À frente da Bom Princípio Alimentos desde sua fundação, em 1996, Alexandre Ledur atua como diretor-presidente estratégico, conduzindo a empresa em sua trajetória de crescimento e inovação. É formado em Administração de Empresas (2015) e em Direito (2020) pela Universidade de Caxias do Sul, além de Técnico em Química pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha.
Nascido em 21 de novembro de 1971, filho de Carmem Maria e Silvino Inácio Ledur, sempre demonstrou inquietude e busca por conhecimento. Sua primeira experiência profissional foi na coordenação de uma empresa de construção civil, ainda muito jovem. Em 1989, ingressou no setor alimentício, assumindo a responsabilidade pelo controle de qualidade de laticínios e preparação de frutas na Parmalat Brasil. Essa vivência foi determinante para dar o passo seguinte: empreender. Em 1996, ao lado de sócios, fundou a Bom Princípio Alimentos, que hoje é referência nacional em produtos à base de frutas e derivados lácteos.
Apaixonado pela empresa, Alexandre tem como grandes motivações o desenvolvimento de pessoas, a criação de novos produtos e a evolução contínua dos negócios. Fora do ambiente corporativo, dedica-se também a hobbies como carros antigos e viagens. Para ele, o segredo do sucesso está, sobretudo, na gestão de pessoas.
Empresas & Negócios – A Bom Princípio acaba de projetar um crescimento de 15% no Nordeste em 2025, especialmente na Linha Pizza. Quais fatores sustentam essa expectativa em um cenário de consumo ainda desafiador no País?
Alexandre Ledur – O grande diferencial está na força da nossa rede de representantes. É um time altamente qualificado, com relacionamentos sólidos e presença estratégica. Temos processos internos que reforçam nossa capacidade de entregar com consistência. Contamos hoje com centros logísticos em Sapucaia do Sul (RS) e em Pernambuco, e estamos avançando para a implantação de uma nova estrutura no Sudeste.
E&N – O desempenho da empresa no Nordeste foi expressivo, com crescimento de 133% nas vendas da Linha Pizza entre 2023 e 2024. Esse resultado pode ser replicado em outras regiões estratégicas do Brasil?
Ledur – O crescimento que vimos no Nordeste reflete a força da nossa estratégia comercial e pode ser replicado em outras regiões. Todas as áreas do País apresentaram avanços, com desempenhos expressivos em mercados estratégicos. Registramos 34% de crescimento no Norte e 132% no Sudeste, comparando o primeiro semestre de 2024 com o mesmo período de 2025.
E&N – A companhia projeta 25% de expansão no faturamento ainda em 2025. Quais são os principais motores de receita e em quais linhas de produto a empresa aposta para atingir esse objetivo?
Ledur – Desde o ano passado investimos em uma estrutura de gestão mais robusta, com a chegada de profissionais em posições-chave. Outro motor de crescimento está no pipeline de lançamentos. No varejo, recentemente apresentamos a linha de cremes em embalagem com tampa rosca, disponível em cinco sabores e pensada para acompanhar diferentes rotinas de consumo. No food service, nosso portfólio ultrapassa 50 sabores de recheios. Nossa certificação FSSC 22000, emitida pela DNV GL Business Assurance Avaliações e Certificações Brasil, atesta que a empresa possui gestão de segurança de alimentos de alto nível, seguindo boas práticas desde a ponta, com os produtores, até a cadeia produtiva.
E&N – A Bom Princípio já conta com quatro fábricas especializadas em frutas, leite, chocolates e conservas. Há planos de ampliar o parque fabril nos próximos anos para acompanhar o crescimento da demanda?
Ledur – Nosso complexo fabril já passou por ampliações importantes que aumentaram a capacidade produtiva e a eficiência das fábricas existentes, com investimentos em áreas estratégicas como almoxarifado, P&D, qualidade e central de tratamento de resíduos. Além disso, estamos expandindo setores essenciais da companhia, incluindo administrativo, comercial e marketing. Para os próximos dois anos, planejamos desenvolver e concluir uma nova fábrica.
E&N – O portfólio da empresa tem se diversificado, incluindo lançamentos como cremes gourmet e geleias defumadas. Como equilibrar inovação e tradição sem perder a identidade da marca construída em quase três décadas?
Ledur – A inovação surge da escuta atenta ao consumidor e da leitura das tendências de mercado. Já o movimento que lideramos em torno do Dia da Chimia, criado pela Bom Princípio em 2021 e oficializado no calendário do Rio Grande do Sul em 2023, representa nossa essência e a importância de preservar tradições que fazem parte da identidade cultural do nosso estado.
E&N – No segmento food service, a linha pizza se tornou carro-chefe no Nordeste. Como a empresa pretende reforçar a competitividade frente a grandes players nacionais e internacionais que também estão de olho nesse mercado?
Ledur – Reforçamos nossa competitividade através da excelência de produto e proximidade com o mercado. Do ponto de vista técnico, desenvolvemos receitas cada vez mais direcionadas aos profissionais do setor, com características específicas como forneamento adequado, 100% polpa de fruta, cacau nobre e gorduras selecionadas.
E&N – A exportação para dez países já é uma realidade para a Bom Princípio. Quais são os próximos mercados no radar e como a empresa pretende se posicionar no cenário internacional de alimentos?
Ledur – Nosso plano de expansão internacional prevê a chegada a novos mercados na América Latina e na América Central e aumentar a participação das exportações no faturamento da empresa. Nossa linha de food service tem se destacado internacionalmente, com grande aceitação junto a chefs e profissionais do setor.
E&N – A marca trabalha com duas linhas — BPA e BIA Cream — para atender públicos distintos. Como essa segmentação tem contribuído para ampliar o alcance e consolidar participação em diferentes nichos de consumo?
Ledur – A segmentação entre Bom Princípio Alimentos (BPA) e BIA Cream foi pensada para atender diferentes perfis de consumo. A BPA tem foco em consumidores e profissionais que buscam produtos com características específicas de sabor, textura e performance, com atenção especial à seleção de matérias-primas. Já a BIA Cream atende às necessidades de competitividade e oferece formulações adaptadas às rotinas e demandas de clientes que buscam soluções acessíveis.
E&N – O setor de alimentos é altamente competitivo e marcado por multinacionais consolidadas. Quais são os diferenciais da Bom Princípio para disputar espaço com gigantes globais?
Ledur – Nossos diferenciais estão conectados à nossa missão que é proporcionar boas emoções e respeitar cada cliente. No varejo, nossa nova Linha Cremes foi pensada para diferentes rotinas e momentos de consumo. Já no food service, os lançamentos são desenvolvidos para serem ferramentas de trabalho e facilitar a criação dos profissionais. Essa combinação de soluções sob medida e quase três décadas de tradição é o que nos permite competir de forma sólida com multinacionais.
E&N – A conquista do selo GPTW em 2025 reforça a preocupação com clima organizacional. Qual o impacto dessa valorização interna na produtividade, retenção de talentos e resultados financeiros?
Ledur – Essa conquista tem um valor imenso para nós porque foi 100% orgânica. Incentivamos nossos colaboradores a responderem a pesquisa com transparência. Esse movimento impacta produtividade, retenção e resultados. Quando o colaborador percebe que sua opinião é ouvida e transformada em planos de ação, ele se engaja mais.
E&N – A sustentabilidade é um pilar cada vez mais exigido pelo mercado. Quais práticas de gestão ambiental e social a empresa tem priorizado para fortalecer sua posição junto a consumidores e parceiros?
Ledur – A sustentabilidade está no centro da nossa estratégia. O investimento de R$ 6 milhões realizado no início deste ano na instalação de uma caldeira a biomassa, já em operação, amplia nossa capacidade produtiva ao mesmo tempo em que reduz as emissões atmosféricas. Desde 2019, adotamos fontes de energia renováveis como eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs e CGHs), o que nos permitiu evitar a emissão de 521 toneladas de CO² nesse período. Além da energia limpa, damos atenção ao uso responsável da água: cerca de 200 mil litros captados diariamente no processo produtivo são tratados e devolvidos ao meio ambiente por meio da fertirrigação. A atuação em logística reversa, sendo a Bom Princípio integrante da Associação de Logística Reversa de Embalagens (ASLORE), garante a destinação correta de, no mínimo, 22% das embalagens pós-consumo.
E&N – Olhando para os próximos cinco anos, qual é a visão estratégica da Bom Princípio em termos de crescimento, internacionalização e inovação no portfólio?
Ledur – Nos próximos cinco anos, pretendemos consolidar um crescimento apoiado em expansão fabril, inovação de portfólio e ampliação internacional. No Brasil, planejamos ampliar nossa capacidade produtiva, que permitirão lançar novos produtos, explorar diferentes segmentos e fortalecer nossa presença em canais de venda. Além disso, um novo centro de distribuição no Sudeste permitirá atender com mais agilidade todos os estados do País. A internacionalização segue como prioridade com o fortalecimento do plano de expansão para mercados da América do Sul e Central.