Painel conduzido pelos jornais O Globo, Valor Econômico e rádio CBN reuniu especialistas do mercado financeiro para analisar perspectivas para juros, câmbio e investimentos com especialistas do mercado financeiro
A edição especial da série de debates Caminhos do Brasil, realizado nesta terça-feira (14), durante o CNC Global Voices 2025, reuniu representantes do mercado financeiro para discutir as perspectivas da macroeconomia brasileira. A mesa contou com a mediação de Luciana Rodrigues, editora de Economia de O Globo, e Alex Ribeiro, repórter especial do Valor Econômico, que conduziram o debate com perguntas sobre volatilidade dos mercados, política monetária e ambiente de negócios.
O Caminhos do Brasil é promovido por O Globo, Valor Econômico e Rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, por meio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do Sesc, do Senac e de suas Federações. O evento integra a programação da segunda edição do Global Voices, realizado no Grand Hyatt São Paulo.
Volatilidade e incertezas no mercado
Ao abrir o painel, Alex Ribeiro destacou a recente oscilação da Bolsa e questionou o que estaria por trás das mudanças de humor do mercado. Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez, apontou que a virada ocorreu após declarações sobre uma nova ameaça tarifária internacional, o que provocou aumento do câmbio e queda nas bolsas. “Não é fácil entender o Brasil e o mundo ao mesmo tempo”, comentou. Ele ressaltou que a volatilidade reflete o peso das incertezas externas e o comportamento dos investidores estrangeiros.
O fundador da Encore Capital, João Braga, também analisou o curto prazo do mercado. Ele observou que os investidores brasileiros estão mais sensíveis a movimentos imediatos e que “nunca o mercado esteve tão voltado para o curto prazo como agora”. Segundo ele, fatores externos, como políticas fiscais em grandes economias e oscilações cambiais, têm influenciado diretamente a precificação dos ativos locais.
Desafios fiscais e perspectivas para o crescimento
A mediadora Luciana Rodrigues introduziu o tema fiscal, lembrando que o equilíbrio das contas públicas é uma das maiores preocupações do País e questionando como isso afeta o ambiente de investimentos. Para Erminio Lucci, a questão fiscal será central nos próximos anos. “O desafio é mostrar intenção e capacidade de fazer o ajuste. Só o sinal de compromisso já influencia positivamente o mercado”, afirmou.
A mediadora Luciana Rodrigues introduziu o tema fiscal, lembrando que o equilíbrio das contas públicas é uma das maiores preocupações do País e questionando como isso afeta o ambiente de investimentos. Para Erminio Lucci, a questão fiscal será central nos próximos anos. “O desafio é mostrar intenção e capacidade de fazer o ajuste. Só o sinal de compromisso já influencia positivamente o mercado”, afirmou.
João Braga acrescentou que o cenário de juros altos e desaceleração econômica já era esperado e que o momento de freada da economia real é reflexo de previsões feitas no ano passado. Ainda assim, demonstrou otimismo quanto ao futuro. “Hoje, a Bolsa está tão barata quanto nos piores momentos de recessão, o que abre oportunidades de longo prazo.”
Política monetária e inflação em foco
Na sequência, Alex Ribeiro apresentou uma pergunta enviada pela CNC sobre a política monetária e a relação entre inflação e atividade econômica. Ele destacou que a inflação segue acima da meta e que o Banco Central mantém juros elevados para conter pressões de preços.
Comentando o tema, Octávio Magalhães, diretor de investimentos da Guepardo Investimentos, disse acreditar que os juros possam recuar gradualmente, ainda que de forma moderada. “O remédio é amargo. O Banco Central é independente e deve manter juros altos por um tempo, mas há espaço para alguma queda no próximo ano”, afirmou. Segundo ele, a confiança do mercado depende de um cenário fiscal mais previsível e de uma sinalização clara de compromisso com reformas estruturais.
Reformas e ambiente de negócios
Luciana Rodrigues também trouxe à pauta o ambiente de negócios e a implementação da reforma tributária, cujos efeitos começam a ser sentidos a partir do próximo ano. Ela perguntou aos convidados o que ainda precisa ser feito para destravar o investimento privado e melhorar a competitividade.
Erminio Lucci defendeu prioridade para a reforma administrativa, destacando que o Estado brasileiro é caro e ineficiente. “A estrutura é pesada e consome uma parte muito grande do PIB. É preciso modernizar a gestão pública e reduzir custos para criar um ambiente mais favorável aos negócios”, avaliou. Ele também apontou entraves trabalhistas e a morosidade da Justiça como fatores que encarecem o investimento no País.
Otimismo cauteloso
Apesar das críticas ao ritmo das reformas e ao cenário fiscal, os debatedores mantiveram um tom de otimismo moderado. João Braga ressaltou que investidores estrangeiros podem voltar a olhar para o Brasil em busca de oportunidades, e Octávio Magalhães declarou estar “100% investido em ações brasileiras”, confiando na recuperação gradual da economia.
“Há dois caminhos possíveis: um mais fácil e outro mais difícil. Mas o Brasil tem potencial enorme, e acredito que vamos chegar lá”, concluiu Magalhães.
Assista a íntegra do debate aqui.