Economistas costumam insistir que a questão fiscal está no centro dos problemas macroeconômicos globais. Fato é que, nos mercados emergentes, essa questão se torna ainda mais evidente.
Quando um governo gasta sistematicamente mais do que arrecada, sem apresentar um plano crível de ajuste, o desfecho aparece na forma de inflação persistente, juros elevados, câmbio volátil e, no fim das contas, perda de renda real para a população mais vulnerável.
Um estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) — chamado The Impact of Fiscal Policy on Inflation Expectations — reforça essa dinâmica. A pesquisa mostra que, em economias emergentes, um esforço consistente de consolidação fiscal, especialmente por meio da redução de despesas, tende a reduzir as expectativas de inflação. Isso ocorre porque agentes econômicos, investidores e consumidores passam a acreditar que a pressão sobre os preços será menor no futuro. E quando essa expectativa se torna generalizada, ajuda a conter a inflação, criando um círculo virtuoso de credibilidade e estabilidade.
O ponto mais intrigante do estudo é a diferença entre emergentes e economias avançadas. Nos países ricos, bancos centrais contam com reputação sólida e autonomia institucional, o que lhes permite manter a inflação sob controle mesmo quando o governo se afasta temporariamente do equilíbrio fiscal.
Já nos emergentes, qualquer sinal de deterioração das contas públicas acende alertas imediatos. O receio de que o governo recorra à emissão monetária ou tenha dificuldades para honrar a dívida pressiona o câmbio, alimenta a inflação e fragiliza a confiança.
A análise também indica que a magnitude do ajuste importa. Pequenas correções não alteram substancialmente o cenário. No entanto, quando o governo se esforça — melhorando o saldo primário em mais de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) —, os efeitos sobre as expectativas inflacionárias se tornam marcantes. Esse impacto é ainda maior nos países que já lidam com inflação elevada ou trajetória de dívida considerada insustentável.
Outro ponto interessante diz respeito ao tipo de ajuste. Cortes de gastos costumam produzir resultados mais efetivos do que aumentos de impostos. Ao reduzir despesas, o governo sinaliza compromisso com a sustentabilidade da dívida. Já elevações tributárias, principalmente sobre os itens que influenciam diretamente os preços (como impostos sobre consumo), podem elevar a própria inflação esperada, anulando parte do benefício fiscal.
O estudo ressalta ainda o papel fundamental das instituições. Quando um país conta com um banco central independente, regras fiscais estáveis ou âncoras de credibilidade bem estabelecidas, o reflexo negativo de políticas fiscais expansionistas tende a ser menor. Em contrapartida, onde essas estruturas são frágeis, qualquer desvio fiscal amplifica a percepção de risco e deteriora rapidamente o ambiente macroeconômico.
Em última instância, equilíbrio fiscal não é apenas um debate técnico reservado a economistas. Trata-se de um instrumento fundamental para assegurar estabilidade, atrair investimentos e melhorar o bem-estar da população. Países com contas organizadas têm mais espaço para investir em Saúde, Educação e Infraestrutura, sem gerar inflação descontrolada ou ampliar a dívida de modo insustentável. Por isso, quando um economista defende o controle do déficit ou a necessidade de cortar gastos, a discussão vai além de planilhas.
É preciso preservar o poder de compra, proteger a economia de crises recorrentes e construir um futuro mais próspero e previsível para toda a sociedade.
Fonte Oficial: https://www.contabeis.com.br/artigos/73978/por-que-o-equilibrio-fiscal-e-importante-para-os-paises-emergentes/