O processo de implementação da Reforma Tributária e a intensificação de novas normas setoriais federais, estaduais e municipais — prevista para 2026 — estão impondo um desafio decisivo às empresas brasileiras: como evitar riscos operacionais e financeiros em um cenário de transformação regulatória acelerada? A pergunta deixou de ser conceitual e passou a impactar diretamente resultados, contratos e cadeias de fornecimento — especialmente para organizações de médio e grande porte.
Segundo Gleison Loureiro, especialista em conformidade e CEO do AmbLegis, isso exige abandonar métodos manuais e migrar para sistemas que sustentem decisões com base em dados e rastreabilidade. “Cada nova regra exige ajustes documentais, operacionais, tributários e de segurança empresarial. Quem não consegue rastrear e comprovar essas mudanças corre o risco de perder competitividade antes mesmo da lei entrar em vigor”, afirma o executivo.
Nesse cenário, quatro pilares operacionais passam a determinar quais empresas seguirão competitivas até 2030. Confira:
1) Plataformas de gestão de requisitos legais com IA — interpretação técnica e prevenção de riscos
Com o avanço da reforma tributária e a intensificação da fiscalização ambiental, ferramentas que interpretam normas e organizam evidências de conformidade passaram a ser estratégicas para a sobrevivência empresarial. Em vez de apenas monitorar leis, essas soluções utilizam inteligência artificial para traduzir exigências em ações práticas, apontar prazos críticos e reduzir falhas operacionais causadas por interpretações equivocadas.
2) Plataformas de GRC Corporativo — visão integrada e probatória de riscos
Ferramentas passaram a ser essenciais para empresas que lidam simultaneamente com diferentes regulamentações e jurisdições. Esses sistemas organizam programas de integridade, automatizam due diligence, monitoram riscos em tempo real e fornecem trilhas probatórias para auditorias, certificações e processos de governança. “A gestão de riscos não pode ser apenas preventiva: ela precisa gerar evidências auditáveis que sustentem contratos e decisões estratégicas,” reforça o especialista.
3) Soluções de compliance tributário — protagonistas da transição da Reforma Tributária
Com as mudanças progressivas até 2027, ferramentas com ERPs especializados e sistemas de apuração fiscal automatizada tornam-se decisivas para a correta aplicação de CBS e IBS. Essas plataformas realizam cálculo automático, simulação de cenários, gestão de créditos tributários e integração contábil, evitando passivos que podem surgir justamente no período de transição. “O maior risco não é errar o tributo final, mas falhar na transição documental que justifica cada crédito, débito ou benefício fiscal,” enfatiza Loureiro.
4) Sistemas de gestão documental e workflow de aprovação — a espinha dorsal do compliance probatório
Ferramentas corporativas garantem controle de versões, assinaturas digitais com validade jurídica e trilhas completas de auditoria. Esses sistemas passam a ser o eixo que conecta normas à comprovação, sustentando licitações, auditorias ISO, fiscalização ambiental e cadeias ESG.
Segundo Loureiro, a próxima década marcará o fim do compliance descritivo e do “cumprimos porque afirmamos cumprir”. Na nova economia regulatória, competitividade e sobrevivência serão definidas pela capacidade de provar — de forma digital, rastreável e integrada — cada requisito legal aplicado ao negócio.
Fonte: EDB Comunicação