Na abertura edição 2025 do Expand North Star, realizada ontem ontem em Dubai, Omar Sultan Al Olama, ministro de Estado para Inteligência Artificial, apresentou uma visão abrangente sobre como os EAU planejam liderar globalmente em inovação tecnológica na próxima década. Segundo ele, “não estamos interessados em simplesmente preservar o que temos; queremos moldar o que mais pode existir aqui”, reforçando a mentalidade de ambição e audácia que o país deseja cultivar.
Visão e estratégia para a próxima década
Al Olama afirmou que os Emirados não veem a IA como um fim estético ou de status, mas como ferramenta para melhorar concretamente a vida das pessoas. Ele citou exemplos pragmáticos, como portas inteligentes em aeroportos para agilizar processos, e disse que o país investe em “adoção pioneira de tecnologia” com segurança e ética. Ele também enfatizou que seu governo está comprometido com uma governança responsável, com conselhos ativos de segurança cibernética, e a nomeação de oficiais de IA em cada departamento público para assegurar transparência e responsabilidade.
Uma das metas traçadas é elevar o número de startups focadas em IA de 1.500 para 10.000 nos próximos 5 anos, consolidando ecossistemas nacionais de inovação. Ele também falou sobre a importância de um “campo de jogo justo”, de atrair talentos globais e de construir uma visão de longo prazo — para dez, cinquenta ou cem anos — orientada não por ciclos políticos, mas por geração de impacto duradouro.
Expand North Star e o papel dos Emirados Árabes
O Expand North Star é um evento anual de tecnologia que reúne empreendedores, investidores, startups, líderes de pensamento e decisores governamentais para debater o futuro digital. A edição 2025 tem seguido essa linha de promover painéis sobre IA, economia digital, regulação e inovação, servindo de palco para anúncios estratégicos e reflexões sobre tendências globais.
Os Emirados Árabes Unidos têm aproveitado bem esse tipo de conferência para consolidar sua imagem internacional de vanguarda tecnológica. Na fala de Al Olama, ficou claro que o país quer ser não apenas observador ou seguidor, mas protagonista — estabelecendo padrões de ética em IA, atraindo “sonhadores” e talentos internacionais, provendo segurança, qualidade de vida e infraestruturas de alto nível.
Dubai como polo de tecnologia e inovação
Nas últimas décadas, Dubai evoluiu de cidade portuária e entreposto comercial para um verdadeiro hub global de inovação. Até o segundo trimestre de 2024, os EAU registraram mais de 5.600 startups, tornando-se o principal ecossistema de startups do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). Ainda, apenas em Dubai, o valor do ecossistema de startups ultrapassou US$ 23 bilhões no final de 2023.
De acordo com o governo local, apenas no primeiro trimestre de 2025, 127 novas startups foram apoiadas pela Câmara da Economia Digital de Dubai, o que representou um aumento de 135% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esses números demonstram algo além do crescimento: mostram que Dubai se organizou para oferecer infraestrutura física e regulatória, incentivos fiscais, zonas francas (free zones), políticas de visto para talentos, e uma estratégia de longo prazo que não depende apenas de marcos econômicos de curto prazo.
Desafios e oportunidades
Al Olama admitiu, embora de maneira indireta, que há desafios: combater a ignorância sobre IA tanto entre tomadores de decisão quanto no público; garantir segurança diante de potenciais abusos de dados; evitar que o uso de IA se torne mero “gimmick” ou espetáculo sem substância. Ele enfatizou que fracasso é o uso superficial da IA, que não melhora efetivamente a vida das pessoas. “A IA deve atuar onde importa, sem que as pessoas sequer percebam que estão interagindo com ela”, garante.
Por outro lado, as oportunidades incluem tornar os Emirados e Dubai um destino cobiçado para talentos globais; fazer com que empresas de IA — sejam startups ou de escala maior — escolham os EAU para P&D, para estabelecer sedes regionais e para escalar globalmente. Também há espaço para que indústrias tradicionais sejam transformadas — logística, turismo, aviação — para se tornarem “AI-first” ou “AI-native”. “Queremos transformar o ‘deserto’ em um futuro ousado”, diz.
“Instituímos um sistema de classificação para empresas de IA, onde transparência e investimento local influenciam sua posição”, explica. Se cumprir suas previsões — como a meta de 10.000 startups de IA, ecossistemas regulados, atração de talentos globais e qualidade de vida como âncora —, os EAU poderão não apenas liderar regionalmente, mas exercer influência global significativa. A esperança delineada pelo ministro é que esse modelo inspire outros países.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/emirados-arabes-unidos-lideranca-global-ia/