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ABDI inova na COP30 e promove dia inédito dedicado a eficiência energética

A programação deste sábado (15/11), no Pavilhão da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) na COP30, em Belém, foi inteiramente dedicada ao Dia Temático de Eficiência Energética, uma escolha que reforça o compromisso da agência com a integração entre indústria, inovação e descarbonização. Com debates que abordaram tecnologia, competitividade e inclusão, os painéis reuniram representantes do Executivo e Legislativo federais, organizações internacionais e empresas privadas para discutir como as políticas, as regulações e os incentivos podem colocar a eficiência energética no centro das estratégias climáticas e industriais do Brasil.

A cerimônia de abertura do Dia Temático trouxe uma ampla articulação institucional conduzida pela analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Márcia Oleskovicz. As autoridades presentes destacaram a necessidade de alinhar inovação, inclusão e competitividade com as pessoas no centro das políticas de sustentabilidade.

“As discussões na COP30 precisam perpassar a questão da eficiência energética. A transição energética não vai acontecer se a gente ignorar a questão da eficiência energética. Nós temos mais de 90% da nossa matriz elétrica limpa, mas ela tem custo. Ela tem um custo financeiro, social e ambiental”, alertou Marcia.

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“A gente precisa saber tratar e utilizar melhor a energia limpa que a gente produz. Além disso, a eficiência energética não é falada. Ela tem um impacto dentro da casa das pessoas, até nas plantas industriais, ela perpassa por todo o sistema e, mesmo assim, não é falada. E é preciso que a gente comece a colocar a eficiência energética na pauta das pessoas”, explicou a analista.

Também estiveram na abertura representantes do Governo Federal, do setor produtivo e de organizações internacionais, entre eles a secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Júlia Cruz; o diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Leandro Andrade; o deputado federal Bandeira de Mello, membro das comissões de Minas e Energia e de Meio Ambiente e vice-presidente de Eficiência Energética da Frente Parlamentar de Energia da Câmara dos Deputados; o diretor de Estratégia e Impacto, da CLASP, Bishal Thapa; e o CEO Brasil da fabricante de ar-condicionado Daikin, Roberto Yi.

“O MDIC tem como preocupação não apenas descarbonizar a economia, mas fazer isso de uma forma que torne a nossa indústria realmente competitiva, que coloque as pessoas no centro, aquelas que estão ligadas aos biomas, porque são elas as mais impactados pelas mudanças climáticas”, disse Julia.

“Então, estas pessoas precisam ter um projeto de desenvolvimento disponível, alinhado com as metas do clima, alinhado com o projeto de inclusão social que a gente tem no Brasil. Se esse caminho não estiver disponível, elas vão buscar outros. Neste sentido, a eficiência energética é o ponto zero de qualquer estratégia de descarbonização”, complementou a secretária do MDIC.

O que é a eficiência energética

Eficiência energética é, de forma geral, a utilização racional e eficaz da energia com o objetivo de atender às necessidades humanas sem afetar o meio ambiente. Isso compreende medidas em prol da redução do consumo de energia, melhorias da eficiência de equipamentos e processos e o aumento do uso de fontes de energia renováveis em favor da sustentabilidade e da redução de custos.

De acordo com Bandeira de Mello, esta é a primeira vez que o tema ganha protagonismo entre os debates realizados em uma Conferência das Partes.

“Essa é minha quinta COP. A primeira foi há 20 anos, em Montreal, e essa é a primeira vez que temos um evento, um dia todo dedicado à eficiência energética”, revelou. “E isso, para mim, é motivo de muita alegria, porque ela é a fonte de energia mais barata que a gente tem, a mais limpa e verdadeiramente negativa e, no entanto, apesar de todas essas qualidades, a eficiência energética sempre foi o patinho feio de setor.”

Segundo o deputado, o Legislativo tem tomado várias atitudes neste sentido, com forte atuação das comissões de Meio Ambiente e de Energia e uma frente parlamentar de energia e recursos naturais estruturada com uma vice-presidência de eficiência energética.

“Essa vice-presidência é uma iniciativa inédita dentro do Parlamento. Eu tenho certeza que, a partir dela, vamos poder avançar na legislação que a gente precisa para tornar real essa pauta do planejamento energético, da eficiência energética, de todas essas políticas de Estado que a gente precisa desenvolver nesta direção”, complementou Mello.

Caminho irreversível

A abertura do dia foi seguida pelo painel “Eficiência energética como ponto de partida da transição limpa”, debate que reuniu o presidente do Departamento Nacional de Meio Ambiente (Abrava), Thiago Quetrobon; o diretor técnico-executivo da Itaipu Binacional, Renato Sacramento; a gerente no Brasil da CLASP, Edilane Camilo; e, mais uma vez, o deputado Bandeira de Mello.

O encontro discutiu como tecnologias, padrões regulatórios e inovação podem impulsionar a produtividade e reduzir o consumo em larga escala.

Sacramento observou, no painel, que a transição energética é um caminho irreversível visto que a humanidade não sobreviverá com o atual grau de emissões de gás de efeito estufa que se acumula ao longo dos anos. Seu objetivo, no entanto, vai além. “Para a Itaipu, a transição energética não pode ser só uma questão de redução de gás de efeito estufa. A gente entende que é uma oportunidade de desenvolvimento, de crescimento para a sociedade brasileira.”

O diretor da Itaipu Binacional informou o lançamento do programa “Itaipu Mais que Energia”, destinado a contribuir em todos os eixos que foram criados na agenda de ações de sua pasta. “A Itaipu sempre teve essa preocupação e, cada vez mais, dedica parte da força do seu trabalho, dos seus recursos, para levar essa transição energética a toda a população, principalmente aqueles mais necessitados”, concluiu.

Política pública efetiva

O painel “Regulação, políticas e incentivos que transformam” deu continuidade às discussões refletindo sobre formas de transformar a eficiência energética em política pública efetiva, para além das normas, e com fortalecimento da coordenação institucional no país.

O especialista em Regulação da ANEEL, Aurélio Melo Jr.; o diretor do Departamento de Informações, Estudos e Eficiência Energética do MME, Leandro Andrade; a diretora de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia do Inmetro, Danielle Assafin; e a superintendente de Gestão do ENBPar/Procel, Juliana Tadeu, abordaram desafios e oportunidades para aprimorar o arcabouço regulatório, modernizar testes e certificações, impulsionar inovação tecnológica e ampliar programas de incentivo.

O objetivo central do painel foi compreender quais medidas – regulatórias, institucionais e econômicas – podem acelerar a adoção de tecnologias eficientes, gerar competitividade e tornar a eficiência energética um instrumento estratégico para o desenvolvimento nacional.

“É importante a gente discutir como fazer a implementação dessas políticas de eficiência energética, como é que a gente organiza este conjunto de ações, tanto do Ministério de Minas e Energia, mas também do Ministério de Indústria e suas vinculadas”, refletiu Leandro Andrade.

“Com essa discussão, a gente consegue nivelar a comunicação, reduzir a simetria de informação entre as iniciativas e, também, começar a coordenar e apresentar melhor para o público da COP30 quais são essas ações, quais são as prioridades vistas pelo ministério para a gente consolidar e fortalecer a nossa política”, concluiu o diretor do MME.

Inovação, competitividade e infraestrutura tecnológica

As novas tecnologias também integraram as conversas no Pavilhão ABDI. Empresas e instituições que representam o melhor da indústria nacional e internacional de inovação conversaram, à tarde, sobre como o avanço tecnológico pode reduzir emissões, gerar eficiência, fortalecer as cadeias produtivas e posicionar o Brasil como protagonista da transição energética industrial.

O encontro propôs um novo olhar para a base tecnológica da transformação, um espaço onde ciência, indústria e inovação se encontram. A eficiência energética, afinal, não nasce apenas de decisões políticas, mas de inovação contínua: motores mais inteligentes, compressores menores e mais eficientes, sistemas de controle eletrônico capazes de otimizar o consumo em tempo real.

Participaram da roda de conversa o diretor de P&D da Nidec Global Appliance, líder mundial em compressores e motores elétricos, Ronaldo Duarte; o analista ESG da WEG, empresa referência em soluções para a transição energética e a eletrificação industrial, Charles Belettini Hahn; o gerente sênior de Engenharia de Produtos da Daikin Brasil, João Aureliano; e a diretora de Metrologia Científica, Industrial e Tecnologia do Inmetro, instituição que atua na base regulatória e científica que sustenta a competitividade da indústria, Danielle Assafin.

Entre os assuntos discutidos, a tecnologia de compressores “inverter”, que funciona sem ligar e desligar repetidas vezes para regular a temperatura do ambiente, mantendo-a agradável o tempo todo sem gastar mais energia para isso. A inovação trouxe mais eficiência energética às novas gerações de aparelhos de ar-condicionado de parede.

De acordo com Danielle Assafin, do Inmetro, a inovação fez com que o Inmetro criasse, em 2020, um novo padrão de etiquetagem de eficiência energética que deixa a identificação dos modelos mais eficientes muito mais fácil para o consumidor. “Os modelos com tecnologia inverter são os mais econômicos do mercado e foram responsáveis por desencadear a criação de novas classificações energéticas pelo Inmetro”, informou.

Emergência climática

A eficiência energética diante da emergência climática, as soluções de resfriamento sustentável, a justiça climática e a proteção às populações vulneráveis nortearam o último painel do dia no espaço da ABDI. Em foco, o aumento das ondas de calor, com pressão crescente por sistemas de refrigeração, preservação de alimentos e vacinas, e a necessidade de tecnologias de climatização de baixo carbono.

Três especialistas que atuam em diferentes frentes desse esforço internacional – o chefe de Relações Institucionais da Daikin Brasil, Leonardo Genofre, o diretor-geral do Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), Fernando Perrone, e Bishal Thapa – integraram um diálogo estratégico sobre como o Brasil pode liderar ações de adaptação climática e eficiência energética em um cenário de crescente emergência global.

Genofre apresentou a perspectiva da Daikin na produção de equipamentos de alta eficiência ao lado de Perrone, que destacou caminhos para fortalecer a refrigeração sustentável no país.

Thapa, por sua vez, formulou uma visão ampla sobre políticas e tecnologias de climatização sustentável. “Para mim, essa é a COP da integridade. E integridade significa disponibilizar a informação real. A eficiência de energia precisa ser informada a governos, à indústria e aos consumidores. E eu quero viver com essa esperança de que a eficiência energética é um dos aspectos mais críticos para alcançar os objetivos Net Zero”, afirmou o diretor da Clasp.

“Temos a tecnologia, temos a compreensão, temos a confiança de que podemos fazer isso. Nós só temos que ter certeza de que essa informação é disponível para todos. E, então, eu espero que a COP da integridade nos ajude a oferecer essa informação também”, completou.

Foto: Fábio Viana

Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/abdi-inova-na-cop30-e-promove-dia-inedito-dedicado-a-eficiencia-energetica/

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