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Qualquer cidade pode criar uma comunidade vibrante, aponta Brad Feld

“Passei a acreditar que qualquer cidade no mundo, com 50 mil, 100 mil pessoas, pode ter uma comunidade de startups vibrante. Não é tudo que uma cidade precisa, mas é uma parte importante da engrenagem”.

Com esse recado de otimismo sobre a potência das pessoas para o futuro das cidades, Brad Feld, cofundador do Foundry Group, um dos fundos de capital de risco mais influentes dos Estados Unidos, abriu a Semana Caldeira hoje (29), que reúne 200 palestrantes e 250 horas de conteúdo até sexta-feira, em Porto Alegre.

Autor da aclamada série de livros Venture Deals e Startup Communities, orientações consideradas essenciais para empreendedores, investidores e gestores de ecossistemas de inovação, ele conversou com o diretor executivo do Instituto Caldeira, Pedro Valério, sobre os desafios da construção de ecossistemas e comunidades em tempos de instabilidade.

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Pedro Valério comenta que a obra de Brad é, basicamente, um playbook de como se constroem comunidades de startups vibrantes. “As lições de Brad Feld marcaram profundamente a construção do Instituto Caldeira. Seguimos à risca”, disse. “Quem sabe, em alguns anos, Porto Alegre será reconhecida como uma cidade vibrante, como uma cidade que, de alguma forma ou maneira, se reinventa conforme o tempo”, completou.

A “Tese de Boulder”, criada e popularizada por Feld no livro Startup Communities, envolve uma série de princípios considerados necessários para a criação e longevidade de um ecossistema empreendedor. Um deles é, justamente, que os empreendedores devem liderar a comunidade de startups, apoiados por governos, universidades e empresas. A força está nas pessoas.

Aliás, na sua conversa durante a Semana Caldeira, da qual participou remotamente, Feld disse que na sua tese, formulada por volta de 2010, ele cometeu um erro. “Não foi um erro profundo, foi até divertido, porque acabou gerando muitas conversas. Eu dizia que líderes precisam ser empreendedores, e isso está correto, mas havia uma nuance que estava faltando: todos os outros são alimentadores”, contou.

A ideia entre líderes e alimentadores não era de que uns são melhores que os outros. Não era uma relação hierárquica, de cima para baixo. Na segunda edição do livro, lançada em 2020, ele chamou essas pessoas de “instigadores” (instigators), que desempenham papéis críticos em muitas comunidades.

“Criei uma nova categoria e disse: existem dois tipos de líderes na comunidade de startups, os empreendedores e os instigadores. Instigadores são pessoas que trabalham em organizações alimentadoras, que têm diversos objetivos, mas que, em seu papel, ajudam a sustentar a comunidade empreendedora”, analisou.

Outro fator fundamental é o comprometimento e a perseverança, já que comunidades de startups não surgem de uma hora para outra. A construção disciplinada e inclusiva é parte essencial do processo que envolve, por exemplo, a cultura da experimentação.

Eu fiz muitas coisas que não deram certo. Temos que acreditar que falhar faz parte do processo. Uma startup nada mais é do que uma série de experimentos e hipóteses. E experimentos falham. E você aprende com seus erros, até que, eventualmente, um experimento funcione. Essa é a essência de uma startup”, disse aos presentes.

O cofundador do Foundry Group também destacou a necessidade da visão de longo prazo, sempre olhando 20 anos à frente a partir do presente. “Se vocês estão nessa jornada há seis anos, não significa que restam apenas 14 anos de um ciclo de 20. Significa que vocês estão seis anos dentro de um ciclo de 26 anos. Sempre se olha para um horizonte de pelo menos 20 anos”, disse aos empreendedores.

A Tese de Boulder

A “Tese de Boulder”, criada e popularizada por Brad Feld no livro Startup Communities, envolve uma experiência pessoal. Ele se mudou para a cidade de Boulder, no Colorado, há 30 anos, vindo de Boston. É uma cidade de cerca de 100 mil habitantes.

“Fomos para Boulder não porque já tínhamos uma comunidade, conexões ou rede lá, mas porque queríamos construir nossa vida lá. E parte do que fizemos ao chegar foi começar a conhecer pessoas”, conta.

Ele relembra que naquela época, já havia startups sendo criadas, especialmente na indústria de alimentos naturais, que praticamente nasceu em Boulder. “Artigos e debates sobre cidades inovadoras destacavam sempre o Vale do Silício, Nova York e Boston. E aí comecei a refletir: será que apenas esses grandes polos poderiam ser centros de inovação? Minha conclusão foi que não”, aponta.

Essa foi a origem da tese de que o empreendedorismo poderia ser um catalisador de saúde, crescimento e vitalidade urbana. “Hoje, olhando em retrospecto, posso dizer que a ideia se provou correta.

O empreendedorismo foi democratizado. O conceito de comunidade de startups é hoje realidade em cidades de todo o mundo. E, embora não seja o único elemento para o desenvolvimento de uma cidade, certamente é um motor poderoso de vitalidade e prosperidade”, destacou.

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/colunas/mercado-digital/2025/09/1220031-qualquer-cidade-pode-criar-uma-comunidade-vibrante-aponta-brad-feld.html

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