*Por Alessio Alionço
A Inteligência Artificial deixou de ser tendência: ela já molda a forma como as empresas operam, tomam decisões e geram valor. A questão estratégica para líderes e executivos não é mais se devem investir em IA, mas porque ainda não começaram.
Esperar para agir não é prudência — é um risco. Empresas que optam por aguardar estão acumulando um atraso competitivo difícil de reverter. Neste artigo, entenda por que a inércia tecnológica cobra um preço silencioso e como dar os primeiros passos para transformar sua organização com IA.
O custo oculto de não agir agora
Enquanto alguns negócios ainda discutem “quando” adotar a Inteligência Artificial, seus concorrentes estão avançando. Segundo dados da McKinsey, 78% das empresas já utilizam IA em pelo menos uma área do negócio, esse número era de 55% em anos anteriores. No Brasil, as empresas avançam no treinamento e letramento em IA de seus funcionários, com 47% indicando conhecer e saber utilizar diferentes ferramentas, de acordo com levantamento da KPMG. Isso coloca o país à frente de potências como Alemanha (20%), Japão (21%), França (24%) e Reino Unido (27%).
Logo, ter uma postura de “esperar para ver” cria quatro principais problemas que podem dar prejuízo a longo prazo:
- Lacuna de conhecimento e experiência
Empresas concorrentes estão educando suas lideranças e colaboradores, treinando modelos de IA e integrando soluções aos processos. Esse aprendizado prático se torna cada vez mais difícil de recuperar. - Déficits operacionais acumulados
Cada dia operando sem processos otimizados por IA é um dia de custos desnecessários e ineficiências internas. No médio prazo, isso compromete resultados. - Perda de talentos estratégicos
A verdade é simples: a IA empolga. As melhores mentes técnicas e estratégicas querem trabalhar com essa tecnologia. Empresas que demoram a adotar IA acabam sendo menos atrativas para os talentos de ponta do mercado. - Atraso em inovação contínua
A IA não é um projeto isolado, mas uma jornada. Quem começa mais cedo, evolui mais rápido.
Siga o ruído: por onde começar a investir em IA
Frente a esse cenário, não basta adotar IA apenas por “moda”. Investimentos precisam ser estratégicos. A recomendação prática é: comece onde o ruído operacional é maior.
Pense nos processos que mais atrapalham o dia a dia da sua organização. Os que geram filas intermináveis e atrasam as equipes. Aqueles onde análises manuais são demoradas, complicadas e sujeitas a erros. Busque tarefas caracterizadas por repetições, alto volume e passagens de responsabilidade entre áreas. Setores como RH, financeiro e atendimento ao cliente costumam ser terreno fértil.
Depois, use a IA para estabelecer processos com regras claras e resultados definidos, como processamento de documentos, aprovações internas, análises de risco ou detecção de padrões. Foque em áreas onde a visibilidade em tempo real faria diferença, como dashboards de performance, alertas operacionais e previsões de demanda.
Alguns exemplos práticos: na Pipefy, mapeamos exemplos de empresas do setor financeiro que já observam ganhos de eficiência ao adotar um único agente de IA para realizar a leitura automatizada de notas fiscais e reduzir para três dias um processo que antes demorava 20 dias. Esse tipo de ganho operacional tende a se multiplicar conforme a IA é aplicada de forma consistente.
Como sair da inércia em três passos
- Eduque a liderança
Garanta que diretores e gerentes entendam o que é IA e seu impacto real no negócio. Promova workshops internos, convide especialistas e desmistifique a tecnologia. - Crie um comitê estratégico de IA
Forme uma equipe multidisciplinar com autonomia para mapear oportunidades, testar soluções e compartilhar aprendizados. - Lance um projeto-piloto
Escolha um processo crítico, defina métricas de sucesso e teste. Aprenda rápido e escale as ações bem-sucedidas.
Não precisa ser perfeito, mas precisa começar
Se tudo isso está fazendo você sentir que perdeu o bonde da IA, respire fundo: ainda dá tempo de começar. A transformação não precisa ser perfeita desde o início, mas é importante dar o primeiro passo com clareza estratégica e foco operacional.
Como vimos, ao investir em IA de forma intencional e alinhada às prioridades do negócio, sua empresa poderá ganhar eficiência operacional, reduzir custos, aumentar a capacidade de inovação, atrair e reter talentos estratégicos, além de fortalecer a competitividade.
Adiar essa decisão, por outro lado, terá um custo crescente. A pergunta que fica para os líderes e gestores é: quantos dias a mais sua empresa pode se dar ao luxo de esperar?
*Alessio Alionço é fundador e CEO da Pipefy, plataforma brasileira de IA e gerenciamento de processos com atuação global.
Aproveite e junte-se ao nosso canal no WhatsApp para receber conteúdos exclusivos em primeira mão. Clique aqui para participar. Startupi | Jornalismo para quem lidera inovação!
Fonte Oficial: https://startupi.com.br/adiar-investimentos-inteligencia-artificial/