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ABDI abre 2ª semana da COP30 com reflexões sobre bioeconomia amazônica e redesenho de cadeias produtivas

A segunda semana de programação oficial da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) na 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, teve início com painéis estratégicos promovidos pela Agência que reuniram especialistas, gestores públicos e representantes do setor produtivo para discutir caminhos concretos que consolidem modelos econômicos sustentáveis.

Dedicados a temas como bioeconomia amazônica, redesenhos de cadeias produtivas e reciclagem, os encontros reforçaram a necessidade de aprofundar políticas públicas e iniciativas territoriais que impulsionem o desenvolvimento sustentável na região Norte.

Pela manhã, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) apresentou o painel “Bioeconomia Amazônica em Ação: Planos Regionais e Estaduais e Transformação Real” (foto), no qual foram destacadas experiências práticas e caminhos para consolidar modelos econômicos sustentados pela floresta em pé. A discussão conectou políticas públicas, iniciativas territoriais e desafios de implementação em uma região marcada pela diversidade sociocultural e pela necessidade de soluções de longo prazo.

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O representante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Willian Silva, detalhou as ações em andamento pela pasta e ressaltou o lançamento do programa Prospera Socioeconômica, orientado pela ministra Marina Silva. O programa, que envolve parcerias com FAS, BNDES, Banco Mundial, BID, PNUD e outras instituições, irá estruturar núcleos de desenvolvimento em 30 territórios prioritários da Amazônia Legal, com as primeiras seis chamadas públicas previstas para o início de 2026.

“O plano tem quatro componentes: socioeconomia, biomassa, bioindústria e ecossistemas terrestres e aquáticos. O documento funcionará como um guia estratégico para ações a partir de 2025, com metas definidas até março do próximo ano”, explicou Silva, no painel, encerrado com um destaque à participação comunitária como elemento indispensável para o êxito das políticas de bioeconomia na região.

Economia Circular e Transformação Produtiva

O segundo painel da programação abordou como setores que hoje enfrentam os maiores desafios ambientais podem se tornar protagonistas da transição para a economia circular. A discussão mostrou que a bioeconomia circular associa crescimento econômico ao uso eficiente de recursos naturais por meio de novos modelos de negócio e da otimização de processos produtivos.

O painel analisou como setores produtivos podem adotar processos mais limpos, eficientes e sustentáveis. A discussão também trouxe uma provocação central: setores historicamente desafiadores para a sustentabilidade podem, agora, assumir protagonismo na transição energética.

No debate, especialistas ressaltaram que inovação e tecnologia são essenciais para redesenhar cadeias produtivas, especialmente em setores como o têxtil. Empresas precisam atuar de forma integrada com universidades, centros de pesquisa, governos e demais segmentos da sociedade para ampliar alternativas sustentáveis e fortalecer novos modelos econômicos.

“Esta semana é fundamental porque mostra, na prática, como a bioeconomia e o programa Recircula Brasil podem orientar uma agenda de futuro para o Brasil e para a Amazônia”, disse a gerente de Sustentabilidade da Novo Nordisk, Patrícia Byington, com menção à plataforma de rastreabilidade da ABDI cuja ampliação foi anunciada em cerimônia ao final da tarde com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Certificação: práticas sustentáveis e responsabilidade corporativa

O painel que abriu a tarde, “Origem Sustentável: como o ESG transforma a cadeia calçadista brasileira”, apresentou a transformação em curso na indústria nacional do setor, que tem incorporado práticas ambientais, sociais e de governança como parte estratégica dos negócios. A discussão destacou a “Origem Sustentável”, única certificação no mundo desenvolvida especificamente para a cadeia calçadista com base nos pilares ESG (Environmental, Social and Governance).

A iniciativa, liderada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), reúne mais de 100 empresas comprometidas em fortalecer processos responsáveis, agregar valor às operações e ampliar a competitividade global do calçado brasileiro, reconhecido como uma das indústrias mais sustentáveis fora da Ásia.

“O nosso painel mostrou que o ESG veio para ficar e que hoje ele é parte estrutural das empresas que querem ser sustentáveis, tanto do ponto de vista ambiental quanto de negócios, afirmou o gerente de Estratégia e Marketing da Abicalçados, Christian Schlindwein. “A COP é essencial para dar visibilidade ao tema e para mostrarmos ao mundo que o Brasil tem uma das indústrias calçadistas mais sustentáveis do planeta”, completou.

O painel “Descarbonização na Indústria: diferenciais competitivos da indústria brasileira no cenário internacional” veio a seguir, com pensamentos sobre como a agenda climática vem redefinindo a competitividade global e exigindo preparo técnico da indústria nacional.

A discussão destacou o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a ABDI e o Ministério da Fazenda voltado a compreender os impactos do Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), mecanismo de ajuste de carbono europeu, nos setores produtivos brasileiros e nas pequenas e médias empresas, mais vulneráveis aos custos de adaptação.

“É essencial entender metodologias, prazos e como esses instrumentos, vindos da União Europeia e do Reino Unido, vão afetar nossa indústria. Com o apoio técnico da ABDI, conseguimos avaliar riscos, preparar respostas e proteger a competitividade das empresas brasileiras, especialmente das pequenas e médias, que têm maior custo de adequação”, afirmou a subsecretária de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda, Ana Carolina Grottera. “Esta parceria é estratégica para garantir que o Brasil responda de forma robusta às exigências internacionais.”

Alumínio

A programação no pavilhão da ABDI na COP30 foi encerrada com destaque ao papel estratégico do alumínio na transição para uma economia de baixo carbono. O debate deu sequência à assinatura do ACT da Agência com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) que marcou a inserção da cadeia do metal leve na plataforma Recircula Brasil.

Sob o tema “Reciclagem e Inclusão: o alumínio brasileiro na vanguarda da circularidade global”, discutiu-se a capacidade de o Brasil assumir protagonismo global no setor, apoiado por uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e por índices de reciclagem muito superiores à média internacional.

“O que a gente quis mostrar neste painel é como uma integração entre indústria, tecnologia, políticas públicas e catadores cria um modelo brasileiro de circularidade que pode inspirar o mundo, mostrar que há um passo fundamental para que a gente possa conseguir avançar na ampliação, na alavancagem da nossa circularidade”, disse a presidente da Abal, Janaína Donas.

Atualmente, cerca de 60% do alumínio consumido no país vem da reciclagem, patamar que é mais do que o dobro do registrado globalmente. A intensidade carbônica do alumínio brasileiro, por sua vez, é considerada 300% menor que a média mundial. Os percentuais colocam o Brasil em posição privilegiada para atender a exigências internacionais de comprovação ambiental, especialmente o CBAM.

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-abre-2a-semana-da-cop30-com-reflexoes-sobre-bioeconomia-amazonica-e-redesenho-de-cadeias-produtivas/

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