* Por Tatiana Pimenta
A notícia do adiamento da vigência da nova redação da NR-1 para maio de 2026 foi recebida por muitas empresas com alívio. Mas essa sensação esconde um risco: o de postergar decisões críticas em um cenário onde a urgência é real.
As doenças relacionadas à saúde mental já são a terceira principal causa de afastamento no Brasil. O número de trabalhadores afastados por transtornos como ansiedade, depressão e transtorno de adaptação não para de crescer. E, diante desse quadro, as mudanças na legislação trabalhista não surgem como uma “novidade”, mas como um esforço tardio para acompanhar a realidade.
Como fundadora da Vittude, empresa que lidera projetos de saúde mental em mais de 200 grandes empregadores brasileiros, compartilho abaixo cinco verdades que toda liderança precisa encarar agora e não apenas em 2026.
1. O risco psicossocial é um risco ocupacional e ponto final
Desde 2022, a NR-1 já determina que toda empresa gerencie seus riscos ocupacionais. A nova redação apenas deixa explícito algo que já estava implícito: riscos psicossociais como assédio, sobrecarga, metas abusivas e isolamento são riscos ocupacionais. Portanto, são responsabilidade legal do empregador.
2. A fiscalização já começou e vai se intensificar
A NR-17, que trata da ergonomia e contempla riscos psicossociais, segue vigente. Empresas já estão sendo autuadas por negligência nesse ponto. E agora, com a entrada de 900 novos auditores fiscais, o governo amplia em 50% sua capacidade de fiscalização. A consequência será clara: mais inspeções e mais autos de infração antes mesmo de 2026.
3. O mapeamento de riscos leva tempo e precisa começar agora
Não é possível conduzir um mapeamento de riscos psicossociais em poucos dias. O processo demanda metodologia validada, sigilo, análise técnica, plano de ação e acompanhamento. Para quem quer cumprir a lei e proteger pessoas de verdade, o tempo de agir é agora. Um processo bem conduzido leva de três a seis meses.
4. O compliance não é o fim. É o mínimo.
Estar em conformidade com a legislação é importante, mas enxergar a saúde mental como mera obrigação legal é um erro estratégico. As empresas que tratam essa pauta como prioridade ganham em engajamento, produtividade, reputação e retenção de talentos. Gerenciar riscos psicossociais é fazer boa gestão de pessoas e de negócios.
5. A saúde mental precisa sair do discurso e entrar no orçamento
O discurso de cuidado precisa ser sustentado por investimento. É necessário alocar recursos, treinar lideranças, escolher metodologias sérias e integrar a saúde mental ao planejamento estratégico. Empresas que fazem isso reduzem passivos trabalhistas, afastamentos e constroem ambientes mais saudáveis e sustentáveis.
O adiamento da vigência da nova NR-1 não é um alvará para ignorar o problema. É uma segunda chance para fazer direito. Empresas inteligentes vão usar esse tempo para se preparar com responsabilidade, estratégia e visão de futuro.
Na Vittude, temos apoiado organizações de todo o país nesse processo: mapeando riscos psicossociais, capacitando lideranças e estruturando programas de saúde mental baseados em dados, legislação e ciência.
O momento é de agir. Antes que o passivo se torne irreversível.
*Tatiana Pimenta é fundadora e CEO da Vittude, referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas. Engenheira civil de formação, com MBA Executivo pelo Insper e especialização em Empreendedorismo Social pelo Insead, escola francesa de negócios. Empreendedora, palestrante, TEDx Speaker e produtora de conteúdo sobre saúde mental e bem-estar, foi reconhecida em 2023 como LinkedIn Top Voice, e em 2024 como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/empresas-precisa-encarar-nova-nr-1/