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Da Fecomercio aos empresários: revejam estratégia, tenham cautela no crédito, esperem para contratar

A Carta de Conjuntura da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) traz uma série de alertas aos empresários do setor, em um cenário que já apresenta sinais de desaceleração econômica. “Muito cuidado com o planejamento financeiro do seu negócio! O primeiro semestre pode até ser bom, mas o segundo será difícil”, afirmou a entidade, no documento preparado pelo Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política (CSESP) da FecomercioSP. “Uma dica é não se exceder no crédito.”

Na edição de fevereiro da Carta de Conjuntura, divulgada na quinta-feira (27), o colegiado – formado por empresários, pesquisadores, sindicatos e integrantes da assessoria econômica da entidade – cita indicadores mais fracos e pesquisas que apontam redução da confiança. “A economia brasileira está às vésperas de enfrentar uma combinação complexa de desaceleração da atividade econômica e inflação elevada”, afirmou o presidente do conselho, o economista Antônio Lanzana. Nesse cenário, segundo ele, o PIB deve perder força. “Os números dos setores já estão mostrando isso, principalmente da indústria e do varejo. O baixíssimo nível do investimento preocupa bastante.”

Lanzana chama a atenção, também, para o cenário internacional. Especialmente a partir dos Estados Unidos. Para ele, a política tarifária de Donald Trump deve provocar aumento da inflação local. “É preciso esperar os efeitos disso no mundo – e, principalmente, no nosso país.” O documento cita quatro pontos da economia americana: política fiscal, desregulamentação, deportação de imigrantes e política tarifária. Na Carta de Conjuntura, a entidade afirma que o início do governo Trump mostra que o projeto de mudar a ordem mundial, acabando com fóruns internacionais, é muito mais radical que os planos da China de fazer isso por meio de uma transformação dos organismos multilaterais. “É a substituição do multilateralismo por negociações bilaterais.” Além disso, a política para conter o déficit público americano deve ter como efeito a elevação dos juros, o que faz o fluxo de dólar pelo mundo cair e moedas, como o real, desvalorizarem, pressionando a inflação brasileira.

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QUEDAS – No cenário interno, são citados dados do IBGE para mostrar os sinais de diminuição da atividade. Na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), por exemplo, apesar da alta de 3,1% no ano passado, nos dois últimos meses de 2024 o setor acumulou perda de 1,9%. Já o varejo, apesar de no acumulado do ano ter crescimento de 4,7% (no restrito) e 4,1% (no ampliado, que inclui veículos, peças e material de construção), teve quedas em novembro e dezembro, tanto em volume como em receita. Os juros voltaram a subir, e isso não deverá mudar tão cedo. O Conselho Superior acredita que um ciclo de redução da taxa só acontecerá daqui a dois anos.

“O nível de atividade até tende a ser melhor neste primeiro semestre, mas já se espera uma piora nos últimos seis meses do ano.” E não será um desempenho homogêneo, na visão dos integrantes do colegiado: o agronegócio, por exemplo, “vai se recuperar com força neste ano”. O mesmo deve acontecer com a indústria extrativa, “que espera pela entrada em operação de novas plataformas de gás e petróleo”. Por outro lado, setores como bens duráveis e de capital, mais dependentes de juros, deverão ter o desempenho afetado.

Por fim, a inflação deve voltar a subir. “E bastante. Com expectativa de que chegue a aproximadamente 6%”, disse o colegiado da Fecomercio. E isso a depender da gestão da política econômica e da relação do Executivo com o Congresso. “Se esses dois âmbitos piorarem daqui para a frente, esse número pode ser ainda maior.” Já o mercado de trabalho permanecerá aquecido, mesmo com menor atividade. E isso inclui a recomendação final: “É o momento de ter cautela nas contratações, pelo menos por enquanto”.

Fonte Oficial: https://agenciadcnews.com.br/da-fecomercio-aos-empresarios-revejam-estrategia-tenham-cautela-no-credito-esperem-para-contratar/

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