O encontro vai abordar, principalmente, o papel das empresas quanto às medidas que o Brasil deve costurar nos acordos que serão postos à mesa na COP30 (Crédito: FecomercioSP)
Quais serão os grandes temas dos debates entre os países presentes na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém, no Pará?
Para discuti-los, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) convidou nomes do Poder Público, da sociedade civil organizada e do empresariado para um evento que acontecerá no dia 3 de outubro (sexta-feira), às 14h30, na sede da Entidade, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Dentre as presenças do evento, destacam-se a de Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente (2010–2016), e Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.
Jornalistas interessados em cobrir o evento devem fazer credenciamento [mais informações abaixo].
O encontro vai abordar, principalmente, o papel das empresas quanto às medidas que o Brasil deve costurar nos acordos que serão postos à mesa na conferência, a partir do dia 10 de novembro.
A COP30, vale dizer, reunirá os chefes de Estado de países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano, na capital do Pará.
A reunião — que acontece todos os anos em alguma cidade do mundo — será especialmente relevante em 2025, porque marcará os dez anos do Acordo de Paris, assinado na COP21, na capital francesa, estipulando a definição de metas por parte das nações participantes para restringir o aquecimento até 2 ºC (idealmente 1,5 ºC), que já vem acontecendo desde então. A cada cinco anos, os países devem atualizar essas metas.
Na véspera da COP29, em Baku, no Azerbaijão, no ano passado, o Brasil, por exemplo, reajustou a meta de redução total de Gases de Efeito Estuda (GEE) para uma banda entre 59% e 67% até 2035. O plano anterior era cortar 53% das emissões até 2030.
“O mundo também deposita confiança de que essa conferência mude o patamar dos compromissos ambientais que foram estabelecidos no Acordo de Paris, em 2015”, observa o físico José Goldemberg, que preside o Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP e anfitrião do encontro
PAPEL ATIVO DAS EMPRESAS
Se há um primeiro consenso sobre a COP30 é de que, ao contrário das últimas conferências, esta terá um protagonismo maior da iniciativa privada, que passou a apresentar soluções paralelas para o dilema climático.
“No Brasil, uma providência importante é regulamentar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), também chamado de mercado de carbono. Já há muitos negócios entrando de forma voluntária nesse sistema e, em breve, teremos um escopo abrangente de trocas desse tipo de ativo”, diz Goldemberg.
Em maio, uma pesquisa da FecomercioSP com empresas de todos os portes de São Paulo mostrou que a maioria delas (55%) acredita que a conferência terá efeitos positivos sobre os próprios negócios. Por outro lado, 58% delas ainda não têm qualquer tipo de política ambiental em prática, como destinar materiais ao circuito de reciclagem ou participar de sistemas de economia circular.
E dentre as ações para reduzir emissões de GEE do universo de 24% das empresas que contam com alguma em curso, a maioria é de estrutura simples, como destinar resíduos orgânicos para compostagem (69% dos que dizem ter medidas citam essa prática) ou abastecer a frota com combustíveis renováveis, como etanol (80%). Assim, a COP30 aparece como horizonte de mudança para a iniciativa privada.
“A percepção do empresariado sobre o evento é bastante relevante no contexto no qual ainda encontra dificuldades para adotar medidas mais robustas de redução de GEE”, nota Goldemberg. “Significa, sobretudo, que os negócios — principalmente os grandes emissores — esperam por caminhos mais claros sobre o que fazer após o evento em Belém”, completa.
AGENDA VERDE
Ainda de acordo com Goldemberg, a edição do Encontros COP30 será mais uma oportunidade para debater os termos da Agenda Verde da FecomercioSP. Lançada em abril deste ano, o documento traduz ideias em práticas efetivas que as empresas de todos os portes e setores podem adotar para alinhar produtividade com qualidade ambiental.
Organizada em seis eixos basais — economia circular, uso eficiente de recursos hídricos e energéticos, combate à poluição, implementação do mercado de carbono, transição energética e fim do desmatamento ilegal —, a Agenda apresenta 12 objetivos para que o Brasil avance no cumprimento de suas metas climáticas.
Destacam-se os estímulos à logística reversa, à geração voluntária de créditos de carbono, à eficiência energética, ao uso de fontes renováveis e à defesa de descontos no IPTU para incentivar ações de descarbonização e adaptação climática, tornando as cidades mais verdes e resilientes.
Embora os setores de Comércio e Serviços sejam um dos menores emissores de GEE, têm papel estratégico na educação do consumidor e na disseminação de boas práticas ambientais.
“É por isso que a Agenda Verde enfatiza o engajamento com a sociedade, a escuta ativa e a cooperação entre setor produtivo, Poder Público e cidadãos”, ressalta o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP. “Então, mais do que iniciativa institucional, trata-se de um chamado à ação”, finaliza.
SERVIÇO
Encontros COP30 | Clima, Impacto & Mercado: os Desafios da Mitigação e da Adaptação
Quando: 3 de outubro (sexta-feira), às 14h30
Onde: FecomercioSP — Avenida Rebouças, 3377, Pinheiros — São Paulo/SP
Como participar: jornalistas precisam se inscrever enviando nome, cargo e telefone para este e-mail.
PROGRAMAÇÃO
ABERTURA | 14h30–14h40
José Goldemberg
Presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP
PAINEL 1: Expectativas para a COP30 | 14h40–15h
Mediação: Camila Silveira
Izabella Teixeira
Ex-ministra do Meio Ambiente (2010–2016) e membro do Pacto Global da ONU
PAINEL 2: Estratégias nacionais de adaptação e mitigação | 15h–15h40
Mediação: Camila Silveira
Suely Araújo
Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima
PAINEL 3: Casos de descarbonização das empresas | 15h40–16h10
Andressa do Espírito Santo Borba
Diretora de Impacto Positivo e Comunicação Corporativa da Leroy Merlin