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A ilusão da verdade

Uma década convivendo com grandes palestrantes me trouxe uma conclusão incômoda: líderes estão viciados na própria perspectiva, e isso está limitando sua capacidade de liderar.

Não estou falando da verdade absoluta, mas daquela que cada uma carrega como um manual de sobrevivência. Quando um palestrante sobe ao palco, ele não entrega apenas conteúdo, ele oferece uma lente completamente diferente da sua. E aqui está o problema: a maioria dos líderes prefere o conforto das próprias certezas.

Cada palestra me força a questionar convicções, repensar posturas e, talvez o mais desconfortável, admitir que meu campo de visão é limitado. O palco virou meu laboratório de liderança e me ensinou mais sobre comportamento humano do que muitos MBAs caros por aí. A percepção de que todo ponto de vista é a vista de um ponto foi uma virada de chave.

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Transformou completamente como lidero. Hoje, antes de decidir, escuto. Antes de rotular, contextualizo. Antes de agir, questiono se estou vendo o quadro completo. Liderança efetiva não é sobre ter sempre a resposta, é sobre fazer as perguntas certas.

Observando líderes de impacto no palco, descobri que todos são visionários e provocadores. Mas o que realmente os diferencia? A capacidade de transformar abstrações em ação com uma velocidade que deixa a concorrência tonta. Não adianta ficar preso num ciclo interminável de “vamos estudar a viabilidade” enquanto as oportunidades evaporam.

E aqui chegamos ao paradoxo mais fascinante: os palestrantes mais inspiradores que conheço não são os mais técnicos ou performáticos. São os mais humanos. Compartilham fracassos, medos, dilemas, e isso cria uma conexão que nenhuma técnica de oratória consegue produzir.

No mundo corporativo, vulnerabilidade é poder estratégico. Ela não fragiliza o líder – ela humaniza. E líderes humanos criam culturas mais saudáveis, mais seguras e, no fim das contas, mais produtivas. Enquanto você se esconde atrás das máscaras profissionais, está perdendo a chance de construir algo realmente transformador.

Essas não são verdades minhas, afinal, a verdade nunca é completamente sua. São aprendizados emprestados de quem teve coragem de subir num palco e compartilhar não apenas ideias, mas cicatrizes e propósitos. A questão que fica é: você tem coragem de questionar suas próprias certezas?

Fonte Oficial: https://www.jornaldocomercio.com/cadernos/empresas-e-negocios/2025/08/1215059-a-ilusao-da-verdade.html

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