O pavilhão da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) na Green Zone da COP30, em Belém, encerrou nesta quinta-feira, 20/11, sua programação na conferência com um dia de painéis sobre os caminhos práticos rumo a uma economia de baixo carbono. As conversas entre especialistas abordaram temas centrais da transição climática, como certificações de circularidade, descarbonização industrial e logística reversa como eixo estruturante da economia circular.
As atividades tiveram início com o painel “Economia Circular com Credibilidade: o Papel das Certificações na Construção de Cadeias Sustentáveis”, que destacou como certificações independentes fortalecem práticas circulares ao garantir rigor, transparência e confiabilidade. Entre os temas debatidos, destaque para desafios na implementação de modelos circulares, certificações de gestão de resíduos, reciclagem, reuso, carbono neutro e avaliação de ciclo de vida e casos reais de empresas que já adotam modelos certificados com resultados comprovados.
O encontro reuniu o gerente de Desenvolvimento de Negócios da empresa de testes, inspeção e certificação SGS, Gustavo Venda, também especialista em ESG; o fundador da Zeros, startup gestora de metodologias globais que integra normas, educação e tecnologia para apoiar empresas na prática da sustentabilidade, Matheus Peçanha; e o gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa de ração animal Special Dog Company, João Paulo Figueira, que trouxe práticas e aprendizados da indústria.
“É importante participar de um painel que trata da questão da economia circular sob a ótica das certificações, sobretudo mostrando como podem trazer credibilidade para mais este mecanismo de sustentabilidade que as empresas podem adotar”, disse Venda. “Importante juntar estes atores neste momento, que traz a realidade operacional de sustentabilidade.”
Construção de estratégias
Lideranças industriais e setoriais discutiram, em seguida, soluções concretas para reduzir emissões em setores cuja descarbonização é mais complexa, como é o caso do alumínio, da química, do vidro e do cimento.
Moderado pela analista de Políticas e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Larissa Malta, o painel “Circularidade na Indústria: Caminhos para Descarbonizar Setores Hard-to-Abate” contou com a gerente de Relações Governamentais da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), Roberta Versiane, e o líder de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), Gonzalo Visedo.
Larissa chamou atenção para o fato de a COP em Belém ser a primeira conferência do clima na qual a economia circular é inserida como temática na programação. “O foco da crise climática está muito centrado na transição energética, na eficiência energética e acho que a inserção da economia circular entra com a necessidade de repensar novos modelos econômicos”, observou. “Ou seja, a gente tem que introduzir uma nova forma de extrair e processar os produtos.”
O encontro tratou da construção de estratégias práticas de circularidade com foco na escalabilidade de iniciativas que combinem inovação, competitividade e sustentabilidade. A intenção foi demonstrar como a circularidade de materiais pode acelerar a transição industrial em favor da redução de emissões, compartilhar experiências já adotadas pelos setores e estimular a criação de soluções conjuntas que fortaleçam a indústria brasileira.
Foi igualmente levado a discussão a necessidade de se gerar resultados estratégicos, a exemplo do engajamento de diferentes setores na circularidade como mecanismo de mitigação climática; a identificação de oportunidades de cooperação entre indústria, governo e setor financeiro; e a consolidação de recomendações práticas para orientar políticas públicas e ações privadas durante e após a COP30.
Logística Reversa
A programação do pavilhão da ABDI na COP30 foi encerrada com o debate “Logística Reversa como Ferramenta para a Economia Circular”. O painel apresentou os principais instrumentos, programas e desafios que estruturam o retorno de produtos e embalagens ao ciclo produtivo, etapa crucial para quebrar o modelo linear de “extrair, usar e descartar”.
O painel reuniu a presidente executiva da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) e da Prolata Reciclagem, Thais Fagury, há quase 20 anos à frente da agenda de ESG e de economia circular no setor de embalagens de aço; o diretor executivo de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos (Abihpec) e líder do programa Mãos pro Futuro, Fabio Brasiliano, referência nacional em logística reversa desde 2006; e a gerente de Projetos da Prolata, Cristine Fulchini, especialista em embalagens pós-consumo.
Sob moderação da gerente de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Cindy Moreira, pesquisadora com mais de 20 anos de atuação em mudanças climáticas, resíduos e emissões de gases de efeito estufa, a discussão apresentou dois dos maiores programas de logística reversa do país: Prolata Reciclagem e Mãos pro Futuro, ambos amparados por uma base sólida de apoio às cooperativas de catadores e catadoras, protagonistas da revalorização das embalagens pós-consumo. Tratou, também, da logística reversa como um dos pilares mais estratégicos da economia circular – não apenas ambientalmente, mas também na geração de trabalho, renda e inclusão social de milhares de profissionais da reciclagem.
Foto: Bárbara Brilhante
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/circularidade-logistica-reversa-e-descarbonizacao-encerram-programacao-da-abdi-na-cop30/