Segundo a consultoria KPMG, o mercado de Venture Capital no Brasil movimentou R$ 3,08 bilhões (US$ 562 milhões) no 1º trimestre de 2025, uma alta de 21% em relação ao trimestre anterior. Com a recuperação, muitos fundadores podem sentir que este é o momento certo para captar. Mas, como alerta Beatriz Papoti Alves, Venture Analyst da Plug and Play Brazil, não basta ter uma boa ideia.
“Há uma série de critérios gerais e específicos que cada fundo avalia em uma startup. A solução apresentada precisa ser boa, é claro, mas também há muita importância na equipe por trás, na execução e nos possíveis riscos”, afirma.
Inovação, tração e mercado
Para os fundos, inovação e disrupção são fatores decisivos, mas precisam ser avaliados junto ao cenário competitivo e à tração da empresa. “Tração não diz respeito apenas à receita, ainda que isso seja relevante. Também é preciso entender o fit da startup com as corporações do mercado”, explica Beatriz.
A Plug and Play, por exemplo, realiza o trabalho de conexão e análise dos interesses de corporações parceiras com diferentes startups. Quando as startups estão em estágios iniciais e mesmo quando ainda não possuem receita, essa análise é inteiramente qualitativa, com maior atenção às propostas e capacidade de execução.
Equipe e fundadores
O time fundador é visto como peça-chave. “A equipe é um dos fatores mais decisivos em qualquer situação, especialmente nas primeiras fases. A gente vê se há alinhamento entre os profissionais e entre os fundadores, e como suas qualidades se complementam”, diz Beatriz.
O histórico dos empreendedores também conta: experiência de mercado, vendas anteriores de startups e marcos relevantes. A falta de sintonia entre os sócios pode ser um risco.
“Já vi casos em que a visão de crescimento era muito diferente, com um fundador mais pé no chão e outro mais sonhador. Se não encontram um ponto em comum, fica difícil entender as expectativas e o potencial real da startup”, exemplifica.
A tese do fundo de Venture Capital também importa
Outro ponto crítico é a tese de investimento. Cada fundo tem critérios próprios — como setor, estágio, geografia ou tecnologia.
“Muitas vezes, o problema não é a startup, é que ela não está falando com o fundo certo. A solução apresentada pode ser perfeita para outra tese”, observa a analista.
Métricas essenciais
Embora variem conforme o setor, algumas métricas são referência em qualquer análise. Entre elas, MRR (Monthly Recurring Revenue), CAC (Custo de Aquisição de Cliente), LTV (Lifetime Value) e burn rate.
“Startups em estágios iniciais podem não ter grandes resultados, mas para negócios mais avançados esses números têm peso maior”, aponta Beatriz.
Principais riscos para os fundos são decisivos
Fundos também avaliam riscos internos, operacionais, jurídicos e éticos. Questões regulatórias sem solução ou modelos de negócio pouco claros podem inviabilizar rodadas.
“É essencial que a startup ‘arrume a casa’ antes de se conectar a um investidor em potencial”, reforça.
O pitch certo é aliado de startups
Na hora da reunião, a clareza faz diferença. O pitch deve ser objetivo, mostrar o valor entregue, o diferencial frente aos concorrentes e os dados sobre o mercado.
“Muita gente erra por não ir direto ao ponto. Primeiro se vende a visão geral, depois se entra nos detalhes”, orienta Beatriz.
No fim, a equação é simples: “O que os fundos procuram mesmo é consistência. Uma boa ideia, bem executada por um time forte, e com capacidade de crescer e gerar valor é o resumo de tudo. A conexão com a tese certa e uma comunicação objetiva fazem toda a diferença na jornada de captação”, conclui.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/venture-capital-o-que-fundos-buscam-em-startups/