A incorporação de operações bancárias diretamente em plataformas digitais está redefinindo a arquitetura dos negócios brasileiros. Conhecida como embedded finance, essa modalidade permite que companhias ofereçam transações, financiamentos ou gestão monetária sem precisar atuar como instituições reguladas pelo Banco Central.
Levantamento da Research and Markets, baseado em análises da PayNXT360, projeta expansão anual de 26,2% nesse segmento, com volume estimado de US$ 13,8 bilhões em 2029. O crescimento reflete demanda crescente por experiências fluidas nas jornadas de compra e relacionamento comercial.
Victor Papi, General Manager da Transfeera, instituição de pagamentos corporativos vinculada à PayRetailers, avalia que a tendência responde a necessidades concretas do mercado. Segundo ele, organizações buscam eliminar fricções operacionais enquanto ampliam receitas através de novos canais monetários.
Varejistas, aplicativos de mobilidade urbana e plataformas de comércio eletrônico lideram a adoção dessas ferramentas. Contudo, setores tradicionalmente conservadores, como agropecuária e manufatura, começam a experimentar arquiteturas financeiras digitalizadas, viabilizadas por interfaces de programação abertas.
“A complexidade técnica diminuiu significativamente. Qualquer operação online capaz de processar transações pode implementar funcionalidades bancárias”, afirma o executivo. Ele destaca que franquias e cooperativas apresentam potencial particular devido ao relacionamento continuado com consumidores, acesso privilegiado a informações transacionais e presença territorial consolidada.
Entre as vantagens mencionadas estão autonomia ampliada sobre fluxos monetários, redução de etapas burocráticas na finalização de vendas e simplificação dos processos de conciliação contábil. A transformação reposiciona recursos financeiros de obstáculo operacional para componente estratégico nas decisões corporativas.
O Brasil reúne características favoráveis para protagonizar essa evolução global. Infraestrutura como transferências instantâneas via Pix, sistema de compartilhamento de dados bancários através do Open Finance e arcabouço regulatório que estimula experimentação criam ambiente propício. Complementa esse cenário uma população crescentemente habituada a soluções digitais para gestão patrimonial.
Obstáculos permanecem no horizonte, especialmente relacionados à conformidade legal, seleção criteriosa de parceiros tecnológicos e integração com departamentos contábeis estabelecidos. Papi projeta que, entre 2028 e 2030, será corriqueiro acessar linhas de financiamento, realizar transferências ou abrir contas correntes em ambientes que não possuem licença bancária, mas operam respaldados por instituições regulamentadas.
Essa distribuição de responsabilidades permite que empresas expandam portfólios sem enfrentar processos regulatórios extensos, mantendo foco em suas competências originais enquanto especialistas cuidam da camada financeira.
O executivo contesta percepções de que a implementação demanda investimentos proibitivos ou expertise técnica inacessível. Segundo sua análise, parcerias adequadas permitem começar com soluções pontuais, como automação de cobranças ou antecipação de valores a receber, expandindo gradualmente conforme a maturidade organizacional.
Redes de franquias exemplificam esse potencial ao centralizar pagamentos de royalties, oferecer capital de giro para unidades ou criar programas de fidelidade baseados em cashback, tudo integrado às plataformas de gestão existentes. Cooperativas agrícolas podem disponibilizar financiamento de insumos diretamente nos portais de pedidos, eliminando intermediários.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/embedded-finance-deve-movimentar-us-13-bi/