, em uma oportunidade estratégica. Tenho certeza de que, com o engajamento que vimos hoje, o Brasil não apenas responderá ao CBAM. Vai liderar, com ambição, a transição global para uma economia de baixo carbono”, apontou.
Foto: Matheus Leocádio/ABDI
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-promove-workshop-sobre-cbam-e-reforca-articulacao-nacional-para-a-transicao-verde/