O diretor do Instagram, Adam Mosseri, usou sua conta na plataforma nesta quarta-feira (10) para rebater um dos boatos mais antigos envolvendo a Meta: a ideia de que a empresa ativa secretamente os microfones dos celulares para ouvir conversas e direcionar anúncios. Segundo Mosseri, isso seria um “grave atentado à privacidade” e não há qualquer indício técnico de que ocorra. De acordo com o executivo, usuários perceberiam o consumo extra de bateria caso o microfone fosse acionado sem permissão.
A ironia é que a negativa acontece justamente quando a Meta confirma que passará a usar dados coletados nas interações dos usuários com seus produtos de inteligência artificial para alimentar sua máquina de publicidade. A mudança será oficializada com uma nova política de privacidade que entra em vigor em 16 de dezembro, válida em quase todos os mercados, com exceção da União Europeia, Reino Unido e Coreia do Sul, onde regras mais rígidas de proteção de dados impedem esse tipo de prática.
Como funciona a coleta de dados da Meta
A Meta já construiu seu modelo de negócios em torno de perfis detalhados de usuários, combinando informações demográficas e de navegação para oferecer anúncios altamente segmentados. Agora, vai acrescentar uma nova camada: as conversas com Meta AI, seus óculos inteligentes Ray-Ban Meta e outros recursos baseados em IA, como o feed de vídeos Vibes e o gerador de imagens Imagine.
Segundo a empresa, mais de um bilhão de pessoas interagem com Meta AI mensalmente, muitas vezes em conversas longas e pessoais. Se um usuário fala sobre trilhas ou acampamentos, por exemplo, pode começar a ver anúncios de equipamentos de aventura no Facebook e Instagram.
O porta-voz Emil Vazquez explicou ao TechCrunch que os dados vão muito além de textos digitados: incluem também gravações de voz, fotos e vídeos processados pela IA nos dispositivos da empresa. Não há opção de exclusão desse sistema, apenas a limitação de que as conversas influenciam os anúncios apenas se o usuário estiver logado na mesma conta em todos os produtos.
Privacidade sob pressão
A Meta afirma que dados sensíveis, como religião, orientação sexual, saúde, opiniões políticas, origem étnica ou sindicalização, não serão usados para anúncios. Mas críticos apontam que a mudança reforça a lógica de que produtos gratuitos das big techs vêm acompanhados de coleta intensiva de informações pessoais.
“Você não precisa que o microfone esteja ligado para oferecer anúncios certeiros”, disse Mosseri, explicando que a combinação de dados de anunciantes e comportamento de usuários já garante recomendações precisas. Ele ainda ressaltou que coincidências e fatores psicológicos muitas vezes reforçam a sensação de que o celular “escuta” os donos.
Monetização da IA
O movimento da Meta acontece em paralelo a iniciativas semelhantes no setor. O Google já anunciou planos para inserir anúncios em seu novo modo de busca com IA, enquanto a OpenAI apresentou nesta semana a possibilidade de compras dentro do ChatGPT.
A Meta, por sua vez, afirma que não pretende incluir anúncios diretamente em seus produtos de IA por enquanto, mas o próprio CEO Mark Zuckerberg já sugeriu que isso pode acontecer no futuro.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/meta-nao-espiona-microfone-conversas-ias-dados/