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Aldeias Infantis SOS acompanha famílias no Sarandi e amplia apoio após a enchente

Seis meses após a enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul, famílias ainda enfrentam consequências que vão muito além da perda de móveis ou da moradia. Em comunidades como Asa Branca e Fazendinha, na zona norte de Porto Alegre, a reconstrução passa também pela saúde mental, pela retomada dos vínculos e pela rotina dos filhos. É nesse cenário que atua a Aldeias Infantis SOS, organização internacional presente em mais de 130 países com projetos voltados à proteção e ao fortalecimento familiar.

No bairro Sarandi, mais de 240 famílias recebem acompanhamento por meio de um projeto humanitário iniciado logo após a enchente, com atividades que incluem oficinas, rodas de conversa e a criação dos chamados Espaços Amigáveis — ambientes seguros e acolhedores voltados ao contraturno de crianças e adolescentes. A proposta é oferecer um lugar de cuidado e escuta para os pequenos, enquanto seus responsáveis buscam emprego, enfrentam filas por benefícios sociais ou lidam com as burocracias da reconstrução.

“Esse projeto nasce de uma emergência, mas com um olhar para o médio prazo. Sabemos que, depois do momento das doações, muita gente volta para casa e quem perdeu tudo fica ali, invisível. Nossa atuação é para essas famílias que ficaram, tentando se reerguer”, explica Enéas Palmeira, gestor da Aldeias Infantis SOS no Rio Grande do Sul.

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A organização, presente no Brasil desde 1967, havia recém-concluído um ciclo de acolhimento de migrantes venezuelanos no estado quando as chuvas de 2024 atingiram comunidades inteiras. Em resposta, lançou três frentes emergenciais com apoio de parceiros como Acnur, Habitat Brasil e Defensoria Pública. No total, mais de 18 mil pessoas foram beneficiadas diretamente.

Entre as ações realizadas, destaca-se a entrega de cartões de construção para 150 famílias adquirirem material em lojas conveniadas — um recurso que, segundo Enéas, injetou cerca de R$ 500 mil na economia local e permitiu reformas e ampliações em moradias danificadas.

Outro diferencial do projeto está no modelo de acolhimento familiar. Em vez de separar núcleos — como ocorre em abrigos convencionais —, a Aldeias mantém pais e filhos juntos, com foco na recomposição emocional e na convivência. A casa no Sarandi pode acolher até 20 pessoas, número que deve ser ampliado para 30 nos próximos meses. A triagem é feita em parceria com a prefeitura, com base em dados da assistência social, saúde e Defesa Civil.

“Nossa proposta é reforçar o que une essas famílias, não apenas oferecer um teto. Isso vale tanto para o acolhimento institucional quanto para os Espaços Amigáveis. A gente está lidando com pessoas, com histórias interrompidas, não só com números de atendimento”, completa Enéas.

Além dos atendimentos regulares, a Aldeias articula parcerias com organizações como a Defensoria Pública — responsável por mutirões de regularização de documentos e matrículas escolares — e com a Habitat Brasil, que executa reparos estruturais nas casas afetadas, priorizando a contratação de mão de obra da própria comunidade.

A organização também firmou uma parceria com o Grupo Hospitalar Conceição para promover ações de saúde e cuidado voltadas às famílias atingidas, com enfoque em saúde mental, triagens e encaminhamentos. E para quem quiser contribuir com os projetos, é possível tornar-se um padrinho SOS e apoiar diretamente o trabalho da instituição com doações mensais, via site oficial.

O projeto humanitário tem previsão de encerramento em setembro de 2025, mas a equipe já busca formas de prolongar o atendimento às famílias que ainda não conseguiram se reestruturar. Mesmo após o fim do ciclo formal, a intenção é manter o vínculo por meio de projetos permanentes já firmados com o poder público.

“Nossa presença aqui não termina quando acaba o contrato. Enquanto houver gente tentando reconstruir a vida, vamos seguir encontrando formas de apoiar”, resume Enéas.

O Espaço Amigável, na comunidade da Fazendinha, é um ambiente preparado para acolher crianças no contraturno revela não só uma resposta à rotina dos adultos, mas também um espaço de escuta, afeto e expressão para os pequenos. As educadoras mantêm um olhar atento às necessidades de cada criança e fixam nas paredes as regras de convivência — entre elas, uma em destaque: “ser feliz”.

Ali, as crianças desenvolvem atividades lúdicas como pintura, sessões de cinema e momentos de brincadeiras ao ar livre. Os preferidos do dia, segundo os pequenos, são: estudar matemática, pintar, descansar, comer e jogar futebol. Vanderleia Damião, moradora da comunidade e mãe solo de três filhos, conta que ter um espaço assim perto de casa é um alívio. “Meus filhos amam participar de todas as atividades”, afirma.

Em um território onde faltam direitos básicos como infraestrutura urbana, moradia adequada e segurança, o Espaço Amigável, por mais simples que pareça, torna-se um diferencial fundamental na vida de quem luta todos os dias para reconstruir o lar — e o futuro.

 

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2025/08/1211878-aldeias-infantis-sos-acompanha-familias-no-sarandi-e-amplia-apoio-apos-a-enchente.html

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