De acordo com o Boletim Mulheres no Mercado de Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mulheres ocupam mais de 45% dos postos de trabalho com dos vínculos formais. E o varejo é responsável por empegar mais de 10,5 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE). O varejo é, sem nenhuma dúvida, um enorme motor econômico da sociedade e pode ser o segmento com grande potencial para ascensão feminina a cargos de liderança.
A boa notícia é que nos cargos gerenciais no varejo, cerca de 35% são ocupados por mulheres, segundo o LinkedIn, indica uma pesquisa que faz referência ao ano de 2022. Ou seja, entendo que há sinais promissores de que o setor pode se transformar em um ambiente mais engajado, retentor de talentos e com maior equidade – especialmente num momento em que o varejo enfrenta dificuldades para atrair profissionais.
Mas a discussão não pode se limitar às bases corporativas. Ela precisa ser ampliada para toda a sociedade. Muitas mulheres não se candidatam a cargos gerenciais – o primeiro degrau para a liderança – em nome da manutenção da família. E explico: quando um homem recebe uma promoção que exige mudança de estado, geralmente a mulher acompanha com os filhos. Mas quando é o contrário? Mesmo que ela ganhe mais, surgem discussões e muitas preferem nem concorrer à vaga, com receio de que o casamento acabe.
Não é regra, mas o comportamento tradicional ainda persiste. No imaginário coletivo, o “provedor” da casa continua sendo associado ao masculino. No entanto, os tempos já mudaram — e o varejo precisa acompanhar essa mudança.
Segundo pesquisa do Instituto Mulheres do Varejo:
- 70% das mulheres acreditam que têm mais dificuldade para se recolocar no mercado após a maternidade, e 65% dos homens entrevistados concordam com essa percepção.
- 64% das mulheres afirmam que, para alcançar os cargos mais altos, precisam desenvolver um estilo de liderança mais masculino, o que pode gerar desgaste emocional e perda de autenticidade.
Portanto, o varejo não apenas pode ser o setor com mais chance de ascensão feminina – ele deve ser. Os indicadores na base são promissores. Cabe às empresas intensificarem essa vantagem competitiva, adotando práticas inclusivas que transformem potencial em realidade. A equidade de gênero, além de ser uma questão de justiça social, é também uma estratégia inteligente de negócios.
MERCADO
A realidade do mercado no geral, no entanto, não é muito animadora. É um retrato, pode-se dizer, de uma cultura ainda longe de priorizar prestigiar mulheres em postos de alta liderança. Digo isso porque quando analisamos os dados sobre cargos de liderança, esse número é bem pequeno. Apenas 5% das posições de CEO em empresas brasileiras são ocupadas por mulheres, segundo estudo conduzido pela Vila Nova Partners, divulgado no ano passado.
SANDRA TAKATA
Jornalista, presidente do Instituto Mulheres do Varejo, LinkedIn Top Voice, palestrante, coordenadora e coautora do livro Mulheres do Varejo – Mulheres que Constroem a História do Varejo no Brasil.
Fonte Oficial: https://agenciadcnews.com.br/artigo-por-sandra-takata-varejo-poderia-ser-setor-com-grandes-chances-para-ascensao-feminina/