*Por Rodrigo Terra
Há alguns anos, assistimos a um movimento curioso: influenciadores digitais que, percebendo os limites da monetização baseada apenas em views e publis, passaram a empreender. Hoje, vivemos uma inversão deste ciclo. São os executivos, CEOs, fundadores, líderes de inovação, que se veem desafiados a ocupar o papel de influenciadores. Não para vender produtos no varejo, mas para construir reputação, atrair confiança e participar de conversas estratégicas no universo B2B.
Esse fenômeno está menos ligado à vaidade pessoal e mais à lógica da nova economia da atenção, onde credibilidade e influência se tornaram ativos tão valiosos quanto capital.
Pesquisas recentes do LinkedIn mostram que 82% dos compradores B2B dizem ser diretamente influenciados por conteúdo produzido por especialistas e líderes de mercado. Não se trata de seguir uma tendência superficial de redes sociais, mas de compreender que a jornada de compra complexa – muitas vezes com comitês de decisão e transações milionárias – é permeada por confiança.
Nesse contexto, executivos que produzem conteúdo e se posicionam publicamente tornam-se uma espécie de “referência moderna”: o equivalente digital da recomendação de um colega de confiança durante um café. Essa voz humana devolve ao B2B algo que campanhas institucionais muitas vezes não conseguem entregar: autenticidade e proximidade.
O que estamos vendo é uma mudança de eixo. Se antes a comunicação corporativa era centralizada na marca e em seus canais oficiais, hoje se expande para incluir a presença ativa dos líderes. A autoridade já não está apenas no logotipo da empresa, mas no rosto e na voz daqueles que a representam.
Essa é uma transição estratégica. Ao compartilhar visões sobre tecnologia, sustentabilidade, inovação ou cultura organizacional, um executivo amplia o alcance da empresa e, ao mesmo tempo, constrói um patrimônio pessoal de reputação que transcende o cargo atual. Em tempos de volatilidade nos negócios, esse tipo de autoridade é duradoura.
Embora o LinkedIn seja o epicentro desse movimento, não podemos ignorar o papel de outros formatos “people-driven” (orientado para pessoas) na consolidação dos executivos como influenciadores B2B. Podcasts, newsletters, videocasts e até vídeos curtos transformaram-se em espaços de profundidade, nuance e humanização, contraponto necessário ao ruído das redes.
O que antes parecia território exclusivo de creators agora é também parte da agenda de C-levels e fundadores. Em 2025, inclusive, festivais como SXSW e Cannes Lions já abriram espaço para discutir a ascensão dos “B2B Creators”, um sinal claro de que o tema não é modismo, mas uma peça estratégica da comunicação empresarial.
Executivos-influenciadores não são uma anomalia; são uma resposta ao novo mercado. O avanço da inteligência artificial nas buscas e a queda do alcance orgânico forçam marcas a investir em canais baseados em pessoas, que transmitam confiança, experiência e relevância social.
A tendência aponta para um futuro em que empresas terão de cultivar não apenas marcas fortes, mas também vozes fortes, líderes que falem com consistência, conexão e verdade. No B2B, isso pode ser tão ou mais decisivo do que qualquer verba publicitária.
O desafio é grande: exige preparo, consistência editorial e disposição para encarar a exposição pública. Mas a oportunidade é maior ainda. Porque, no fim das contas, a pergunta que todo comprador B2B se faz é simples: em quem eu confio?
E cada vez mais, a resposta estará na voz de um líder que soube se tornar influenciador.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/executivos-influenciadores-b2b/