Varejista tem adotado postura mais prudente ao reduzir pedidos e alongar prazos de reposição de estoques
O cenário para o Comércio Atacadista em 2025 é de cautela. A nova edição da Carta Setorial do Conselho do Comércio Atacadista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que, após um início de ano positivo, as vendas do setor começaram a perder ritmo, refletindo a desaceleração do consumo das famílias e os efeitos dos juros ainda elevados. O faturamento acumulado até agosto apresentou leve queda de 0,1%, com retrações seguidas desde junho, quando o recuo chegou a 3,9% [tabela 1].
[TABELA 1]
VARIAÇÃO DO FATURAMENTO REAL SOBRE O MESMO MÊS DO ANO ANTERIOR
Mesmo assim, há um ponto positivo: o mercado de trabalho segue aquecido. O levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta aumento de 3,3% nas vagas formais do setor no período, com saldo positivo em todas as atividades. Os destaques ficaram por conta dos segmentos de produtos não alimentares e de alimentos, bebidas e fumo, que somaram quase 8 mil novos postos.
Pressão no consumo
A pesquisa da FecomercioSP sobre endividamento e inadimplência destaca que o orçamento das famílias continua apertado, com 73% dos paulistanos endividados e quase 10% inadimplentes até setembro. Isso tem freado o consumo e, consequentemente, o ritmo de compras do Varejo, afetando diretamente o desempenho do Atacado.
Segundo a Federação, o varejista tem adotado uma postura mais prudente, ao reduzir pedidos e alongar prazos de reposição de estoques. A estratégia diminui o giro de mercadorias e pressiona o faturamento atacadista.
Por outro lado, os preços no setor vêm mostrando tendência de desaceleração. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) aponta retração nos custos, refletindo uma economia mais fraca, enquanto a inflação ao consumidor (INPC) se mantém estável, sem grandes variações. Esse quadro sugere alívio gradual nos preços ao público e um ambiente mais previsível para os empresários.
As projeções da FecomercioSP ainda indicam inflação de 4,8% e taxa Selic média de 15% ao ano em 2025, com expectativa de redução em 2026, o que pode favorecer o crédito e os investimentos no setor.
Olhar para frente: resiliência e eficiência
A expectativa é de leve recuperação nas vendas até o fim do ano, acompanhando o aumento da demanda em períodos sazonais e o desempenho de setores essenciais e tecnológicos. O recado da FecomercioSP é claro: 2025 é um ano de resistência estratégica, e não de expansão. O empresário atacadista deve agir com cautela e buscar eficiência operacional, inovação tecnológica e disciplina financeira.
Dentre as recomendações da Entidade, destacam-se foco em digitalização, preservação do caixa e proteção das margens. Esses diferenciais podem garantir competitividade e preparar as empresas para aproveitarem melhor o ciclo de retomada que deve vir a seguir.
Acesse a Carta Setorial completa do Conselho do Comércio Atacadista da FecomercioSP e confira a análise detalhada do trimestre.
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Fonte Oficial: https://www.fecomercio.com.br/noticia/comercio-atacadista-perde-ritmo-mas-mantem-empregos-e-deve-ter-leve-recuperacao-ate-final-de-2025