O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Nacional de Mineração (ANM) realizaram, na quinta-feira (4), um seminário para apresentar o estudo “Qual a Importância do Brasil na Cadeia Global de Minerais Críticos da Transição Energética? Uma análise sobre Reservas, Produção, Comércio Exterior e Investimentos”, com a participação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), representada pelo Analista de Produtividade e Inovação Jorge Boeira.
O estudo mostra que, apesar de deter algumas das maiores reservas de minerais críticos do mundo, o Brasil perdeu espaço na produção global entre 2017 e 2023. Nesse período, a produção nacional de grafita recuou 8,4% ao ano, enquanto outros países registraram crescimento de 10,8%. Também houve queda em bauxita, cobalto, cobre, cromo, manganês e terras raras. Os únicos avanços foram no lítio, com aumento de 74,8%, e no zinco, com alta de 3,7%.
No seminário, representantes do Ipea, da ANM e da ABDI destacaram a distância entre o potencial brasileiro e sua produção efetiva. “O Brasil está numa posição privilegiada em reservas, mas a produção está muito aquém do esperado. A China, por exemplo, tem correlação quase perfeita entre reservas e produção. Nós estamos fora da linha”, afirmou Jorge Boeira, da ABDI.
O estudo também reforça o domínio da China sobre etapas-chave da cadeia global — reservas, produção, importação e refino. Em 2024, o país respondeu por 95% da grafita refinada, 91% das terras raras e do manganês, 78% do cobalto e 70% do lítio.
Os pesquisadores ressaltaram ainda que minerais antes considerados periféricos, como o lítio, ganharam importância estratégica com o avanço das baterias para veículos elétricos. Embora o Brasil tenha reservas expressivas, ainda enfrenta desafios para converter potencial geológico em produção ativa. Entre as recomendações do estudo estão aprimoramento regulatório, investimentos, modernização da infraestrutura e fortalecimento ambiental.
“Estamos diante de uma mudança estrutural que não acontecerá de novo. As decisões tomadas agora moldarão as matrizes energéticas e industriais das próximas décadas. O Brasil tem condições de ser protagonista, mas só será se agir”, destacou Rafael Leão, do Ipea.
Boeira reforçou que ampliar a produção mineral e adotar mecanismos de controle estratégico será fundamental para o país. “Não há política mineral sem pensar na industrialização. E, sem mineração, não há transição energética”, afirmou.
Confira, abaixo, a íntegra do seminário.
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/seminario-discute-desafios-e-oportunidades-do-brasil-na-cadeia-global-de-minerais-criticos/