*Por Beto Sirotsky
Vivemos um momento singular no mundo dos negócios, em que volatilidade de preços, tensões geopolíticas e a busca constante por sustentabilidade se intensificam. Nesse cenário, a área de Procurement segue em evolução, atuando na proteção de valor, na eficiência operacional e na conexão com a inovação. A complexidade do cenário atual reposicionou o Procurement como uma função decisiva nas decisões mais críticas das organizações, com impacto direto em margens, resiliência e capacidade de resposta.
Estudos recentes da Deloitte indicam que 72% das lideranças da área já priorizam a transformação digital. Em paralelo, um relatório da McKinsey (2024) mostra que a inteligência artificial, especialmente em sua vertente generativa, está alterando significativamente os ciclos de sourcing: categorização automática de gastos, previsão refinada de demanda, análise de riscos em tempo real e geração de contratos com base em dados estruturados e não estruturados são apenas alguns exemplos. Esse relatório, porém, mostra que, ainda assim, muitas empresas enfrentam obstáculos para transformar essas oportunidades em soluções concretas. Baixa maturidade de dados, dificuldade de adoção pelas equipes e incertezas sobre o retorno do investimento seguem como barreiras frequentes.
Superar esses desafios exige foco: começar pelas dores mais reais, priorizar poucos casos de alto impacto e integrar tecnologia de forma fluida ao dia a dia dos times. Uma das abordagens mais eficazes nesse cenário tem sido a adoção de modelos que eliminam fricções entre áreas. Plataformas que operam no formato de Enterprise Gateway Marketplace, por exemplo, permitem que grandes empresas acessem com segurança um ecossistema qualificado de fornecedores. Existem EGMs específicos para os segmentos farmacêutico, educacional, de recursos humanos e sim, de criatividade.
Aliás, essa é uma grande vantagem desse modelo no qual atuo desde 2019: traduzir para um formato objetivo contratações que até então, eram feitas de forma subjetiva. Curadoria para manter o nível de qualidade nesses processos bem como um profundo conhecimento dos mercados em questão são os diferenciais de EGMs que estão ganhando relevância e notoriedade no mercado.
Mais recentemente, junto aos meus sócios, tenho mergulhado na incorporação de recursos de inteligência artificial, com ênfase em dois momentos críticos: o smart briefing, que provoca, refina e qualifica a demanda desde o início, e a gestão de orçamento em tempo real, apoiada por dados históricos, benchmarks e baseline de custos. O resultado é uma jornada mais precisa, estratégica e fluida, da concepção à execução do projeto.
Essa abordagem está alinhada ao que a McKinsey define como a nova fronteira da transformação digital em Procurement: utilizar dados e IA em aplicações práticas, com retorno mensurável, integração direta com as áreas de negócio e foco na tomada de decisão. Não se trata apenas de automatizar tarefas, mas de operar com mais clareza, contexto e eficiência diante de cenários complexos.
Transformar Procurement em uma estrutura orientada por dados e apoiada por IA não é apenas um avanço técnico, mas uma mudança profunda na forma como as organizações contratam, avaliam e gerenciam valor. As empresas que lideram essa virada são aquelas que entendem que tecnologia, quando aplicada com foco e propósito bem definido, permite decisões melhores e relações virtuosas entre áreas.
O que está em jogo vai além da eficiência operacional. É a capacidade de atuar com consistência em ambientes cada vez mais incertos e de fazer com que as áreas de compras contribuam ativamente para a estratégia, a inovação e os resultados.
Beto Sirotsky é Co-CEO da BPool, plataforma de curadoria, contratação e gestão de serviços de marketing, presente em mais de 10 países, com clientes como Unilever, Novartis, Reckitt e L’Oréal.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/transformacao-digital-procurement/