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Política industrial reforça papel do Nordeste e acelera ações de inovação e competitividade

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, afirmou, nesta quinta-feira (4), que a política industrial Nova Indústria Brasil (NIB) estabelece o Nordeste como um polo estratégico do desenvolvimento nacional e que investimentos estruturantes já promovem crescimento acima da média do país. Ele participou do CB Debate: Os Avanços do Nordeste, realizado pelo jornal Correio Braziliense, em Brasília. O evento contou também com a presença do ministro da Previdência, Wolney Queiroz, além de outros representantes do governo, da academia e do setor produtivo.

Como integrante do painel “Desenvolvimento Integrado e Políticas Públicas”, Cappelli destacou que a atuação da ABDI tem sido importante para acelerar a transformação digital, fortalecer cadeias produtivas e ampliar a capacidade tecnológica de setores-chave da economia regional.

“Nós temos trabalhado intensamente na região com programas que aceleram a digitalização da indústria, ampliam a competitividade e conectam empresas a novas oportunidades tecnológicas. Falar de Nordeste hoje é falar do futuro do Brasil”, afirmou

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Cappelli lembrou que, após sete anos, o país voltou a contar com uma política industrial. Lançada em janeiro de 2024, a NIB é uma resposta do Governo Federal para impulsionar a neoindustrialização. A política estabelece metas específicas em seis missões que abrangem infraestrutura, moradia e mobilidade, agroindústria, complexo industrial da saúde, transformação digital, bioeconomia, transição energética e tecnologia de defesa.

Entre as iniciativas da ABDI nesse processo, o presidente destacou o programa Digital.BR, voltado à transformação digital da indústria nordestina. O programa já atendeu mais de 700 empresas por meio de editais que conectam indústrias locais a institutos de tecnologia e universidades.

Ele também mencionou o E-commerce.BR, criado para enfrentar a disparidade regional no comércio eletrônico. Segundo dados do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional, o Nordeste responde por apenas 7% das vendas online, enquanto Sul e Sudeste superam 70%. O programa oferece suporte para digitalização, estratégias de marketing e ações para apoiar a inserção competitiva das empresas regionais no mercado digital. “Queremos que o Nordeste use sua pujança também para ocupar espaço no comércio eletrônico, hoje concentrado no Sul e no Sudeste”, declarou.

O agronegócio regional também integra as ações da Agência. Por meio de editais, a ABDI seleciona e financia tecnologias inovadoras, exigindo como contrapartida a aplicação prática das soluções em propriedades e empresas rurais. Um dos destaques é a plataforma Neo Agro 4.0, que reúne dados e conecta atores do ecossistema de inovação, acelerando a adoção tecnológica e fortalecendo a competitividade do agronegócio nordestino.

Outro eixo de atuação é a democratização do uso do Building Information Modeling (BIM) nos processos de licitação de obras e serviços de arquitetura e engenharia. A ABDI promove workshops para capacitar gestores públicos de estados e municípios no uso da metodologia. Os seminários já foram realizados em Sergipe, Maranhão e Piauí e devem alcançar outros estados.

Cappelli também apresentou ações desenvolvidas em parceria com governos estaduais e prefeituras, como o projeto com o Governo da Bahia para capacitar pequenos agricultores para a plantação do agave com foco na produção de biocombustível. As ações incluem mapeamento, capacitação e acompanhamento técnico para micro e pequenos empreendedores agrícolas. Aproximadamente 400 produtores dos 20 municípios do Território de Identidade do Sisal serão beneficiados.

Além disso, nesta semana, a ABDI firmou convênio de R$ 3,5 milhões com a prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe (PE) e o Instituto Meio Ambiente de Pernambuco (IMOA), para criar a primeira usina de reciclagem de têxteis da região. O novo centro terá capacidade para processar até 200 toneladas de resíduos têxteis por mês, ampliando a economia circular na região e fortalecendo a competitividade do setor.

O painel contou ainda com Cassiano Pereira, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEPB), que representa cerca de 11 mil indústrias no estado. “Temos que buscar na capacidade da indústria nordestina um modelo de desenvolvimento que seja bom para todos”, disse. Já a professora do departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Adriana Amado, destacou que o recente crescimento do Nordeste se deve a políticas públicas que mudaram a dinâmica econômica.

Segundo ela, a região historicamente seguia trajetória de divergência, revertida por políticas sociais e educacionais dos anos 2000, como o Bolsa Família e a expansão das universidades federais, que funcionaram como “políticas implícitas” de desenvolvimento regional. A professora alertou, porém, que juros altos e restrições fiscais seguem como entraves.

Nordeste como eixo estratégico para NIB

Antes do painel, o secretário de Desenvolvimento Industrial do MDIC, Uallace Moreira, afirmou que o Nordeste é eixo estratégico da NIB. Ele lembrou que a concentração econômica no Sul e Sudeste decorreu de decisões estatais, e não de vantagens naturais. “O Nordeste tem potenciais competitivos, vantagens herdadas e construídas que podem ser fortalecidas com políticas públicas”, disse.

Moreira ressaltou que, com a NIB, diversas ações contemplam a região Nordeste do país, como a reformulação da Lei de Informática, a ampliação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (PADIS), a prorrogação do regime automotivo até 2033, impulsionando projetos como os da Stellantis em Pernambuco, e a implementação do Plano Nacional de Datacenters, que favorece a instalação da cadeia produtiva no Nordeste.

Mais cedo, na abertura do evento, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, defendeu continuidade das políticas públicas na região. “Basta investir e dar as condições que o povo nordestino consegue fazer essa superação. Espero que as políticas públicas destinadas ao Nordeste não parem e não dependam do governo de plantão”, afirmou.

O CB Debate: Os Avanços do Nordeste teve mediação dos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Denise Rothenburg, ambos do Correio Braziliense. 

Fotos: Helio Montferre/ABDI

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/politica-industrial-reforca-papel-do-nordeste-e-acelera-acoes-de-inovacao-e-competitividade/

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