A Apple confirmou que removeu o ICEBlock, aplicativo de rastreamento de agentes de imigração dos EUA (ICE), além de outros apps semelhantes, da App Store. A decisão ocorreu após um pedido formal do governo do presidente Donald Trump, em um raro caso de remoção de aplicativos por solicitação do governo federal. As informações são da Reuters.
O ICEBlock permitia que usuários recebessem alertas sobre a presença de agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) em determinadas áreas. Segundo o Departamento de Justiça (DoJ), o app poderia aumentar riscos de agressões contra os agentes.
Já defensores de direitos civis afirmam que o aplicativo era uma ferramenta de proteção comunitária, em meio a operações agressivas de deportação e detenção de imigrantes em situação irregular.
“Com base em informações que recebemos das autoridades policiais sobre os riscos à segurança associados ao ICEBlock, nós o removemos, assim como outros apps semelhantes, da App Store”, declarou a Apple em comunicado enviado por e-mail.
Liberdade de expressão x segurança pública
Especialistas jurídicos ouvidos pela Reuters afirmam que a vigilância civil sobre agentes federais, incluindo o ICE, é em grande parte protegida pela Constituição norte-americana, desde que não haja tentativa de obstruir a aplicação da lei.
O criador do ICEBlock, Joshua Aaron, do Texas, disse à BBC estar “incrivelmente desapontado” com a decisão da Apple e defendeu que o aplicativo não colocava agentes em risco. O DoJ, por sua vez, estuda processá-lo.
Desde que Trump reassumiu a Casa Branca, o ICE intensificou operações em fábricas, armazéns e comunidades, com um orçamento adicional de US$ 75 bilhões até 2029. Além de imigrantes sem documentação, a agência também passou a deter residentes permanentes e detentores de visto ligados a protestos pró-Palestina, ampliando críticas sobre violações de direitos.
A procuradora-geral Pam Bondi, em entrevista à Fox Business, afirmou que o aplicativo “foi projetado para colocar agentes do ICE em risco apenas por cumprirem seu trabalho” e classificou a violência contra autoridades como “linha vermelha intolerável”.
Histórico de remoções pela Apple
De acordo com relatórios de transparência da própria Apple, em 2024 a empresa removeu 1.700 aplicativos por exigências governamentais. A maioria veio da China (1.300), seguida por Rússia (171) e Coreia do Sul (79). Até então, os EUA não figuravam nessa lista.
No total, mais de 82.500 apps foram excluídos da App Store no ano passado por diferentes motivos, incluindo fraude, violações de propriedade intelectual e problemas técnicos.
A decisão de atender ao pedido do governo Trump, portanto, marca uma mudança sensível na relação entre a Apple e as autoridades norte-americanas — e pode aumentar o escrutínio sobre o grau de cooperação entre Big Techs e o governo federal.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/apple-remove-aplicativo-imigrantes-trump/