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De diaristas a empreendedores: indústria do café eleva renda em 30% e reescreve histórias no Acre

O barulho das máquinas no novo Complexo Industrial do Café do Juruá, em Mâncio Lima (AC), soa como música para o produtor Orlenilson Souza. Há pouco tempo, ele trabalhava no comércio de materiais de construção. Hoje, morando no cafezal com a esposa, ele celebra uma conquista impensável anos atrás: seu café, batizado de “Beija-Flor”, alcançou 84,2 pontos em concurso estadual, entrando na elite dos cafés especiais do Acre.      

Orlenilson, que largou o emprego na cidade para viver 100% da lavoura, é o rosto de uma revolução econômica comprovada por números. Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), contratada para mensurar os impactos da iniciativa, a renda média dos agricultores da região saltou 31,4% em apenas um ano, saindo de R$ 2.409,71 para R$ 3.166,00.        

Essa virada de chave foi impulsionada pela inauguração do maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte, uma parceria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com a Cooperativa de Produtores de Café do Juruá (Coopercafé). Com investimentos de R$ 10 milhões, a estrutura levou tecnologia de ponta para 180 famílias cooperadas.  

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Histórias verídicas 

A gestora financeira da Coopercafé, Katrine Vieira, relata que a região vive um “boom” de novas histórias. “Temos histórias verídicas de famílias que deixaram de ser diaristas, deixaram de fazer um trabalho braçal para, hoje, serem patrões dentro da cooperativa.” 

A valorização do trabalho reflete diretamente no orçamento familiar. Antes, um trabalhador recebia entre R$ 70 e R$ 80 por diária. Hoje, na colheita qualificada, esse valor chega a R$ 200. “O impacto econômico é muito grande. Hoje temos uma renda circulando, aqui, de mais de R$ 350 mil por semana”, destaca a gestora.

O reflexo disso transborda para a cidade. A arrecadação de Mâncio Lima cresceu 44,5% e o número de empregos formais subiu 15,5%, gerando 2 mil postos de trabalho diretos e indiretos na cadeia produtiva.     

O fim do impossível     

Produzir em escala na Amazônia exigia vencer a alta umidade. Para o produtor Erisson Macedo, a equação sem indústria era inviável. “Imagine secar mil, duas mil sacas num período chuvoso, no terreiro. É um negócio quase impossível.”

O complexo resolveu esse gargalo com sustentabilidade. Operando com energia 100% limpa gerada por 356 painéis solares, a unidade possui 11 secadores automatizados e capacidade para processar 20 mil sacas por safra. Em 2025, foram beneficiadas 10 mil sacas. “Sem isso aqui, era inviável a cafeicultura crescer tanto”, afirma.

Agora, o foco é a qualidade. Com máquinas que classificam o grão por densidade e tamanho, produtores como Orlenilson conseguem vender seu produto não mais como commodity (cotado a cerca de R$ 1.100), mas vislumbrando preços de cafés especiais, que podem chegar a R$ 2.000 a saca.

Para a diretora da ABDI, Perpétua Almeida, os dados e as histórias de vida confirmam o impacto social do projeto. “A ABDI, com olhar especial sobre a Amazônia, vem cumprindo as missões da Nova Indústria Brasil (NIB). Isso é uma vitória extraordinária dos investimentos do Governo Federal e da ABDI. Nosso projeto abarca as cadeias agroindustriais sustentáveis, com foco na pequena indústria e na agricultura familiar.”

Segundo estimativas da cooperativa, a receita do município e dos cooperados pode dobrar em 2026, impulsionada por novos investimentos atraídos pelo sucesso do café do Juruá.

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/de-diaristas-a-empreendedores-industria-do-cafe-eleva-renda-em-30-e-reescreve-historias-no-acre/

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