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<![CDATA[O que esperar da COP30?]]

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Por José Goldemberg e Cristiane Cortez*

Após três décadas de conferências, as emissões de carbono seguem crescendo, aquém dos compromissos internacionais firmados em Kyoto e Paris. Nesse quadro, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém do Pará, impõe ao Brasil uma responsabilidade especial: propor caminhos que tornem as metas exequíveis, equilibrando ambição ambiental, desenvolvimento econômico e medidas de adaptação.

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Para fortalecer a capacidade das sociedades de enfrentar os inevitáveis efeitos do aquecimento global, é vital medir a adaptação climática. O País pode liderar esse debate, por meio de indicadores que reflitam a diversidade territorial e sejam aplicados em políticas duradouras de seguranças hídrica, alimentar e energética, e não como tema periférico ou emergencial.

Também são estratégicos o avanço das finanças sustentáveis e a regulamentação do mercado de carbono. Temos alto potencial para gerar créditos florestais, agrícolas e industriais, mas ainda carecemos de um sistema confiável. Regular esse mercado é transformar os ativos ambientais em oportunidades de desenvolvimento e garantir que os recursos cheguem a quem preserva ecossistemas.

A transição verde requer amplo financiamento, estimado em US$ 1,3 trilhão — no mínimo, US$ 300 bilhões anuais até 2035 para ações climáticas em países em desenvolvimento. Espera-se que a COP30 defina o roteiro para tal. O Brasil pretende triplicar o financiamento internacional não reembolsável para florestas mediante o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), para o qual destinou US$ 1 bilhão. O TFFF pagará anualmente países que preservem florestas tropicais, baseado em monitoramento por satélite, e atuará por dois eixos: o TFIF, fundo de investimento que capta recursos públicos e privados, e o TFF, que gerencia o programa e o sistema de recompensas.

O setor privado deve assumir papel central. Nenhuma política climática terá êxito sem o engajamento da Indústria, do Agronegócio, do Comércio, do Turismo e dos Serviços. Empresas podem gerar soluções sustentáveis em grande escala, desde que haja ambiente regulatório estável e incentivos alinhados com a descarbonização. Investimentos em eficiência energética, energias renováveis, economia circular e tecnologias limpas não são apenas ações de responsabilidade socioambiental, mas também estratégias empresariais inteligentes, inclusive para pequenos negócios.

Por fim, o País deve defender revisão e antecipação das metas climáticas, pois adiar compromissos eleva impactos e custos. Mesmo se não alcançar os seus objetivos, a COP30 terá valor ao ampliar a conscientização e manter o meio ambiente em pauta. Esses encontros têm caráter educativo, atraindo prefeitos, governadores, ONGs e entidades como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) — que não são negociadores como os governos nacionais, mas estimulam adoção de práticas sustentáveis. 

O combate à pobreza e ao aquecimento global são igualmente importantes e devem ser resolvidos conjuntamente, sem repetir os erros do passado, evitando a trajetória histórica de carbonização por meio de tecnologias de baixa emissão, como as energias renováveis, motor do desenvolvimento humano. 

Mais que reduzir carbono, é preciso mudar a cultura em prol da preservação e do uso equilibrado dos recursos naturais, como propõe a Agenda Verde da FecomercioSP. O futuro depende desse engajamento coletivo, fruto de discursos inspiradores traduzidos em ações verificáveis.

* José Goldemberg é ex-ministro do Meio Ambiente e presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP; Cristiane Cortez é assessora do mesmo conselho.

Artigo originalmente publicado no jornal Diário do Comércio em 6 de novembro de 2025.

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Fonte Oficial: https://www.fecomercio.com.br/noticia/o-que-esperar-da-cop30

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