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Ataque a aeroportos na Europa acende alerta para infraestrutura crítica no Brasil

O ataque cibernético que interrompeu operações em aeroportos da Europa em 20 de setembro provocou um alerta internacional sobre a fragilidade de infraestruturas críticas. O sequestro de sistemas de companhias aéreas, executado por meio de ransomware, gerou cancelamentos e deixou milhares de passageiros sem assistência. O caso reacendeu a preocupação com a segurança digital de setores estratégicos e levantou discussões sobre o nível de preparação do Brasil diante de ameaças semelhantes.

Dados de monitoramento da ZenoX, empresa de cibersegurança, indicam que 2025 tende a ser o ano com o maior número de ataques desse tipo já documentado. Até setembro, foram registradas 5.579 vítimas no mundo, número que supera qualquer marca anterior. Somente em fevereiro, foram contabilizados mais de mil ataques divulgados em trinta dias, configurando o pico histórico da série. Estimativas da Cybersecurity Ventures apontam que as perdas globais podem atingir US$ 276 bilhões anuais até 2031.

A análise da ZenoX mostra que o Brasil está entre os alvos prioritários. O relatório Cenário Global de Ameaças, produzido pelo FortiGuard Labs, revela que o país somou 314,8 bilhões de tentativas de invasão no primeiro semestre de 2025, o equivalente a 84% das ofensivas detectadas na América Latina e no Canadá. O volume coloca o país como um dos ambientes mais visados por grupos criminosos especializados em explorar vulnerabilidades digitais de organizações públicas e privadas.

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Aeroportos e cadeias de suprimento entram na mira dos criminosos

Para Ana Cerqueira, CRO da ZenoX, o caso europeu demonstra uma estratégia coordenada voltada a setores com alto impacto econômico e social. Segundo ela, a aviação é particularmente sensível porque não pode interromper operações sem gerar prejuízos imediatos e danos à segurança. “Esses ataques não se limitam à busca por resgates financeiros. Eles visam causar pressão sobre governos e empresas, explorando a dependência de sistemas críticos”, afirma.

A especialista explica que os invasores têm direcionado esforços para atingir toda a cadeia de suprimentos da aviação, não apenas companhias aéreas. Serviços de solo, logística, catering e desenvolvedores de software tornaram-se alvos recorrentes. Relatórios recentes da ZenoX mostram aumento na oferta de “acessos de administradores” em fóruns clandestinos, com valores que podem chegar a US$ 100 mil por credencial.

No Brasil, o avanço rápido da digitalização ampliou a superfície de exposição de empresas e órgãos públicos. Ao mesmo tempo, a maturidade em cibersegurança não acompanhou esse crescimento. “A expansão tecnológica foi acelerada, mas muitas organizações ainda tratam segurança como custo e não como requisito de continuidade”, avalia Cerqueira.

A executiva destaca que a defesa contra ransomware precisa ser preventiva, combinando tecnologia, processos e capacitação de pessoal. Ela recomenda medidas como monitoramento constante, simulações de incidentes e treinamento voltado a ataques de engenharia social. Essas ações são fundamentais para mitigar riscos associados ao uso de inteligência artificial e técnicas de deepfake, cada vez mais empregadas em campanhas de fraude e espionagem corporativa.

Segundo a ZenoX, o impacto dos ataques vai além das perdas financeiras diretas. Em setores como transportes, energia, saúde e finanças, uma interrupção de sistemas pode gerar consequências em cadeia, afetando milhões de pessoas e comprometendo serviços essenciais.

Especialistas defendem que a proteção de infraestruturas críticas precisa ser tratada como prioridade nacional. A integração entre governo, empresas e setor acadêmico é apontada como caminho para fortalecer a resiliência cibernética do país. O objetivo é reduzir a dependência de reações pontuais e construir políticas de segurança que antecipem ameaças em vez de apenas responder a elas.

O episódio nos aeroportos europeus reforça que o risco digital é cada vez mais global e que a interconexão entre sistemas amplia o potencial de propagação de falhas. Para o Brasil, o desafio é equilibrar inovação e proteção, garantindo que o avanço tecnológico venha acompanhado de estruturas capazes de sustentar a segurança das operações que sustentam a economia.


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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/ataque-aeroportos-europa-acende-alerta/

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