Apesar da crescente popularização do venture capital, o acesso direto às startups mais promissoras segue restrito a fundos e grandes investidores.
O mercado global de venture capital movimentou mais de US$ 350 bilhões em 2024, segundo dados da Crunchbase, com aportes concentrados em startups de tecnologia e IA. No Brasil, o número de empresas investidas por fundos caiu nos últimos dois anos, mas o volume médio de capital por rodada aumentou, um indicativo claro de concentração. Ainda assim, investidores de varejo seguem à margem desse universo. A regulação e os altos valores mínimos de entrada fazem com que as oportunidades mais promissoras continuem restritas a fundos de investimento ou a empreendedores bem conectados.
Ao mesmo tempo, cresce o interesse de profissionais de tech, executivos e HNWIs por acesso direto a startups específicas. Para Hugo Pereira, cofundador da Hill.com – fintech americana que estrutura SPVs para democratizar investimentos pré-IPO – o bloqueio é estrutural: ‘Os cap tables são dominados por fundos de investimento e founders. Um mercado bilionário fechado para investidores qualificados.’
A crítica de Hugo parte de sua vivência no mercado de M&A e ECM, onde observou repetidamente os mesmos padrões, sócios de grandes fundos, empresas familiares e holdings dominando o capital das startups de alto crescimento. A única forma do investidor comum participar disso, segundo ele, “é criando uma empresa ou sendo um cotista num fundo que investe em outros 20 ativos que ele não tem interesse”.
Nos Estados Unidos, a realidade é outra. Hugo explica o modelo dos SPVs (Special Purpose Vehicles), estruturas legais criadas para reunir investidores “accredited”, aqueles com renda anual superior a US$ 200 mil ou patrimônio líquido acima de US$ 1 milhão, interessados em investir diretamente em empresas como SpaceX, Stripe ou Anthropic. “O SPV detém as ações da startup, e os investidores compram cotas do SPV. Isso permite investir com tickets menores, sem depender de fundos tradicionais”, afirma.
Esse modelo tem atraído não apenas investidores qualificados, mas também profissionais de tecnologia com equity em startups e family offices que não acessam os fundos de VC mais seletivos. O potencial de retorno compensa a menor liquidez, “A lógica é parecida com o mercado de ações, mas com um holding period maior, de 2 a 5 anos. O upside pode ser de 10x a 100x, enquanto o mercado público entrega 7% a 10% ao ano”, explica.
Plataformas como Hiive, Forge Global e EquityZen já oferecem esse tipo de acesso, mas ainda funcionam via brokers, com pouca automatização. “Não existe hoje um mercado automatizado tipo ‘Nasdaq para empresas privadas’. Mas exemplos como SpaceX, Canva e Databricks mostram que existe demanda, e há espaço para muito mais.” Finaliza Hugo.
Fonte Oficial: https://www.contabeis.com.br/artigos/72297/venture-capital-investimentos-em-startups-seguem-restritos-a-fundos-e-grandes-investidores/