Aos 25 anos, Daniele de Mari conduz a Neurogram, empresa especializada na organização e análise de dados neurológicos. Criada em 2021, durante seu período de graduação em Neurociência no Georgia Institute of Technology, a startup acaba de receber um novo aporte de US$ 3 milhões (cerca de R$ 16 milhões) em rodada liderada pela Headline, fundo representado por Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé. A soma eleva o montante captado pela companhia para aproximadamente R$ 23 milhões, incluindo recursos anteriores obtidos nos Estados Unidos.
O capital inicial de US$ 1,4 milhão (R$ 7,5 milhões), arrecadado em 2022, foi destinado ao desenvolvimento do produto. Já a rodada recente, classificada como seed, será usada para ampliar a operação. Segundo a fundadora, o plano é escalar a plataforma e aumentar a base de usuários.
No primeiro trimestre de 2025, a Neurogram processou mais de 10 mil eletroencefalogramas e pretende alcançar 100 mil até dezembro. Entre os clientes, figuram o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e a Clínica Sinapse, no Rio de Janeiro, além de mais de 60 instituições em lista de espera.
Origem da ideia
O ponto de partida do negócio ocorreu em 2020, quando De Mari voltou ao Brasil devido à pandemia. Durante um estágio informal em neurofisiologia, teve contato direto com exames de EEG e percebeu falhas estruturais no armazenamento e compartilhamento das informações. A observação de uma crise epiléptica registrada em tempo real levou à reflexão sobre a ausência de soluções tecnológicas mais integradas.
A constatação foi de que cada exame necessitava de até sete softwares diferentes para ser analisado, muitos deles sem conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A proposta da startup consistiu em consolidar sistemas em uma única plataforma, facilitando a visualização e o processamento.
Pouco tempo depois, Daniele conheceu o médico neurologista Heitor Ettori, formado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele buscava novas iniciativas após experiências em clínicas próprias e identificou na Neurogram uma oportunidade de estruturar um projeto com foco em eficiência. Ettori ingressou como sócio e investidor-anjo, fortalecendo a governança.
A empresa adota mecanismos de consentimento triplo e anonimização para adequação às normas de proteção de dados. O processo exige autorização do paciente, da clínica e também para o uso em treinamentos de inteligência artificial. Em caso de solicitação de exclusão, a remoção é definitiva.
A trajetória inicial da fundadora enfrentou resistência de investidores. De Mari relata que ouviu de representantes de fundos de tecnologia que seu perfil não se encaixava no padrão esperado para liderar uma companhia de base científica. Dados da Pitchbook indicam que, em 2020, negócios comandados por mulheres captaram apenas 0,04% do capital investido no Brasil.
Apesar das dificuldades, a Neurogram conseguiu consolidar parcerias relevantes e planeja ampliar a presença no mercado brasileiro antes de avançar em novas geografias. A meta é expandir a infraestrutura para atender hospitais, clínicas e centros de pesquisa com soluções que reduzam gargalos na rotina médica.
Ciência como pilar
Os fundadores afirmam que o propósito vai além da busca por crescimento financeiro. Ettori defende que a atuação no setor de saúde precisa ser sustentada por critérios científicos e diálogo constante com a comunidade médica. Já Daniele afirma que a motivação pessoal se mantém mesmo diante de desafios operacionais ou financeiros, destacando a satisfação em desenvolver soluções digitais aplicadas à área.
A expectativa para os próximos meses é consolidar a tecnologia no Brasil, ampliar a base de clientes e preparar o terreno para novas rodadas de investimento. A Neurogram aposta que a integração de dados neurológicos pode gerar avanços na eficiência do diagnóstico e abrir espaço para aplicações futuras em inteligência artificial.
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Fonte Oficial: https://startupi.com.br/startup-neurogram-levanta-r-23-mi/