in

O custo invisível da cibersegurança negligenciada

*Por Caio Telles

Em um mercado cada vez mais digitalizado, onde dados se tornaram o novo “petróleo”, a cibersegurança ainda é tratada por muitas empresas como um gasto opcional. Essa visão, embora comum, é perigosa e desconsidera o fato de que o preço da negligência costuma aparecer quando já é tarde demais.

O custo de um ataque cibernético não se resume apenas aos prejuízos financeiros imediatos. Há perda de reputação, interrupções operacionais, exposição de dados sensíveis e erosão da confiança de clientes e parceiros. Esses impactos intangíveis são, na prática, os mais difíceis de reparar. Mais do que custosos, em muitos casos, também são impossíveis de reverter. E, diante da complexidade crescente das ameaças digitais, nenhuma organização está imune.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O cenário global mostra isso com clareza. O avanço da inteligência artificial, a hiperconectividade e o aumento do trabalho remoto ampliaram a superfície de ataque de forma exponencial. Só no primeiro trimestre de 2025, o número médio de ciberataques por organização chegou a 1.925 por semana, representando um aumento de 47% em comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com um relatório da Check Point Software.

Hoje, um simples erro humano pode abrir caminho para incidentes de grandes proporções. E, em uma realidade onde o cibercrime se profissionaliza constantemente, as empresas que ainda tratam segurança como algo secundário estão se colocando em desvantagem competitiva.

No Brasil, esse desafio ganha contornos próprios: o Relatório de Cibersegurança 2025: Panorama e Insights, publicado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), mostra que o Brasil encontra-se em 12° lugar no mercado de segurança cibernética. O documento prevê projeção de gastos de R$104,6 bi entre 2025 e 2028 em cibersegurança no Brasil, um crescimento de 43,8% para esta área. E, pessoalmente, também tenho notado que há uma mudança relevante de mentalidade e os impactos positivos dessa tendência de investir mais em cibersegurança no País. 

Ainda assim, após essa tomada de decisão sobre investir em cibersegurança, a escassez de profissionais qualificados e a alta velocidade das transformações tecnológicas fazem com que muitas empresas fiquem um passo atrás de quem ataca. É por isso que modelos colaborativos, como os programas de Bug Bounty, têm se mostrado tão eficazes. 

Eles permitem que uma comunidade global de pesquisadores éticos teste continuamente os sistemas das empresas, identificando vulnerabilidades antes que elas se transformem em brechas exploráveis. Quando uma empresa decide abrir as portas para testes colaborativos, ela não apenas melhora sua segurança técnica, mas também amadurece culturalmente. A cibersegurança deixa de ser um tema restrito às áreas de tecnologia para ganhar espaço entre decisores. 

O custo invisível da negligência está justamente em não perceber o quanto a segurança digital é um diferencial competitivo. Num cenário em que a confiança se tornou o ativo mais valioso, empresas que investem em prevenção, transparência e colaboração constroem relacionamentos mais sólidos com seus clientes e parceiros.

No fim das contas, a pergunta não é quanto custa investir em cibersegurança, e sim quanto custa não fazê-lo.

*Ao lado do irmão, Bruno Telles, Caio Telles é cofundador da BugHunt, empresa de cibersegurança referência em Bug Bounty, programa de recompensa por identificação de falhas. É formado em Engenharia  de Computação e atua na área de segurança há mais de 15 anos, com foco em segmentos como segurança ofensiva, defensiva, conscientização, GRC, entre outros.


Aproveite e junte-se ao nosso canal no WhatsApp para receber conteúdos exclusivos em primeira mão. Clique aqui para participar. Startupi | Jornalismo para quem lidera inovação!

Fonte Oficial: https://startupi.com.br/custo-invisivel-da-ciberseguranca-neglicenciada/

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Lula diz que fome não é problema econômico, mas político

“Antes tarde do que nunca”, diz Lula sobre fim do conflito em Gaza