Setor de Serviços deve fechar o ano com crescimento em torno de 3% no volume de atividades
As projeções para o encerramento de 2025 apontam um desempenho positivo, porém menos acelerado, dos setores do Comércio Atacadista e dos Serviços no Brasil, em um contexto marcado por juros elevados, crédito restrito, maior endividamento das famílias e desaceleração do consumo.
Levantamentos do Conselho do Comércio Atacadista e do Conselho de Serviços, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostram que, apesar das adversidades, ambos os setores seguem crescendo, sustentados pelo mercado de trabalho ainda aquecido, pela resiliência empresarial e por segmentos ligados a consumo essencial, logística e tecnologia.
Atacado com leve alta no faturamento
O Comércio Atacadista brasileiro vai terminar 2025 com crescimento estimado de 0,4% no faturamento real, refletindo um ano de perda de fôlego ao longo dos trimestres [tabela 1]. Após um início ainda beneficiado pelo efeito residual das vendas de fim de 2024, o setor enfrentou retrações no segundo trimestre, com destaque para junho (-3,9%), pressionado por juros altos, encarecimento do crédito, estoques elevados no varejo e menor disposição ao consumo das famílias.
No segundo semestre, houve recuperação gradual, ainda insuficiente para caracterizar uma retomada forte. “O Comércio Atacadista mostrou capacidade de adaptação em um ambiente econômico bastante restritivo. Houve crescimento, mas em um ritmo claramente menor, o que exige ainda mais planejamento e eficiência das empresas”, afirma Ronaldo Taboada, presidente do Conselho do Comércio Atacadista da FecomercioSP.
Mesmo com o avanço modesto do faturamento, o emprego formal seguiu em trajetória positiva. Até setembro, o setor registrou crescimento de 3,2% no número de empregos, com destaque para os segmentos de produtos de consumo não alimentar (4.662 vagas); produtos alimentícios, bebidas e fumo (3.865); máquinas e equipamentos (2.805); e representantes comerciais (663). “O Atacado segue como elo estratégico da cadeia produtiva e importante sustentador do emprego”, reforça Taboada.
[TABELA 1]
VARIAÇÃO DO FATURAMENTO DO COMÉRCIO ATACADISTA — BRASIL
Entre 2024 e 2025
Fonte: Abad | Elaboração: FecomercioSP
Serviços crescem 3% e seguem como principal motor do emprego
Já o setor de Serviços deve fechar o ano com crescimento em torno de 3% no volume de atividades, mantendo um nível historicamente elevado, embora em desaceleração. É o que aponta o estudo do Conselho de Serviços da FecomercioSP, elaborado com base em dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS/IBGE). Em setembro, o setor atingiu o maior patamar da série histórica, com alta de 4,1% na comparação anual e avanço de 19,5% frente ao período pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Os principais vetores de crescimento foram as atividades de transportes, logística e correio, com expansão de 6,1%, impulsionados pelo transporte rodoviário de cargas e pelo comércio eletrônico, além do segmento de informação e comunicação, que avançaram 4,9%, beneficiados pela digitalização e pela demanda por soluções tecnológicas. Em contrapartida, os serviços prestados às famílias apresentaram resultado mais fraco, afetados pelos juros elevados e pelo maior comprometimento da renda [tabela 2].
“O setor de Serviços segue resiliente e em nível elevado de atividade, mas já dá sinais claros de moderação. O crescimento continua, porém com menor intensidade, exigindo cautela e planejamento”, avalia o presidente do Conselho de Serviços, Marcelo Braga.
[TABELA 2]
PESQUISA MENSAL DO SETOR DE SERVIÇOS
INDICADORES DO VOLUME DE SERVIÇOS, SEGUNDO ATIVIDADES DE DIVULGAÇÃO
BRASIL — SETEMBRO 2025 — VARIAÇÃO (%)
No mercado de trabalho, os Serviços seguem liderando com folga a geração de vagas formais. Até outubro, o setor acumulou 961 mil novos empregos, com destaque para o grupo de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, responsável por mais de 362 mil postos[gráfico 1].
[GRÁFICO 1]
Inflação sob controle, juros e inadimplência no radar
O ambiente macroeconômico segue desafiador para ambos os setores. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deve encerrar 2025 em torno de 4,3% em 12 meses — acima do centro da meta, mas sem pressões relevantes. No Atacado, a desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) contribui para um cenário de preços mais comportados.
Por outro lado, o aumento da inadimplência das famílias na capital paulista, que passou de 8,1% em março para 9,2% em novembro de 2025, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), produzida pela FecomercioSP, acende um alerta importante, limitando o consumo e impactando diretamente tanto o atacado quanto os serviços voltados para as famílias [gráfico 2].
[GRÁFICO 2]
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC)
Elaboração: FecomercioSP
Perspectivas para 2026: melhoria gradual, mas sem virada automática
Para o ano que vem, os estudos apontam uma conjuntura um pouco mais favorável para os dois setores, condicionada principalmente a uma redução gradual da taxa de juros, inflação mais controlada e recuperação lenta da renda e do consumo.
“O próximo ano pode trazer oportunidades, mas a recuperação não será automática. Ela dependerá do comportamento dos juros, do crédito e da renda das famílias”, afirma Taboada, do Conselho do Comércio Atacadista.
Na mesma linha, Braga, por sua vez, ressalta que “se houver espaço para uma queda mais consistente dos juros, os Serviços têm potencial para manter a expansão, apoiados pelo mercado de trabalho e pela transformação digital”.
Dicas para os empresários do Comércio Atacadista e dos Serviços
Diante desse quadro, os conselhos recomendam que os empresários de ambos os setores adotem uma postura estratégica e prudente, com foco em:
- disciplina financeira e controle rigoroso de custos, protegendo margens em um ambiente de crescimento moderado;
- gestão efetiva de estoques e do fluxo de caixa, evitando excessos e gargalos financeiros;
- investimentos seletivos em produtividade, otimização dos processos e digitalização;
- cautela com o crédito, priorizando prazos mais longos e menor custo financeiro;
- acompanhamento constante do cenário econômico, incorporando diferentes cenários no planejamento de 2026.
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Fonte Oficial: https://www.fecomercio.com.br/noticia/atacado-e-servicos-devem-fechar-2025-com-crescimento-moderado-e-desafios-macroeconomicos