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quem está controlando a opinião pública em 2025?

*Por Douglas Torres

A relação entre inteligência artificial e democracia nunca foi tão evidente quanto agora. Nos últimos anos, testemunhamos a ascensão de ferramentas generativas com capacidade de criar textos, imagens e vídeos indistinguíveis do real, moldando percepções políticas com uma velocidade que nenhum outro instrumento tecnológico conseguiu alcançar. O problema é que tudo isso acontece sem transparência — e, em muitos casos, sem que o próprio eleitor perceba que está sendo influenciado.

Quando afirmo que não teremos eleições sem IA, não estou fazendo uma previsão futurista. Estou descrevendo o presente. Hoje, campanhas políticas utilizam modelos generativos para segmentar mensagens, testar narrativas, ampliar presença digital e responder em escala industrial demandas de comunicação. Ao mesmo tempo, cidadãos são impactados por conteúdos produzidos por sistemas que não revelam nem origem, nem intenção. É uma mudança profunda no ecossistema da opinião pública.

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O ponto central dessa discussão não é se devemos ou não usar IA em processos democráticos, mas como torná-la segura. A tecnologia em si não é a ameaça; a opacidade é. Quando não sabemos quem produz um conteúdo, com qual dado ele foi treinado ou qual lógica o impulsiona, estamos abrindo espaço para manipulação, distorção de fatos e formação de bolhas informacionais quase impermeáveis à contestação.

A desinformação, antes limitada por custos de produção e distribuição, hoje opera com eficiência algorítmica. Uma imagem falsa ou uma frase inventada pode percorrer o país em minutos, atravessar grupos de mensagens, influenciar debates locais e afetar decisões coletivas antes mesmo que qualquer checagem consiga acompanhar o ritmo. É um terreno fértil para narrativas fabricadas e para a captura emocional do eleitor.

Mas a IA também pode ser aliada da transparência democrática. Ela tem potencial para fortalecer processos de monitoramento, detectar manipulações, ampliar acesso a informação qualificada e tornar o debate público mais plural. O desafio é construir mecanismos de governança, auditoria e uso responsável que permitam separar o que é tecnologia legítima de práticas nocivas.

A discussão sobre IA e democracia precisa sair do campo do medo e entrar no campo da maturidade. Precisamos investir em educação digital, responsabilização de atores políticos e regulação inteligente — que proteja o cidadão sem sufocar inovação. A resposta não está em proibir a tecnologia, mas em garantir que ela opere à luz do dia.

Se a inteligência artificial já está presente no processo eleitoral, a pergunta que devemos fazer não é “como impedir?”, e sim “como garantir que essa presença fortaleça, e não fragilize, a democracia?”. 

*Douglas Torres, especialista em IA e CEO da Yup Chat


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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/inteligencia-artificial-democracia-opiniao/

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