A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) e a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (FAPTO) assinaram nesta segunda-feira, em Dianópolis (TO), um Convênio de Cooperação Técnica e Financeira no valor de R$ 1,93 milhão para a criação do Laboratório Agro 4.0 – Inovação e Sustentabilidade no Cerrado, formado por hortas circulares integradas à piscicultura a serem implementadas em cinco municípios do estado.
O convênio foi assinado pelo diretor de Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico da ABDI, Carlos Geraldo (foto), e pelo reitor do IFTO, Antônio da Luz Júnior, em cerimônia prestigiada por autoridades do Tocantins e pela gerente de Difusão de Tecnologias da ABDI e gestora do programa Agro 4.0, Isabela Gaya.
O documento prevê aportes de R$ 1.715.845,55 da ABDI e de R$ 216.742,02 do IFTO para a execução de ações destinadas à promoção da inovação tecnológica e da sustentabilidade na agricultura familiar de Dianópolis, Almas, Porto Alegre do Tocantins, Novo Jardim e Rio da Conceição.
As ações, sob responsabilidade do Campus Dianópolis do instituto, consistem na implementação de 20 hortas circulares integradas a piscicultura em tanques revestidos com geomembranas – solução que facilita a instalação, reduz perda de água e favorece a adaptação dos reservatórios a diferentes terrenos – e nos estudos associados às novas estruturas.
As 20 unidades de referência tecnológica somarão 2.500 m² de plantio de hortaliças, tubérculos e frutíferas e os tanques poderão produzir uma tonelada de peixes por ciclo em dinâmicas que promoverão a degradação de resíduos orgânicos.
“O convênio firmado entre a ABDI e o IFTO para o Laboratório Agro 4.0 tem o propósito estratégico de impulsionar a qualificação do agronegócio. A iniciativa visa promover o acesso dos produtores rurais a tecnologias que garantam o aumento da capacidade produtiva, a redução de custos e a sustentabilidade no campo”, celebrou Carlos Geraldo.
Inovação e sustentabilidade
A inovação reside na aplicação de um pacote tecnológico integrado, adaptado e estudado em condições do Cerrado baseado nos princípios da economia circular.
Os efluentes da piscicultura, ricos em nutrientes como nitrogênio e fósforo, que seriam um passivo ambiental, são captados e transformados em fertilizante orgânico de alta qualidade para as hortaliças.
A integração entre produção animal e vegetal cria um ciclo fechado: as hortas “purificam” a água ao absorver os nutrientes, permitindo, assim, que o fluido residuário de alta qualidade para as hortaliças não seja descartado e cause poluição dos córregos e rios, recursos críticos e vitais para produção no Cerrado.
Com o uso previsto de energia solar fotovoltaica para alimentar as bombas de recirculação, o sistema também reduz custos operacionais e a dependência de energia externa.
Desenvolvimento regional
Localizados no sudeste de Tocantins, os cinco municípios em que o laboratório será implementado integram regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), alta presença de agricultores familiares e carência de tecnologias adaptadas.
O projeto objeto do convênio propõe um modelo inovador de produção sustentável que integra inovação social e técnica para transformar a realidade dessas comunidades do Cerrado por meio da capacitação contínua de produtores, jovens e mulheres.
A gerente da Unidade de Difusão de Tecnologias da ABDI, Isabela Gaya, destacou a importância do Laboratório Agro 4.0 para a modernização da formação técnica e o fortalecimento da produção rural da região. “Com esta estrutura, o resultado que buscamos é a transformação do campo: capacitar produtores a agregarem valor, aumentando a competitividade, a eficiência e a sustentabilidade de suas atividades”, explicou. “O Laboratório também fortalece diretamente a formação e a extensão rural, ampliando o alcance da difusão tecnológica.”
Paralelamente ao ensino técnico oferecido aos alunos do IFTO, a parceria da ABDI com o instituto tem a expectativa de mitigar problemas regionais como o baixo nível tecnológico e a baixa rentabilidade na agricultura familiar, causa do êxodo rural; a escassez de práticas sustentáveis de manejo da água e do solo; e o déficit de produção local de hortifrutigranjeiros por meio da ampliação de oportunidades de mercado para a agricultura familiar local.
Em vez de treinamento, trata-se de um processo formativo que torna o pequeno produtor gestor de um novo paradigma produtivo que busca assegurar a sustentabilidade de longo prazo e promover desenvolvimento econômico e social, a fixação dos jovens e a sucessão familiar.
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/instituto-federal-de-tocantins-ganha-laboratorio-agro-4-0-com-aplicacoes-em-cinco-municipios/