Especial para o JC*
Depois de um 2024 marcado por forte revés em razão da tragédia ambiental, o setor de eventos no Rio Grande do Sul projeta uma retomada em grande estilo em 2025. Responsável por cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro — proporção semelhante à verificada no Estado — o segmento deve encerrar o exercício com crescimento entre 15% e 20% em relação ao ano anterior, conforme dados da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes). Eventos de sucesso, como Festuris (foto), South Summit e Expoagas ajudaram a impulsionar a cadeia produtiva e a recuperar a confiança do mercado. Para 2026, o investimento de R$ 35 milhões em um megacomplexo de eventos nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve consolidar a capital como referência nacional. Além disso, grandes agendas, como a COP 30 e o Festuris, também devem reforçar o ritmo de retomada ao longo de 2025.
A expressão popular “Quem vê glamour não vê corre” poderia, perfeitamente, ser o slogan dos profissionais que trabalham no setor de eventos. Quem frequenta inaugurações, lançamentos, congressos, palestras, coquetéis e festas não tem ideia dos bastidores da indústria que trabalha de forma árdua – e muitas vezes não reconhecida – para dar o brilho que encanta olhos, paladares e sentidos.
Xarão lembra que foi preciso rever estratégias e adiar algumas ações
Xarão/Arquivo Pessoal/JC
Este segmento, no Rio Grande do Sul, sofreu um revés – assim como outros setores também – em 2024. Como um divisor, as águas de maio trouxeram, depois de seu impacto, a necessidade do recomeço. Com o estado catatônico por conta da tragédia ambiental, tudo parou. O que estava programado foi adiado ou, em algumas piores hipóteses, cancelado, mas, com resiliência, o glamour voltou. E 2025 promete encerrar com crescimento.
Em se falando de Brasil, o setor, que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), projeta um crescimento de 8,4% para este ano e faturamento de R$ 141 bilhões, impulsionado pelos eventos corporativos e a inovação em experiências imersivas, personalizadas e com foco no bem-estar e sustentabilidade. Os dados são da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) que prevê, também, a criação de 45,2 mil novos postos de trabalho, com o core business chegando a 186,8 mil empregos formais.
No Rio Grande do Sul, 2024 foi um ano difícil. Rejane Tavares, presidente da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes) e CEO da Ambientallize, explica que as empresas do setor – locadoras de equipamentos, por exemplo – foram gravemente afetadas pela enchente, pois, muitas estão localizadas no Quarto Distrito de Porto Alegre e acabaram perdendo ativos por conta desta região ter sido severamente afetada com a enchente.
“Além disso, o segmento se ressentiu com os cancelamentos“, revela a empresária, ao acrescentar que, mesmo diante de um quadro difícil no geral, os dois últimos meses do ano passado foram marcados por uma retomada, o que levou a um balanço positivo para muitas empresas, com perdas pequenas ou crescimentos um pouco abaixo das expectativas.
Para 2025, Rejane projeta resultados muito bons, com crescimento em torno de 15% a 20% sobre o exercício anterior. Os dois primeiros meses do ano, por exemplo, quando o movimento geralmente é menor, foram atípicos com a realização daqueles eventos que ficaram represados em 2024. Além disso, existe o fator emocional, como destaca a dirigente: “toda vez que acontece algo impactante – como foi a pandemia e a enchente – a tendência é de um comportamento de celebração na sequência, o que leva as empresas a terem esperança de um bom desempenho neste exercício”, comenta Rejane.
Rejane diz que recuperação começou nos dois últimos meses de 2024
Carmen Carlet/Especial/JC
Luiz Vicente Basso, presidente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau (CVB), faz um retrospecto e conta que, em 2023, o setor vinha registrando uma boa performance com forte crescimento. “Porto Alegre estava num pique muito bacana, com a nova orla, o Pontal e diversos eventos sendo captados para 2024 e 2025. Aí veio a enchente, que causou transtornos, principalmente econômicos. Muitas empresas foram afetadas”, relembra ao destacar, no entanto, que algumas empresas, como a sua – a LB Produções e Eventos – não tiveram cancelamentos, só adiamentos.
Fazendo uma retrospectiva, Basso observa que alguns eventos foram transferidos para outras cidades ou estados, o que gerou perdas de renda para Porto Alegre. Para este ano, o empresário destaca a reorganização do calendário e retomada. “É difícil falar em crescimento de 2024 para 2025, porque houve uma parada importante nos dois anos. Mas posso dizer que o mercado está aquecido novamente.
Porto Alegre voltou a ser vista por grandes empresas de entretenimento e associações científicas como uma cidade viável para promover encontros, avalia ao elencar a manutenção de eventos importantes como South Summit – que contou com a presença de 23 mil pessoas de 62 países e mais de 900 investidores – ou a Expoagas – que superou as expectativas iniciais com um público estimado em 69 mil visitantes e R$ 795,1 milhões em negócios, um crescimento de 13% em relação à edição anterior. Para Basso essa movimentação da cadeia produtiva é importante e serve de incentivo para que a capital gaúcha seja palco de outros grandes eventos, como por exemplo, o XV Simpósio Internacional de Biomecânica e Medicina em Natação que será realizado em 2026, depois da edição de Leipzig, na Alemanha.
Basso destaca a reorganização do calendário e retomada neste ano
Bárbara Gidhini/Divulgação/JC
O jornalista e produtor Xarão observa que o mercado, em 2025, foi marcado por um desafio muito particular. “Houve uma pausa inevitável, mas também uma retomada intensa logo em seguida”, pondera, ao destacar que foi preciso reorganizar estratégias e adiar algumas ações. “Isso acabou resultando em uma consolidação ainda maior dos projetos, porque muitas iniciativas ganharam força no segundo semestre”, afirma ao frisar que em sua leitura, os eventos deixaram de ser apenas encontros pontuais.
“Hoje são ecossistemas culturais e de negócios, que ativam cidades inteiras, movimentam cadeias produtivas e criam experiências com propósito”, destaca. Para o produtor, essa tendência deve se acentuar em 2026, com ainda mais integração entre design, gastronomia, tecnologia e sustentabilidade. Um exemplo será a Salva Mobiliário, que pela primeira vez traz para Novo Hamburgo o Preview 2026, um evento que acontecia em São Paulo reunindo lojistas de todo Brasil. “É um sinal de que a região está cada vez mais no mapa do design e da economia criativa”, finaliza.
O renascer de locais atingidos pela enchente
Se de um lado, a enchente de 2024 motivou mudanças de locais e datas de alguns eventos, passada a tragédia também deu protagonismo a espaços atingidos duramente. O antigo terminal do Aeroporto Salgado Filho – um edifício restaurado que se transformou em plataforma de experimentação e encontros depois de ter ficado fechado por cinco meses – foi palco de uma edição histórica da Casacor RS e recebeu mais de 30 mil visitantes.
“Esse prédio nos acolheu com sua memória e sua potência criativa. Ele não foi apenas cenário, mas também território de reconstrução e conexão com o futuro. A mostra apenas revelou tudo o que já existia aqui — e seguimos com o olhar voltado para 2026″, declara Karina Capaverde, diretora. A edição 2025 consolidou o antigo terminal como o novo lar do empreendimento. Carregado de memórias afetivas e agora também de potência simbólica, o espaço proporcionou um diálogo inédito entre cidade, arquitetura e imaginário coletivo.
Foi preciso buscar a reconstrução e conexão com o futuro, diz Karina
Vini Dallarosa/Divulgação/JC
“O público circulou pelos ambientes com a sensação de reapropriar-se da cidade, ocupando um território que foi reinventado em cada detalhe — da cenografia ao traço arquitetônico”, explica Karina. Com projetos autorais, lançamentos de marcas, experiências sensoriais, arte, design e gastronomia, a mostra reafirmou seu protagonismo na cena nacional como um dos eventos mais inovadores da rede Casacor. E a boa notícia veio no encerramento: a edição de 2026 está confirmada para o mesmo endereço.
Empresas &Negócios – Especial eventos corporativos – Paleta Luciano Leon – Credito Alex Bandeira
Alex Bandeira/Divulgação/JC
“Este território urbano revelou-se fértil para a criação, para a convivência e para o impacto positivo que o design pode gerar na cidade. Estamos apenas no começo de uma nova fase”, conclui Karina Capaverde.
Outro espaço icônico que vem sendo protagonista para eventos é o Cais Mauá. O Paleta Atlântida – consolidado com oito edições na praia de Xangri-lá, em 2025, e o registro de 150 mil pessoas, mais de 200 marcas e 35% de crescimento em relação a 2024 – chegou pela primeira vez à Capital. Em junho deste ano, reuniu mais de 15 mil visitantes e cerca de mil assadores em um dia histórico, celebrando a cultura do assado e a essência de união que o churrasco gaúcho representa. Luciano Leon, CEO do Paleta Atlântida, conta que o Paleta em Porto Alegre foi a realização de um antigo sonho, conseguido com o apoio dos executivos municipal e estadual.
Leon realizou um sonho com a criação do Paleta em Porto Alegre
TÂNIA MEINERZ/JC
“Queríamos muito enfatizar o selo de Capital Mundial do Churrasco, auxiliando na divulgação mundial desta marca”, define Leon ao lembrar que o evento também é uma oportunidade para o gaúcho ter acesso de forma gratuita a um espaço importante, resiliente e de certa forma, distante. O Paleta em Porto Alegre – que consumiu investimentos da ordem de R$ 1,1 milhão – já tem data marcada para a edição 2026: será em 25 de abril.
Serra mantém protagonismo como um dos destinos mais disputados
Destino disputado pelos organizadores de eventos empresariais quando a ideia é unir o útil ao agradável, a Serra gaúcha deve encerrar 2025 com números nos mesmos patamares de 2023. Luciano Gonçalves, gerente executivo do Convention & Visitors Bureau da Região das Hortênsias, afirma que em 2024 foram muitos os cancelamentos por conta, principalmente, do fechamento do Aeroporto Salgado Filho. O executivo projeta que até dezembro, Gramado e Canela deverão sediar mais de 700 congressos alcançando uma movimentação de R$ 600 milhões.
O Salão de Gramado – que aconteceu em junho – foi um dos eventos adiados por conta da tragédia ambiental do ano passado. Flávio Ferreira, CEO da XPO Feiras e Eventos, avalia que a edição, em termos de visitação foi boa. “Houve um crescimento em relação a 2023 de quase 10%, porém, na semana do evento, tivemos muitas chuvas e isso afetou a visitação”, analisa Ferreira, embora considere que os resultados foram positivos. Para 2026 a projeção é realizar o feito, no mínimo igual, “mas nosso objetivo principal é a cada ano qualificar ainda mais nosso público, seja ele visitante ou de exposição”, conclui.
Um dos eventos que promete movimentar a região é a 37ª edição do Festuris – que será realizada de 6 a 9 de novembro, em Gramado. Segundo Eduardo Zorzanello, CEO do Festuris, a expectativa é reunir 17 mil profissionais do turismo nas dependências do Serra Park onde, muito mais do que uma feira de negócios, o evento se propõe a ser um movimento de transformação. Neste ano, com o tema ‘Reimaginando o Amanhã’, o Festuris reforça que o turismo é um vetor estratégico de desenvolvimento econômico, cultural e sustentável. “Nosso propósito é ser o ponto de encontro de mentes inquietas, destinos ousados e marcas que acreditam no poder das experiências. Festuris é um evento onde o futuro do turismo começa”, adianta Zorzanello.
Para promover as tão desejadas experiências, um time de mais de 1.500 colaboradores trabalha na montagem dos estandes e da infraestrutura geral. Zorzanello antecipa que durante o evento serão cerca de 600 pessoas atuando em frentes como recepção, segurança, limpeza, motoristas, manutenção e outros prestadores de serviços, gerando renda para os profissionais que atuam na área.
Sem adiantar a projeção financeira para 2025, o CEO do Festuris destaca que na edição passada o evento proporcionou um impacto de mais de R$ 70 milhões na economia regional, sobretudo em Gramado. Hospedagens, transportes, gastronomia e comércio estão entre os setores mais beneficiados.
Neste ano, com o tema ‘Reimaginando o Amanhã‘, o evento reforça que o turismo é um vetor estratégico de desenvolvimento econômico, cultural e sustentável. Nosso propósito é ser o ponto de encontro de mentes inquietas, destinos ousados e marcas que acreditam no poder das experiências. Festuris é um evento onde o futuro do turismo começa, sintetiza Zorzanello. E já que estamos projetando o futuro, para 2026 o Convention & Visitors Bureau da Região das Hortênsias está otimista. Luciano Gonçalves está muito esperançoso sobre a participação dos eventos corporativos no PIB local. Ele exemplifica citando cinco eventos já programados que devem levar 51 mil visitantes a Gramado e Canela gerando R$ 153 milhões de renda para comerciantes, hotéis e restaurantes locais.
Porto Alegre ganha megacomplexo com investimento de R$ 35 milhões
Empresas &Negócios – Especial eventos corporativos – Projeto Fly 51
Projeto Fly 51/Divulgação/JC
Em março de 2026, quando completar 256 anos, Porto Alegre ganhará uma das maiores arenas de show do Brasil. Fly 51 – um megaprojeto do Grupo TE2 Hospitality, em parceria com o Grupo GV (Greenvalley), GDO Produções e Grupo Prime – terá mais de 27 mil metros quadrados de área total em uma estrutura que está sendo construída dentro do sítio do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em um terreno de concessão da Fraport Brasil. O grupo está investindo cerca de R$ 35 milhões e promete mudar o cenário do entretenimento na região Sul do País.
Tiago Escher, CEO e Founder do TE2 Hospitality conta que foram dedicados quase três anos para a consolidação do projeto. O novo complexo – com projeto arquitetônico assinado pela Axelrud Arquitetura com apoio da RTR Arquitetura – vai atender desde grandes shows até festas de médio porte, eventos corporativos, culturais e sociais. “Já realizamos eventos na região que somados movimentaram mais de 245 mil pessoas. O Fly 51 será uma plataforma para escalar essa entrega com mais tecnologia, conforto e infraestrutura”, explica Escher.
O complexo terá capacidade modulável que pode abrigar um público variável de duas mil a 15 mil pessoas. Para tanto, terá mais de seis mil m² de área coberta – com possibilidade de alcançar 10 mil m² -, além de estacionamento para até 400 carros, praças de alimentação, mais de 400 banheiros, espaços de descanso e bem-estar, ambulatórios/enfermarias equipadas, áreas VIP e também espaços de convivência para artistas e convidados.
O palco será retrátil e modular, permitindo diferentes configurações de eventos. Conforme o empresário, tudo foi pensado para garantir versatilidade, segurança e conforto, tanto para o público como para produtores e artistas. “Queremos que o nosso cliente saiba previamente a sua jornada”, adianta Escher ao salientar que o objetivo será tornar esta permanência mais satisfatória do que a dos atuais eventos que acontecem na região, tornando-se, dessa forma, um cliente do espaço.
Para atender um mercado exigente, o Fly 51 terá sistemas de som, iluminação, produção e consumo de última geração, adaptáveis para feiras, congressos, shows, eventos infantis, formaturas e até casamentos. Além disso, outro trunfo será a localização: próximo da Avenida Sertório e a poucos metros da estação de trem e dos acessos à Região Metropolitana.
A expectativa dos sócios é que o Fly 51 gere centenas de empregos diretos e indiretos e um impacto anual na economia local da ordem de R$ 250 milhões, após a maturação do empreendimento. “Nosso payback dependerá de muitos fatores, como em qualquer negócio, mas acreditamos fortemente no potencial da Grande Porto Alegre. Acreditamos que será um polo de geração de fluxo turístico, receita tributária e desenvolvimento para toda a região. Será uma grande entrega para a cidade e estado, ainda mais depois da enchente, que colocou todo o projeto debaixo d’água. Estamos muito motivados”, celebra Escher.
Para a inauguração, os empresários já contam com planejamento para receber grandes nomes da música brasileira e da música eletrônica internacional. Também estão no radar do grupo, eventos corporativos, culturais, congressos, feiras, celebrações sociais e até grandes produções internacionais. “O importante é que teremos uma arena à altura da diversidade e da potência cultural e econômica de Porto Alegre e Região Metropolitana. Mais uma vez estamos apostando, inovando e surpreendendo o mercado do entretenimento do estado”, conclui Escher.
Moda, gastronomia, conteúdo e negócios ditam o novo ciclo dos eventos deste ano
Porto Alegre tem nomes que garantem sucesso quando o objetivo é dar visibilidade e conexão com o público certo. Seus mailings e convites são disputados. A comunicadora e influenciadora digital Patti Leivas atua fortemente no ambiente corporativo.
A empreendedora estima que 2025 está registrando uma retomada muito produtiva e muito dinheiro sendo colocado na mesa. Patti lembra que são eventos de conteúdo como palestras, mentorias em grupo, meetings e summits de tecnologia, em todos os níveis que chamam atenção e trazem discussões necessárias.
Vítor Raskin comemora a agenda social cheia
Nathan Carvalho/Divulgação/JC
Para a comunicadora, a moda segue sendo objeto de desejo e traz dinheiro para o setor. “Penso que, para essa pauta, a renovação é necessária: os modelos de evento que aconteciam antigamente, no meu ponto de vista, já não fazem mais sentido“, alerta. Dentro desta ótica, Patti cita um trabalho atual. Ela foi uma das hostesses da abertura da exposição O Fio da Elegância por Família Pascolato que entrelaça história, estilo e legado familiar, em exibição no BarraShoppingSul.
Outro exemplo de megaevento de moda foi o Trends Pocket 2025, realizado em agosto pelo Núcleo de Moda da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPOA), mais do que um evento, foi uma prévia do Trends Sul 2026, que será realizado em março do próximo ano, no Parque Harmonia. “Acredito muito no setor de eventos como incentivador de turismo e investimentos no nosso Estado”, afirma Patti Leivas, ao destacar que considera necessário mais interação entre os criativos, os executores e quem pode pagar a conta. “Ajuda conjunta e não disputa. Aí sim, poderemos ter cada vez mais eventos importantes acontecendo aqui”, considera.
O relações públicas Vitor Raskin lembra que as enchentes de 2024 impactaram de forma dramática o calendário de eventos no Estado. “Foi um período em que a prioridade deixou de ser celebrar para ser cuidar das pessoas e apoiar a retomada econômica“, observa ao ressaltar que o primeiro semestre deste ano começou forte, “mas, a partir de junho já vimos uma retração novamente”, destaca o profissional ao atribuir a redução à insegurança política, às guerras e ao mercado internacional que está de olhos abertos para os próximos capítulos. Mesmo assim, ao projetar o ano até dezembro, Raskin percebe um espírito de solidariedade, não de exageros.
“A agenda social está cheia, vibrante, mas a corporativa continua mais devagar. As marcas estão cautelosas, analisando muito antes de se comprometerem com grandes aportes”, enfatiza Raskin citando que o segmento da gastronomia está em alta, com experiências exclusivas e novos empreendimentos. “Já o imobiliário e parte do corporativo sofrem com fatores externos”, relata.
COP30 movimenta empresas gaúchas de diversos segmentos
Eliana Azeredo duplicou a equipe da Capacità Eventos neste ano
Priscilla Borges/Divulgação/JC
A Capacità Eventos, liderada por Eliana Azeredo, projeta fechar o exercício deste ano com um crescimento de 15% em relação ao ano passado. Com 30 anos de mercado, a Capacità, que nasceu em Porto Alegre, cresceu e hoje está presente também em São Paulo e Brasília.
Fechou o exercício passado melhor do que o esperado, mas abaixo da meta, conforme conta Eliana. Este ano, entretanto, a projeção é de uma excelente recuperação com crescimento de 15%. Para este resultado positivo, contribuíram grandes eventos como Fórum da Liberdade, Govtech Summit, Brics, Festival de Robótica, World Skill Brasil. A COP30 – que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém – também deverá prover o crescimento.
“Dupliquei minha equipe nos últimos dois meses e aqui estamos com grandes projetos”, conta a empresária, que se mudou temporariamente para a capital paraense a fim de acompanhar de perto todo o desenrolar dos preparativos desse que é o maior evento mundial sobre as mudanças climáticas.
Um dos projetos é resultado de uma parceria da Capacità com a paulista DMDL Montagens de Stands – vencedora da licitação para a Blue Zone, espaço oficial da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) e onde acontecem as negociações formais entre os países. “Estou com uma equipe de 14 profissionais que estão comercializando espaços e trabalhando de acordo com os fusos horários de diferentes países”, estima Eliana.
Além dessa coadjuvação, a Capacitá ganhou a licitação da Embrapa – para a qual está fazendo mais de 12 mil m² em uma área chamada AgriZone, fora do espaço da COP, mas relacionada ao evento. Confederação Nacional do Transporte (CNT) com 5 mil m² além de outros clientes que estarão na Blue e também na Green Zone (espaço destinado à participação da sociedade civil e ao debate sobre soluções climáticas) contribuem para a ampliação de 45 pessoas na equipe que se desloca para Belém.
“É um trabalho lindo, com muita responsabilidade e que exige muita dedicação”, afirma Eliana.
Outro gaúcho que participa da COP30 é o MuleBule (MB). Com 22 anos de mercado, a empresa dos sócios Nelson Ramalho e Adelar Kleinert será uma das fornecedoras de gastronomia da Green Zone. De acordo com Ramalho, o MB vai levar para Belém 16 profissionais líderes, entre chefs de cozinha, coordenadores e maitres que serão responsáveis por mais de 10 mil atendimentos. Sem abrir valores relativos à COP, Ramalho observa que o MuleBule tem o DNA de grandes eventos.
“Nosso maior desafio até agora havia sido atender as áreas de camarotes na Copa do Mundo 2014, muito embora neste intervalo já atendemos números superiores a 10 mil convidados“, afere o empresário salientando que Belém será o local de trabalho mais distante da sede.
Kleinert e Ramalho levam a MuleBule para convenção em Belém do Pará
Alessandro Quevedo/Divulgação/JC
“Com orgulho vamos levar a bandeira do Rio Grande do Sul e nossa capacidade para o extremo norte do país”, comemora lembrando que este evento, sem dúvida, vai atestar a grande capacidade de entrega, logística, segurança alimentar e processos aliados a um sabor de comida de verdade com cheiro e gosto do Estado. Trabalhando com um perfil 90% de eventos corporativos – e com 40 colaboradores diretos -, o MB atua em vários estados do Brasil, tendo a matriz em Porto Alegre e um escritório avançado com equipe em São Paulo. Fazendo uma retrospectiva de 2024, Ramalho lembra que teve vários eventos adiados para este ano que, na sua visão, está sendo de muitos desafios.
“Acreditamos que iremos crescer acima de 15%, mas vivendo um mercado mais recessivo”, analisa. Atualmente, o MuleBule atua com três linhas de serviços: catering empresarial, que consiste no fornecimento de refeições para eventos de médio e grande porte, abrangendo estrutura, logística e transporte, além de equipes treinadas e criação de cardápios personalizados; store in store, voltada para a criação de ambientes e concepções de espaços gastronômicos e assessoria em desenvolvimento de projetos, que atende demandas de empresas e empreendedores interessados em iniciar ou melhorar suas operações gastronômicas.
*Carmen Carlet, jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.