A necessidade de o Poder Público fomentar e contratar inovação nas esferas federal, estadual e municipal, seus desafios e sucessos foi o tema do debate que ocupou o Palco BNDES do Festival Curicaca, apresentado pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras por meio da Lei de Incentivo Cultural, na tarde desta sexta-feira, 10/10.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, dividiu o espaço com o diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo do Ministério do Desenvolvimento Indústria Comércio e Serviços, Rafael Codeço, o diretor do Banco Central Rodrigo Teixeira, e o economista e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco, Francisco Saboya.
A conversa teve como provocação o tema “Governo x Inovação: Match ou Crash?”. Em todas as intervenções, os debatedores concordaram que harmonizar o resultado depende de readequação de normas vigentes, com mais agilidade em função do rápido avanço tecnológico, e de uma maior aproximação entre universidades e setor privado.
Codeço destacou a nova política industrial lançada pelo atual Governo Federal, a Nova Industria Brasil (NIB), como medida importante não apenas por inserir em uma de suas missões a promoção de inovação, mas também por promover o alinhamento de vetores.
“Temos um ecossistema de inovação robusto”, disse o diretor do MDIC dirigindo-se a Cappelli e referindo-se, também, a entidades de fomento como Finep, BNDES, Embrapii. “É importante alinhar esses vetores para que provoquem sinergias com foco nas missões da NIB”.
O papel primordial do Estado, inclusive geopoliticamente, na competição interestatal, também foi lembrado por Codeço. “Os empreendedores precisam do Estado, e não o contrário”, completou, com menções ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), à Embraer e à liderança da Petrobrás na exploração em águas profundas.
Compras públicas
A transformação de boas ideias em políticas públicas e escaláveis, embora um desafio, é passível de avanços, disse Cappelli, antes de lembrar experiências bem sucedidas como o rastreio de notas fiscais eletrônicas do Recircula Brasil, na cadeia do plástico, e o Pix.
As compras públicas de inovação, prática incentivada pela ABDI por meio do Escritório Hubtec, foram igualmente mencionadas como ferramenta indutor de novas soluções e tecnologias do Estado, acrescentou Cappelli, com referências a contratos em curso do Hubtec com a Petrobras e o Desafio Bengalas Inteligentes, parceria da Agência com o Governo do Paraná que teve uma de suas etapas exibidas em um dos palcos do Festival.
O presidente da ABDI destacou também os gargalos regulatórios como travas em avanços do país, onde empresas muitas vezes esperam anos para terem aprovados investimentos, com prejuízos que podem refletir em pesquisas. O programa Destrava Brasil, da Agência, trabalha para vencer o problema com o uso de inteligência artificial para acelerar etapas processuais da Anvisa e da ANM.
“Não é para tirar o poder do agente, mas para apresentar a ele caminhos mais rápido”, concluiu Cappelli. “A gente está avançando, mas tem que avançar mais, ousar mais para que o Poder Público alcance as mudanças atuais do mundo”.
Grande match
O sucesso do Pix foi o assunto principal de Rodrigo Teixeira. “É uma inovação que atingiu toda a população brasileira. Hoje, as pessoas falam do Pix, um produto do Banco Central, entre amigos, em família”, disse o diretor do Banco Central. “Foi um grande acerto, um grande match de inovação do governo brasileiro”.
Teixeira fez citações também do Drex, o real digital, ainda em estudos e preparação, que trará mais segurança a transações como venda de automóveis, quando vendedor e comprador cumprem obrigações por etapas. Com o Drex, possíveis inseguranças entre as partes são eliminadas, uma vez que, por meio da moeda digital, o negócio só será concluído quando as duas partes cumprirem suas obrigações.
O painel foi encerrado com uma chamada de atenção de Rodrigo Saboya. “O Brasil é extremamente paradoxal”, afirmou, alertando para o baixo posicionamento do país no ranking global de inovação – 52ª posição, abaixo de países como Chile, Malásia e Indonésia – frente ao 14º lugar entre os maiores produtores de conhecimento do mundo. O cenário confirma, segundo Loyola um distanciamento da universidade e do setor produtivo que precisa ser superado.
O Festival Curicaca
A primeira edição do Festival Curicaca — batizado em homenagem à ave símbolo do Cerrado, conhecida por anunciar mudanças no tempo — nasce com um propósito claro: reposicionar o Distrito Federal como o epicentro da inovação industrial brasileira.
Inspirado no modelo descentralizado do evento norte-americano South by Southwest (SXSW), o festival levará conteúdos e experiências para diversos pontos da capital, promovendo uma verdadeira imersão na criatividade, tecnologia e cultura.
Com expectativa de reunir 100 mil pessoas ao longo de cinco dias, a programação inclui circuitos de startups, experiências sensoriais, gastronomia, games, exposições e shows.
A curadoria do Festival Curicaca está organizada em 10 trilhas de conhecimento, alinhadas às 6 missões da Nova Indústria Brasil (NIB). Na Arena BRB, os participantes encontrarão um ecossistema vibrante de palcos temáticos, com centenas de painéis e especialistas renomados. Cada palco foi cuidadosamente pensado para provocar reflexões estratégicas e atuais sobre os rumos do Brasil. São eles:
Palco NIB Petrobras: O palco principal do evento reunirá keynotes internacionais e debates sobre o futuro do Brasil. Entre os confirmados estão Mariano Gomide (VTEX) e Verena Paccola (Forbes Under 30). Os temas incluem a estratégia da Nova Indústria Brasil, descarbonização, robótica e o potencial brasileiro no cinema e no turismo global.
Palco Futuro (Sebrae): Dedicado a explorar o impacto da revolução tecnológica no trabalho e na sociedade, contará com nomes como Samuraí Brito (Itaú) e Maria Paula (atriz e mestra em saúde mental). Inteligência artificial, novos modelos de educação e bem-estar digital estarão em pauta.
Palco Indústria (BNDES): Voltado para tecnologia, capital e narrativas que moldam o futuro industrial, com Mariana Vasconcelos (Agrosmart), Camila Achutti (Mastertech), Daniel Balaban (ONU), Nina Santos (Políticas Digitais) e Billy Nascimento (Forebrain). Fundos de impacto, mobilidade, liderança digital e combate à desinformação serão debatidos.
Palco Inovação (Finep): Espaço para cases de empresas e startups que transformam pesquisa em impacto real. Entre os nomes confirmados estão Luana Raposo (Biotech) e Juliane Blainski (ManejeBem).
Palco Petrobras Cultural: Voltado à força da cultura brasileira, com shows, espetáculos e experiências que celebram a diversidade artística e a economia criativa.
Além dos palcos, a estrutura contará com experiências imersivas para toda família, como uma cidade futurística, experimentações científicas, feiras, desafios de inovação com startups e ativações do setor produtivo de todo o Brasil.
O Festival Curicaca tem o patrocínio cultural da Petrobras por meio da Lei Rouanet e do Ministério da Cultura, além de parceiros como BNDES, Embratur, Embrapii, ABIMDE, CNI, Senai, Sebrae, CNI, Finep, Huawei, Embrapa, Universidade Católica de Brasília, IFB, UNB, P&D Brasil, Ministério da Fazenda, MEC e MDIC.
SOBRE A ABDI
A ABDI é vinculada ao MDIC/Governo Federal e atua para fortalecer a indústria nacional, impulsionando a competitividade, inovação e sustentabilidade do setor produtivo.
SERVIÇO
Data: 7 a 11 de outubro de 2025
Local: Estádio Arena BRB e outros pontos de Brasília (DF).
Acesso imprensa: Portão A.
Informações: www.abdi.com.br/curicaca
Assessoria de imprensa: [email protected]
Credenciamento: https://forms.office.com/r/y9pevZvy9b
Ingressos gratuitos no app “Festival Curicaca” ou pelo site: www.abdi.com.br/curicaca
Fonte Oficial: https://www.abdi.com.br/papel-de-governos-no-fomento-a-inovacao-e-tema-de-debate-no-festival-curicaca/